17/10/12 |   Produção animal

Cultivo de mandacaru garante forragem para os rebanhos nos períodos mais críticos de seca

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

Foto: Marcelino Ribeiro

Marcelino Ribeiro - Nilton em área cultivada com mandacaru

Nilton em área cultivada com mandacaru

Na seca, nos momentos mais graves da falta de água e de alimentos para os rebanhos, é inevitável ao pequeno agricultor do semiárido, de poucos recursos técnicos e financeiros, adentrar a caatinga em busca de uma das poucas plantas a se conservar verde: o mandacaru. A espécie, que tem folhas na forma de espinhos, é quase sempre a única fonte de comida disponível na vegetação nativa para os animais.

Por estas características de resistência às altas temperaturas e às chuvas irregulares da região, que o técnico Nilton de Brito Cavalcante, da Embrapa Semiárido, recomenda aos agricultores o cultivo dessa cactácea nas suas propriedades, a exemplo do que fazem com a palma, os capins ou o milho.

Há dez anos, ele avalia o plantio de mandacaru em uma área experimental do centro de pesquisa. Para ele, os resultados são "animadores", a começar pela produção.

Estratégia – No primeiro ano de plantio, com espaçamento de 1m x 1,5 m – o que equivale a mais de 6.660 plantas/ha, o agricultor consegue colher cerca de 30 t/ha com o corte dos brotos que nascem no período. Convertida para massa seca, que é a medida de referência para indicar o impacto sobre o ganho de peso dos animais, essa quantidade equivale a 5,1 toneladas/ha.

No décimo ano do plantio, a produção pode alcançar 285,17 ton/ha de massa verde e 48,47 ton/ha de matéria seca. 

Trata-se de volume de alimento muito bom, que fica disponível para ser ofertado aos animais quando a seca alcança o seu pico de maior intensidade na região, revela Nilton de Brito.

Segundo ele, trata-se de planta "excelente" para o pecuarista formar uma reserva forrageira estratégica na sua propriedade. No semiárido, de maneira geral, este papel cabe a outra cactácea já muito difundida que é a palma.

Contudo, o mandacaru tem evidentes vantagens: possui maior teor de proteína, resiste melhor à falta de chuvas e o primeiro corte acontece no primeiro ano. 

O plantio em áreas cercadas é uma alternativa de exploração e que aumenta a capacidade de suporte das propriedades. Além disso, é um modo de substituir o extrativismo da espécie durante a estiagem, por um aproveitamento mais sustentável da espécie.

O intenso corte que costuma acontecer nesses períodos tem levado à diminuição acentuada de pés de mandacarus na caatinga. Em alguns locais da região, a população de plantas diminuiu tanto que muitos agricultores precisam se deslocar mais de 50 km distantes da sua comunidade para encontrar a cactácea na vegetação nativa.

Manejo – Do tempo que realiza testes com a espécie em uma área de 4 ha da Embrapa Semiárido, Nilton chegou à conclusão que o plantio e manejo do mandacaru são simples. Fazer muda, por exemplo, é muito fácil: basta cortar um pedaço de 20 a 30 cm dos cladódios ou galhos, deixar secar durante dois a cinco dias na sombra e, então, pôr em uma cova com profundidade de 15 a 20 cm, adubada com esterco de caprinos ou bovinos.

O plantio pode ser feito antes das primeiras trovoadas no semiárido. Contudo, se acontecer durante o período de chuva, o cultivo deve ser em terreno bem drenado. Se houver encharcamento, é possível a morte de grande quantidade de mudas, alerta o técnico da Embrapa.

Durante o crescimento o agricultor vai precisar apenas roçar o local do plantio uma vez por ano.

Outra informação importante para garantir a sobrevivência do mandacaru é não cortar a planta no tronco principal. De acordo com as avaliações na área experimental, Nilton afirma que isto pode representar a morte da planta. Por outro lado, se são cortados apenas os galhos, a vida útil da planta aumenta e ela fica produtiva por muito mais tempo.

Para ele, não há dúvida que o mandacaru é uma alternativa forrageira interessante que os criadores do semiárido podem ter nas suas propriedades.

 

Marcelino Ribeiro (MTb/BA 1127)
Embrapa Semiárido

Contatos para a imprensa

Telefone: (87) 3866-3734

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Encontre mais notícias sobre:

semiaridomandacaruforragem