Colheita semi-mecanizada e BRS Ouro Preto foram destaques em evento de café
Colheita semi-mecanizada e BRS Ouro Preto foram destaques em evento de café
Cerca de 200 produtores, técnicos extensionistas, estudantes e autoridades federais, estaduais e municipais de Rondônia e do estado ao Acre participaram do Dia de Campo de Café – Manejo, colheita e pós-colheita, que levou ao público tecnologias e inovações para o setor. O evento foi realizado no dia 30 de maio em Ouro Preto do Oeste, a 350 quilômetros de Porto Velho (RO). O produtor e viveirista de mudas de café Reonides Pezzin percorreu 250 quilômetros para participar do dia de campo e conhecer novas tecnologias. "A gente que trabalha na lavoura hoje em dia tem que estar por dentro do que acontece no mercado e das práticas que podemos levar para melhorar a produtividade do nosso café. Aqui hoje o que mais me chamou a atenção foram as máquinas de colheita semi-mecanizada do café, com os problemas que temos enfrentado no campo, a mão-de-obra é uma das piores", afirmou.
O senhor Reonides falou de um gargalo atual da produção de café, não só em Rondônia, mas no Brasil: a escassez de mão de obra no campo, especialmente para a colheita do café, o que limita o desenvolvimento da produção, tanto em quantidade como em qualidade. E em busca de soluções para minimizar este problema, a Embrapa Rondônia levou ao dia de campo duas máquinas que estão sendo testadas para a colheita semi-mecanizada do café Canephora (Conilon e Robusta), que pode ser uma alternativa viável. De acordo com o pesquisador da Embrapa Rondônia, Enrique Alves, estão sendo realizados testes para avaliar o desempenho e a viabilidade da colheita semi-mecanizada do café canephora. Também será estudado o efeito dessa alternativa à colheita manual sobre a produção e qualidade do café, assim como a longevidade das plantas.
Segundo o pesquisador, infelizmente a maior parte das máquinas para a colheita são desenvolvidas para o café arábica, ignorando as características do Coffea Canephora, mais comum em Rondônia, por isso a necessidade de adaptações. Em testes iniciais, foram feitas medições e, comparando com a colheita manual, o rendimento da máquina foi de aproximadamente cinco para um. Isso quer dizer que, considerando a máquina trabalhando com quatro operadores, ela tem potencial de fazer o trabalho de derriça de mais de 20 homens, reduzindo os custos em até 70%, quando comparada à colheita manual. "Entretanto muito trabalho ainda há de ser feito. É preciso um ajuste mais fino das máquinas, assim como um planejamento da implantação da lavoura e escolha de variedades com características desejáveis à colheita semi-mecanizada (porte e arquitetura da planta, homogeneidade de maturação e produtividade)", detalha Enrique Alves.
As máquinas recolhedoras e trilhadoras do café são baseadas no sistema de podas e renovação anual e/ou periódicas das lavouras. Em que, os ramos provenientes das podas, contendo ainda os frutos, formam leiras que são trilhadas mecanicamente ou podem simplesmente alimentar as máquinas de forma manual. Essa forma de colheita semi-mecanizada possui grande potencial por utilizar máquinas mais compactas e de menor custo, além de não exigir a obrigatoriedade da adequação espacial das lavouras de café. Este trabalho tem sido realizado em parceria com as Indústrias Colombo/Miac e a Yanmar/Agritech.
Cultivar de café desenvolvida pela Embrapa é apresentada ao público
O produtor Adalto Araújo, de Theobroma (RO), foi ao dia de campo especialmente para ver de perto os clones da cultivar de café conilon BRS Ouro Preto. Ela é a primeira cultivar de café da Embrapa no Brasil e é recomendada para Rondônia, uma vez que se adapta ao clima e ao solo da região. Foi desenvolvida pela Embrapa Rondônia em parceria com o Consórcio Pesquisa Café. "Sou produtor de café há anos aqui em Rondônia e estava esperando por algo assim. Já encomendei minhas mudas da BRS Ouro Preto no viveirista e vim aprender mais sobre esta variedade. Eu e muitos vizinhos meus estamos apostando nela", contou o produtor.
A Embrapa, por meio do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) realizou um processo de seleção em 2013 para credenciar viveiristas para multiplicarem as mudas e comercializarem a cultivar de café conilon BRS Ouro Preto. Os viveiristas credenciados já iniciaram o processo de comercialização e já estão com muitas encomendas da cultivar para entregarem fim do ano. Trata-se de um grande passo a certificação destes viveiristas e a legalização deste processo, garantindo aos cafeicultores a qualidade do material que estão levando ao campo.
Estações do evento
Estação 1 – Conilon BRS Ouro Preto – foram demonstradas as características agronômicas dos quinze clones que compõe a variedade em produção. A apresentação foi realizada pelo pesquisador da Embrapa Rondônia André Rostand.
Estação 2 – Condução da Lavoura – demonstração em campo de técnicas de poda e condução da lavoura e o manejo da poda como ferramenta que permitirá a colheita do café de forma semi-mecanizada. A apresentação foi realizada pelo pesquisador da Embrapa Rondônia Marcelo Curitiba.
Estação 3 – Colheita – foram abordados o ponto ideal de colheita, tempo entre colheita e processamento dos frutos e o seu efeito sobre a qualidade de bebida, assim como a demonstração de maquinas de colheita semi-mecanizada. O pesquisador da Embrapa Rondônia Enrique Alves conduziu esta estação.
Estacao 4 – Despolpamento e Secagem – foi apresentado o processo com os equipamentos e seu funcionamento. Sobre a secagem, foi apresentada a estrutura mínima para a produção de café de qualidade e as boas práticas deste processo. O pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) Sérgio Donzeles apresentou os temas.
Estação 6 – Mercado para Conilon de qualidade – foram apresentadas perspectivas de novos mercados emergentes para o café conilon, suas implicações e como isso afetará a realidade do produtor. Também foram abordados aspectos relevantes e politicas públicas que possam inserir Rondônia nesse novo contexto econômico e social. Esta estação foi conduzida pelo diretor da Conilon Brasil, Arthur Fiorott.
Realização
O Dia de Campo de Café foi uma realização da Embrapa Rondônia, por meio do projeto "Diagnóstico da Pós-colheita de Coffea Canephora nos estados de Rondônia e Espírito Santo e análise dos sistemas de processamento, secagem e armazenamento visando à manutenção da qualidade"; e da Embrapa Café, por meio do projeto "Transferência de tecnologias para a melhoria da qualidade do café produzido pela agricultura familiar". O evento contou ainda com o apoio do Consórcio Pesquisa Café, Universidade Federal de Viçosa (UFV), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e Conilon Brasil.
Renata Silva (MTb 12361/MG)
Embrapa Rondônia
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