Composição química da erva-mate, sistema de produção Erva20 e os desafios da pesquisa encerram Seminário Erva-mate XXI
Composição química da erva-mate, sistema de produção Erva20 e os desafios da pesquisa encerram Seminário Erva-mate XXI
O último dia do Seminário Erva-mate XXI começou com a discussão sobre a composição química da erva-mate e seus efeitos sobre a saúde humana, com Nelson Bracesco, da Udelar (Uruguai). O Uruguai tem um grupo interdisciplinar de estudos com erva-mate e saúde, que promove o estudo e a sensibilização sobre o tema. Bracesco salientou a necessidade de mais pesquisas a respeito do efeito da erva-mate no organismo e para também desmistificar mitos, mostrando ao consumidor que a erva-mate é um produto saudável. "A erva-mate tem mais polifenóis totais que o vinho", exemplificou, "e existem trabalhos que mostram os benefícios do mate na redução de processos inflamatórios e também de colesterol". "Estudos vão comprovar futuramente que a erva-mate tem propriedades antimutagênicas, em especial no combate ao câncer", assegurou.
O analista Ives Goulart, da Embrapa Florestas, apresentou o sistema de produção Erva20, um programa de transferência de tecnologia que está em desenvolvimento pela Embrapa Florestas e será lançado no próximo ano, visando implementar um sistema de produção para a erva-mate plantada tecnológico e sustentável. O Erva20 pretende auxiliar o produtor de erva-mate a elevar o patamar de produtividade e qualidade dos ervais. "É uma junção de resultados de pesquisas, já validados, que a Embrapa Florestas vem realizando há mais de 30 anos com a erva-mate, e que agora estarão disponíveis de forma organizada e acessível pelos produtores", explicou Ives. "Percebemos que os produtores podem adotar ajustes de manejo nos seus ervais, com soluções tecnológicas desenvolvidas pela Embrapa Florestas, que vão ajudar a cadeia produtiva a dar um salto para novos mercados", completou.
Encerrando o evento, uma mesa debateu a pesquisa sobre erva-mate no Mercosul. Moderada pelo pesquisador Ivar Wendling, da Embrapa Florestas, teve como painelistas Anésio da Cunha Marques, do ICMBio; Alice Teresa Valduga, da URI; Agenor Maccari Junior, da UFPR e Marcelo Mayol, do INTA (Argentina). Os painelistas mostraram os trabalhos que vêm sendo realizados e as necessidades de pesquisas, um campo bastante amplo que precisa atuar de forma mais integrada. Segundo Ivar, "uma questão que também chamou a atenção foi a necessidade de mais pesquisas sobre manejo de ervais nativos e sombreados".
Agenor Maccari Jr, da Universidade Federal do Paraná, falou sobre as pesquisas realizadas pela instituição e a necessidade de estarem associadas ao produtor, à indústria e ao consumidor. Maccari salientou a necessidade das pesquisas serem feitas de maneira integrada, envolvendo diferentes áreas de pesquisa e também ouvindo o mercado. "Isso interfere no planejamento da pesquisa: qual a finalidade? Para quem? Por isso acredito em eventos para articular linhas de pesquisa para atender os produtores. Um projeto tem que começar com um objetivo muito claro, pois é de longo prazo".
As pesquisas com erva-mate na pós-graduação no Brasil foram o tema da apresentação de Alice Valduga, da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões. "As pesquisas em erva-mate têm menos de 30 anos, porém, o maior crescimento aconteceu nos últimos 15 anos", explicou a professora. Alice fez um levantamento das áreas de estudo e da evolução da pesquisa com a cultura. O estudo apontou que as áreas de concentração mais investigadas são saúde (22,81%), fitoquímicos (13,13%), história (11,29%), cultivo e manejo (8,53%), ecologia (8,29%), tecnologia (7,14%), economia (6,68%), alimentos (6,22%), entre outras com menor percentual. O levantamento apontou que UFPR, UFRGS, UFSC, UFSM e USP concentram os trabalhos de pós-graduação com erva-mate.
Anésio da Cunha Marques, do ICMBio, apresentou estudos das paisagens do mate e a conservação socioambiental junto a agricultores familiares do planalto norte catarinense. Para Anésio os ervais nativos precisam de mais visibilidade e, consequentemente, maior espaço na pesquisa, extensão, formulação de políticas públicas e financiamento. "Inclusive porque o preço pago à erva nativa é maior que para a erva plantada, além dos benefícios ao meio ambiente proporcionados por este tipo de cultivo", ponderou. Sua pesquisa também apontou o reduzido apoio da assistência técnica e extensão rural a este tipo de cultivo. "Porém, nos últimos anos, estão surgindo importantes iniciativas de pesquisas com o manejo de ervais nativos na região do planalto norte catarinense, envolvendo instituições de pesquisa, ensino e extensão rural e órgãos públicos", pontuou.
O Seminário foi promovido pela Embrapa Florestas, Ibramate, Instituto de Florestas do Paraná, Instituto Emater Paraná, Associação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná/Curitiba e Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
O evento teve patrocínio de: Chimarrão Bitumirim, Sindimate Paraná, Leão Alimentos e Bebidas, Heide Extratos Vegetais, Erva-mate Ximango, Golden Tree Reflorestadora, Menon e Veiga Arquitetura, Brehmer Equipamentos, Sanepar, Fundomate, Casa do Chimarrão, Chimarrão Shop, Chá da Serra, Monsanto BioAg e Restaurante Madalosso.
Entre os apoiadores institucionais: Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná, Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Epagri, Emater/RS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Casa Familiar Rural de Cruz Machado, Matte Cultural, Museu Paranaense, Instituto Nacional de Tecnología Agropecuaria (INTA – Argentina), Instituto Nacional de la Yerba Mate (INYM - Argentina).
Veja a cobertura fotográfica do evento no perfil da Embrapa no Flickr. Clique aqui.
Katia Pichelli (MTb 3594/PR)
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