A indicação geográfica foi o assunto abordado por José Carlos Ramos, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, na segunda tarde do Seminário Erva-mate XXI. "A IG é estratégia de valorização de produto, pessoas e lugar", afirmou Ramos. A IG traz novas perspectivas de promoção; padronização dos produtos, em especial promoção da imagem da região e resgate do turismo da região. "Como a gente faz uma motivação dos atores locais, uma indicação geográfica termina produzindo um grande aporte ao desenvolvimento territorial pela boa valorização das pessoas, da paisagem, da cultura, da história da região e, consequentemente, do produto", salientou Ramos.

Um debate sobre os desafios tecnológicos da produção de erva-mate encerrou o segundo dia. Conduzido por Juliana Montagner, da Associação dos Amigos e Parceiros da Erva-mate do Polo do Alto do Vale do Taquari, o painel contou com a participação de Ana Carolina Winkler Heeman, da Heide Extratos Vegetais; Gilceu Cippolat, da Emater/RS; Gilberto Neppel, da  Epagri/SC; e Rubens Antonio Sieburger Costa, da Emater/PR. Os painelistas apresentaram os trabalhos realizados com erva-mate no campo e na indústria nos seus estados de origem. Para a moderadora Juliane Montagner, "os desafios são imensos. A erva-mate está sendo projetada para o mundo. Os painelistas focaram muito nessa perspectiva, para agregarmos valor internamente e também para preparar a erva-mate para o Brasil e para o mundo", ponderou. "Essas inovações estão no campo, na pesquisa, na extensão rural, na aplicação disso ao campo, inovações na indústria, inovações nos produtos e tudo isso de uma forma que proporcione o desenvolvimento sustentável da erva mate", completou.

Ana Heeman, da Heide Extratos Vegetais, mostrou os trabalhos de inovação que a empresa realiza com erva-mate, inclusive com o depósito de patentes (quatro até agora e mais uma a ser depositada até o final do ano), além de projetos em parceria com instituições de pesquisa. A empresa se prepara, agora, para entrar no mercado externo com produtos à base de erva-mate. Para os próximos anos, Ana espera "que o Brasil seja um grande exportador de produtos com tecnologia agregada, e que possamos fazer com que nosso país seja percebido e valorizado como produtor de insumos de alto nível, gerando impacto social e econômico aos empreendimentos envolvidos". Para isso acontecer, em especial no caso da erva-mate, é necessário o aumento das parcerias e a busca contínua pela inovação.

Gilceu Cippolat, da Gerência de Classificação e Certificação da Emater/RS, contou a experiência do estado com certificação da qualidade da erva-mate. A instituição foi pioneira no país ao criar o selo de qualidade certificada para erva-mate. Para isso, as empresas devem atender ao manual de requisitos para certificação, que traz uma série de boas práticas e orientações de gestão que devem ser seguidas pelas empresas que desejam obter o selo. "É uma certificação voluntária, mas que traz diversas vantagens às empresas, como maior controle sobre processos, aumento nas vendas e atendimento à legislação", explicou Gilceu. "Além de ser um instrumento de marketing e diferenciação com fornecedores e consumidores", finalizou. Atualmente, seis empresas do Rio Grande do Sul estão certificadas.

Gilberto Neppel, da Epagri/SC, abordou o tema da valorização da cadeia produtiva da erva-mate por meio da certificação de Indicação Geográfica (IG), a partir de um trabalho que vem sendo realizado no planalto norte catarinense. Gilberto explicou os desafios para a valorização da erva-mate com a certificação por IG, como o baixo nível de organização dos produtores; a grande dimensão do território e dificuldade em nominar como única região produtora; sistemas de exploração num nível muito rudimentar e tradicional, com barreiras para modernização; pesquisa inexpressiva e sem foco na certificação de qualidade; assistência técnica ainda de baixa qualificação na cultura; e ausência de programas públicos de apoio ao desenvolvimento de indicações geográficas. Mesmo com estes desafios, a região está em processo de implantação, com trabalho de sensibilização dos produtores e de outros membros da cadeia produtiva.

A região de União da Vitória, no Paraná, é a maior produtora de erva-mate sombreada do mundo, mas apresenta diversos desafios tecnológicos. Este foi o tema de Rubens Antonio Sieburger Costa, da Emater/PR. "A erva-mate foi definida como uma prioridade regional. Cerca de 12 mil famílias de agricultores familiares trabalham com seu cultivo, convivendo e valorizando a floresta com araucária". Segundo Rubens, os desafios e necessidades tecnológicas da região passam pela otimização do sistema, com aumentos de produtividade e renda, e a manutenção das características do produto.

O Seminário foi promovido pela Embrapa Florestas, Ibramate, Instituto de Florestas do Paraná, Instituto Emater Paraná, Associação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná/Curitiba e Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

O evento teve patrocínio de: Chimarrão Bitumirim, Sindimate Paraná, Leão Alimentos e Bebidas, Heide Extratos Vegetais, Erva-mate Ximango, Golden Tree Reflorestadora, Menon e Veiga Arquitetura, Brehmer Equipamentos, Sanepar, Fundomate, Casa do Chimarrão, Chimarrão Shop, Chá da Serra, Monsanto BioAg e Restaurante Madalosso.

Entre os apoiadores institucionais: Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná, Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Epagri, Emater/RS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Casa Familiar Rural de Cruz Machado, Matte Cultural, Museu Paranaense, Instituto Nacional de Tecnología Agropecuaria (INTA – Argentina), Instituto Nacional de la Yerba Mate (INYM - Argentina).

Veja a cobertura fotográfica do evento no perfil da Embrapa no Flickr. Clique aqui.