O produtor José Silvério percorreu cerca de 230 quilômetros para participar do Dia de Campo sobre pastagem de qualidade, realizado no campus do Instituto Federal de Rondônia (Ifro) em Ariquemes (RO), no dia 16 de maio. Segundo ele, é preciso saber como lidar com a pastagem para não ter prejuízo e tornar a área mais produtiva. "Quero ficar por dentro da plantação de pasto, como zelar e fazer piquetes. A gente precisa aprender para aplicar na propriedade da gente, né?! Também quero aprender sobre a silagem. Ainda não trabalhei com isso, mas quero começar a fazer em minha propriedade para ajudar no período de seca", conta ele.

Outros 230 produtores, técnicos agrícolas e estudantes também se deslocaram de diversas cidades de Rondônia para participar da terceira edição do dia de campo Pastagem de Qualidade, realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), juntamente com o Ifro e demais parceiros. "É preciso levar para o campo o conhecimento e as tecnologias produzidas pelos pesquisadores. Para isso, é importante multiplicar este conhecimento por meio dos futuros profissionais que serão formados aqui no Ifro e em outras instituições de ensino que estão presentes também no evento. Além, claro, de trazer aos produtores, empresários do agronegócio e técnicos da área informações atualizadas e tecnologias para uma pastagem de qualidade", explica a zootecnista da Embrapa Rondônia, Elisa Osmari.

O evento apresentou em quatro estações os seguintes temas: Cultivo do Milho para Silagem; Ponto de Corte para Silagem; Integração lavoura-pecuária; e Custo da Mineralização. De acordo com Elisa Osmari, a pastagem deve ser tratada como uma lavoura, em que se corrige o solo, aduba-se e assim evita-se a degradação. Além disso, o produtor pode intensificar o uso da terra integrando a pastagem para o gado com a lavoura. "Para os pequenos produtores isso é essencial, pois podem tornar sua área ainda mais eficiente", complementa Elisa. Para o produtor de leite Riva Fidelis, de Ariquemes, o que mais chamou a atenção foi a silagem com o milho. "Espero ter um produto da melhor qualidade possível para meu gado, saber como armazenar e utilizar da melhor forma e aqui pude saber detalhes deste processo", afirma Fidelis.

Milho e sorgo para silagem

A silagem é uma das estratégias mais utilizadas para a suplementação alimentar dos animais no período da seca, quando as pastagens estão com baixa qualidade e potencial nutritivo. Ainda assim, o zootecnista Marco Antônio de Oliveira alerta que existem muitos detalhes que o produtor precisa conhecer para melhorar a produção da silagem. "A produção de silagem envolve um processo (ensilagem) que vai desde a colheita no campo, com a necessidade de se determinar o momento ideal do corte, passando pelo processo de picagem, compactação para retirar o excesso de ar e a vedação do silo. No caso do milho aproveita-se a planta inteira (espiga, folhas, colmos) e o produtor deve estar atento à todas as etapas do processo para não ter prejuízo, aproveitando o que o milho tem de melhor, que são os carboidratos", esclarece.

A lavoura de milho gera alta produção de matéria seca por área plantada e atinge o ponto de ensilagem em 100 a 130 dias, possibilitando mais de um plantio por ano. E, caso o produtor não consiga ensilar toda a lavoura, pode-se realizar a colheita para a produção de grãos.

O sorgo forrageiro também é outra opção interessante para recuperação do solo e ensilagem, pois é mais tolerante à falta de água do que o milho e ainda pode ser aproveitado para pastejo, dependendo da variedade ou híbrido utilizado.

Pastagem de qualidade e a integração lavoura-pecuária

Rondônia possui um rebanho de aproximadamente 12 milhões de cabeças de gado, em cerca de seis milhões de hectares de pastagem e destes, 60% estão em algum estágio de degradação. A pastagem foi implantada em Rondônia há mais de 40 anos e, durante este tempo, os produtores pouco se preocuparam com a recuperação ou mesmo a renovação da pastagem, diminuindo ao longo dos anos a produtividade por área. Com a integração lavoura-pecuária na propriedade é possível melhorar as condições físicas e químicas do solo, gerando maior produtividade em uma mesma área e, consequentemente, mais renda ao produtor. Este sistema é uma importante opção para produzir pastagem de qualidade, que pode ser adotada tanto por pequenos como por grandes produtores.

"Com a integração lavoura-pecuária, é possível fazer o uso intensivo e mais sustentável do solo ao longo do ano", argumenta o pesquisador da Embrapa Rondônia Kleberson de Souza. O mais comum é usar a terra durante cinco meses do ano com lavoura consorciada com capim. Durante os sete meses restantes, usa-se o capim em pastejo. Um dos principais benefícios deste sistema são os nutrientes residuais deixados pelas lavouras para as pastagens, que passam a produzir forragem em maior quantidade e de melhor qualidade. Com a implantação da lavoura com a pecuária o produtor aumenta a produtividade das suas terras, produz mais grãos, silagem, carne, leite e aumenta sua renda, isso sem abrir novas áreas, otimizando o uso da terra com a utilização de mais tecnologia. "Os resíduos de colheita que ficam sobre a pastagem também beneficiam os animais no início do pastejo, promovendo ganho de peso e evitando a perda desse alimento que ficou no solo", conclui o pesquisador.

Projeto e parceiros

O Dia de Campo Pastagem de Qualidade faz parte do Projeto da Embrapa Rondônia "Transferência de tecnologias para sistemas de produção agropecuários sustentáveis no estado de Rondônia", que busca vencer um grande desafio: a viabilização de tecnologias para o setor produtivo, que sejam ambiental e socialmente adequadas para os diferentes sistemas de produção.

O evento contou com as seguintes parcerias: New Holland Agriculture, Fertisolo, Implemaq e Supremax/Casa da Lavoura.