26/04/11 |

Sistema de alerta ajuda pantaneiro a tomar decisões

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A Embrapa Pantanal desenvolveu um sistema de monitoramento e alerta para cheias e secas do Pantanal. Este serviço tem grande apelo econômico, pois vai auxiliar pecuaristas pantaneiros na tomada de decisões, evitando prejuízos relacionados ao deslocamento do gado.

O sistema pode ter ainda funções sociais e ambientais, na medida em que permite conhecer, com alguma antecedência, a ocorrência de cheias ou secas que possam causar impactos relevantes.  Populações ribeirinhas, que venham a ser atingidas pela cheia, podem ter condições de se deslocar previamente.

Todos os anos o Pantanal convive com os chamados pulsos de inundação. Em um período do ano ocorre o alagamento na planície e, em outra época, a vazante dessa água. A pecuária, principal atividade econômica do Pantanal, adaptou-se aos ciclos de inundação. Quando ocorrem alagamentos severos, o pecuarista desloca o gado para regiões mais altas. Existem no Pantanal aproximadamente 3,3 milhões de bovinos.

O problema é que as inundações e as secas nunca se repetem da mesma forma de um ano para o outro. A variabilidade desses fenômenos naturais preocupa pecuaristas e moradores da região, que precisam de uma ferramenta que os apóie na tomada de decisões.

O criador do sistema de alerta, Carlos Padovani, é biólogo, doutor em ecologia aplicada pela USP (Universidade de São Paulo), na área de modelagem ambiental. Desde 1995, é pesquisador da Embrapa Pantanal (Corumbá-MS), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Ele afirma que a cheia do Pantanal também interfere em outra atividade econômica importante para o Pantanal: a pesca.

"As inundações são responsáveis pelo fenômeno da decoada, que é a alteração da qualidade da água, com redução das concentrações de oxigênio e aumento de dióxido de carbono, dissolvidos na água. Isso provoca, ocasionalmente, a mortandade de peixes e causa um efeito negativo na pesca", explica Padovani.

Sismonpan

O Pantanal é uma extensa área sazonalmente inundável. São aproximadamente 150 km² entre Brasil, Bolívia e Paraguai. A dificuldade de acesso e a variabilidade dos processos hidrológicos são fatores limitantes à pesquisa. Para estudá-lo e caracterizá-lo, cientistas têm utilizado com mais frequência as geotecnologias."Além do âmbito de estudos acadêmicos, as geotecnologias podem gerar novas tecnologias, aplicadas à solução de problemas reais como os citados anteriormente", disse o pesquisador.

Nesse sentido, o Sismonpan (Sistema de Monitoramento do Pantanal) é uma tecnologia baseada na série temporal de imagens de satélite, modeladas por equações aplicadas a séries sazonais. Esses cálculos permitem monitorar, mapear e elaborar cenários de inundação no Pantanal com base na série de dados.

Segundo Padovani, foram analisados 10 anos de imagens do Pantanal (2000 a 2009) em intervalos quinzenais, totalizando 227 mapas de inundação. Dados de chuvas obtidos por satélite e dados de nível dos rios também foram considerados para toda a bacia, incluindo a área do planalto adjacente e a planície, que é o Pantanal propriamente dito.

A pesquisa estabeleceu, a partir do uso de modelos estatísticos, as relações entre chuva, nível dos rios e área inundada, conhecendo-se o deslocamento dos fluxos de água. Informações como o nível do rio e o tempo de deslocamento entre os pontos de medição são muito importantes na tomada de decisão. Padovani dá um exemplo: "se a inundação de uma determinada região do Pantanal é influenciada por um rio, sabendo-se o nível desse rio, acima, é possível determinar se essa região será inundada com uma precisão conhecida, e em que momento isso deve ocorrer".

A decisão de retirar ou não o gado dessas áreas é crítica, pois pode gerar grandes gastos aos pecuaristas e desgaste para os animais. Em situações em que é feita a retirada do gado, mas a inundação não ocorre, o gasto é desnecessário. Também pode ocorrer o contrário: o gado não ser retirado a tempo e a inundação ocorrer. "Aí os prejuízos são ainda maiores, pois pode ocorrer a morte de muitos animais", afirma.

O Sismonpan é, portanto, uma tecnologia baseada na integração de geotecnologias, dados climáticos e hidrológicos, além do conhecimento do ecossistema. Tudo foi organizado em um banco de dados, focado para a solução de problemas reais.

Padovani explica que as análises prévias de regiões de risco e emissões de alertas podem ser geradas voluntariamente pelo gerente do sistema ou mediante demanda dos interessados.

"As informações podem ser veiculadas por diversos meios de comunicação para informar entidades de classe (sindicato rurais, comunidades de pescadores), o poder público e outros públicos de interesse. É importante que essa informação circule também em programas de rádio, muito populares e de grande alcance no Pantanal", conclui o pesquisador.

Serviço:

O Sismonpan será apresentado durante a solenidade de comemoração do 38º aniversário da EmbrapaData:26 de abrilLocal:  Sede da Embrapa (final da av W3 Norte- Brasília-DF)Horário:19 horas

Mais informações:

Embrapa Pantanal    Ana Maio(MTb)Contatos: 67 3234 5800/5900

Further information on the topic
Citizen Attention Service (SAC)
www.embrapa.br/contact-us/sac/

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