Tecnologias da Embrapa serão apresentadas na Expogrande 2001
Tecnologias da Embrapa serão apresentadas na Expogrande 2001
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento, levará à 63ª Expogrande (Exposição Agropecuária de Campo Grande), que acontece a partir deo dia 29 de março, no Parque Laucídio Coelho, diversas tecnologias e programas desenvolvidos em suas unidades. A Empresa aproveitará o evento para lançar o livro "Plantas Aquáticas do Pantanal", de autoria dos pesquisadores Arnildo Pott e Vali Joana Pott. A publicação é resultado de 15 anos de pesquisas, levantamento florístico e coletas em todas as subregiões do Pantanal.
Uma das tecnologias que serão apresentadas na Expogrande é o Programa Embrapa Carne de Qualidade. Do campo à mesa do consumidor, as ações do programa se concentram em genética animal, manejo adequado, ambiente saudável e mercado promissor, pois o programa acena para aumentar em 25% o consumo interno de carne bovina. Os animais são abatidos a uma idade máxima de 30 meses, com cobertura mínima de gordura igual a três milímetros e cuja vida inteira foi rastreada e controlada.
A carne produzida na Embrapa é embalada por vácuo e identificada com etiqueta que detalha as seguintes informações: nome do corte, data de embalagem, número do lote, sistema de criação, sexo do animal, origem, grupo genético e validade do produto. Aumentar a inserção de pequenos e médios produtores no competitivo mercado da pecuária de corte e fomentar as exportações do produto também são objetivos deste programa. Ele enfoca a segurança alimentar e é mais uma garantia da qualidade produtiva da carne brasileira. O Programa Embrapa Carne de Qualidade é desenvolvido na Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS), Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP) e Embrapa Pecuária Sul (Bagé, RS). O coordenador nacional deste programa é o pesquisador da Embrapa Kepler Euclides Filho, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Melhoramento Animal.
Outra tecnologia é a identificação eletrônica e rastreamento, um forte mecanismo em favor do rastreamento do rebanho. Um sistema eficiente de rastreabilidade é um selo de garantia da qualidade do alimento. A Embrapa desenvolveu um dispositivo eletrônico (chip) que, por meio da leitura de ondas eletromagnéticas, facilita a identificação do animal. De posse desse dado e cruzando informações, pode-se traçar todo o histórico de vida do animal: raça, sexo, idade de abate, tipo de alimentação, administração de vacinas e medicamentos, entre outras informações.
Os pesquisadores desenvolveram um chip adequado às condições brasileiras de pastejo, altamente resistente a impactos e que pode ser aproveitado novamente após o abate do animal. Também definiu como sendo a cicatriz umbilical o local ideal para a instalação subcutânea do dispositivo em bezerros recém-nascidos. Em animais adultos, o chip é instalado no estômago (rume) e este material recebe uma proteção maior contra a ação dos líquidos digestivos.
Entre as principais linhas de pesquisa na área de saúde animal encontram-se trabalhos voltados para o controle de endo e ectoparasitos para o mundo tropical – região que concentra alta diversidade de parasitas. Entre os ectoparasitos causadores de grande prejuízo econômico para a pecuária estão o carrapato, a mosca-dos-chifres e o berne. Entre os endoparasitos, vermes, hemoparasitos (do sangue), como os agentes causadores da tristeza parasitária bovina (que são Anaplasma marginale, Babesia bigemina e Babesia bovis) e o protozoário Trypanosoma vivax.
Pela técnica de recombinação de proteínas a partir de clonagem e expressão de genes, a Embrapa Gado de Corte busca desenvolver uma vacina inédita e mais acessível ao pecuarista brasileiro de proteção contra a infestação de carrapato bovino no rebanho. Inédita porque utiliza proteínas presentes na saliva do carrapato, uma vez que as únicas vacinas comercializadas, até então, foram desenvolvidas com proteínas digestivas. O carrapato bovino é causador de um prejuízo anual à economia brasileira estimado em 1 bilhão de dólares.
Pesquisas de ponta são desenvolvidas com ferramentas da biotecnologia aplicada à saúde animal. É o caso de trabalhos com produção de insumos biológicos, técnicas de manipulação de embriões (fertilização in vitro, transferência de embriões e cultivos de células reprodutivas) e o cultivo de células embrionárias de carrapato para a produção de vacinas e manutenção de microorganismos causadores de doenças. Todas as ferramentas têm como pano de fundo a eficiência produtiva da atividade pecuária.
Outra tecnologia importante é a coleção de forrageiras. O germoplasma da Embrapa Gado de Corte representa o conjunto de forrageiras que existem na natureza. O conhecimento da variabilidade genética e das possibilidades de cruzamento entre as plantas é um dos fatores que tornam eficaz o melhoramento vegetal. A Embrapa possui, em Campo Grande, MS, coleções de panicuns, braquiárias e estilosantes, o que permite diversificar pastagens e exportar tecnologias. Há espécies de plantas usadas em pesquisas de melhoramento, que só podem ser encontradas na África e no Brasil (Embrapa). A empresa desenvolve, também, capins (como panicuns) que permitem uma maior produtividade em pastejos intensivos, ou seja, em pequenas áreas.
Entre as forrageiras melhoradas e em processo de lançamento estão: o estilosantes Campo Grande (leguminosa que responde a solos de média a baixa fertilidades, fixa até 180 kg/ha/ano de nitrogênio e tem alto teor de proteína bruta), o capim Massai (um Panicum maximum de múltiplo uso, que cobre bem o solo e apresenta resistência à cigarrinha-das-pastagens) e duas cultivares de braquiárias. O objetivo dessas pesquisas é diversificar pastagens tropicais. Em agosto deste ano, as sementes do estilosantes Campo Grande já estarão sendo comercializadas aos pecuaristas.
Sistema de Integração Lavoura-Pecuária – Os sistemas de integração e rotação adotados pela Embrapa foram implantados em áreas de pastagens degradadas após 15 de uso. Além da recuperação dessas áreas, os experimentos constataram, também, a melhora na fertilidade do solo. O processo de rotação lavoura-pastagem minimiza os riscos do agronegócio e melhora a rentabilidade dos produtores, pela possibilidade de diversificação de produtos comercializados por eles.
Sistema Intensivo de Produção de Bovinos a Pasto – As pesquisas mostram que é possível produzir bovinos intensivamente a pasto sem confiná-los, por um sistema de utilização racional da pastagem. As técnicas adotadas nesse sistema enfocam a vedação de pasto para reserva alimentar, a suplementação vegetal (soja e milho), os resíduos da pastagem e os níveis de adubação nitrogenada. É a técnica que permite a produção do chamado "boi vegetal".
Jornalista: Théa Tavares Embrapa Gado de Corte Telefone: (67) 768-2023 e 768-2142 E-mail: thea@cnpgc.embrapa.br
Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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