19/12/05 |

Embrapa Pantanal testa tecnologia em assentamentos rurais de Corumbá

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A partir de 2006, pesquisadores da Embrapa Pantanal (Corumbá, MS) unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, começam a testar tecnologia para a produção de feno nos assentamentos rurais da região de Corumbá – o uso do secador solar. A tecnologia é de aplicação simples e de baixo custo para a suplementação alimentar dos ruminantes durante o período de seca, uma das principais dificuldades dos pequenos produtores rurais da região.

O coordenador do projeto, o pesquisador da Embrapa Pantanal Frederico Lisita, explica que uma das vantagens da tecnologia é levar em consideração os recursos forrageiros já disponíveis na propriedade rural. “O produtor não terá que fazer grandes investimentos, mas sim um aproveitamento das forragens existentes em seu próprio lote. Para o processo de fenação podem ser utilizadas folhas de palmeiras, como o acuri e a bocaiúva, abundantes na região e ainda o algodão-de-seca e a parte aérea da mandioca”, destaca o pesquisador.

Para apresentar o projeto aos produtores rurais da região, a Embrapa Pantanal realizou um dia de campo no assentamento Tamarineiro I, onde os agricultores familiares tiveram a oportunidade de conhecer a trituração do algodão-de-seda – planta tida como praga na região devido a sua concentração de componentes tóxicos mas, que apresenta excelentes resultados para a suplementação animal após ser submetida ao processo de fenação. No local, foi instalado um secador solar em tamanho menor apenas para demonstrar aos produtores o processo de secagem do feno.

Nas propriedades rurais, o secador solar deverá ser construído em tamanho de 10m x 10m com mureta de 20 centímetros de altura, possuindo abertura de 2,5 metros em uma de suas laterais e declividade de 5% no sentido centro – laterais. As dimensões deverão garantir a boa distribuição das forragens que serão submetidas ao processo de fenação. Além disso, a obra deverá ser realizada em local aberto e que não seja sombreado ou sujeito à encharcamentos ou à invasão de animais da própria propriedade.

Essa metodologia foi desenvolvida e validada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN) e, pela primeira vez, será testada nos assentamentos rurais do município de Corumbá. O pesquisador da Embrapa Pantanal, o médico veterinário Thierry Tomich explica que a produção de leite é a principal atividade geradora de renda praticada nos assentamentos rurais da região e que, nos períodos de seca, os produtores enfrentam grandes dificuldades em manter seus rebanhos suplementados, em função da baixa disponibilidade de pastagens. “Esse problema poderia ser minimizado, ou mesmo solucionado, caso houvesse o emprego de estratégias eficientes e econômicas, adaptadas à realidade da região para a alimentação dos rebanhos durante a estação seca”, avalia Tomich.

O vice-presidente da Associação de Pequenos Produtores do Assentamento Rural Paiolzinho, o produtor Arnezino Moura Santos, explica que a situação é realmente preocupante e que o projeto da Embrapa Pantanal traz um novo ânimo aos moradores da região. “Meu vizinho tinha cinqüenta animais, só com a seca desse ano ele perdeu quinze animais. Isso é uma catástrofe, considerando a nossa realidade”, conta. O produtor Orlando de Souza Scheris foi um dos que registraram perdas com a última seca. “Estou aqui hoje com a esperança de encontrar uma saída para enfrentar a seca. Só nesse ano, perdi cinco das minhas melhores vacas leiteiras, não quero que isso se repita no próximo ano”, conta o produtor.

O projeto de uso do secador solar para a produção de feno será realizado pela Embrapa Pantanal ao longo de 2006 e conta com financiamento da Petrobrás e do CNPq.

Denise Justino da Silva (MTb 129/MS) Embrapa Pantanal Contatos: (67) 233-2430, ramal 307 - denise@cpap.embrapa.br

Mais informações sobre o tema
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