Um experimento FACE – Free-Air Carbon Dioxide Enrichment , o primeiro na América Latina e o primeiro no mundo com café, será inaugurado em área do campo experimental da Embrapa Meio Ambiente em Jaguariúna, SP em 25 de agosto.

Inicialmente, nesta área do FACE foram plantadas nos primeiros meses de 2010 mudas de café (cultivares Catuaí e Obatã) para dar início ao ensaio, que vai medir os efeitos do aumento da concentração de gás carbônico (CO2) na atmosfera e a relação destes efeitos com a ocorrência de problemas fitossanitários da cultura.

A pesquisadora Raquel Ghini, líder do projeto Climapest, ao propor o estudo, vislumbrou a possibilidade de unir a Fitopatologia (estudo das doenças de plantas), com a questão emergente das mudanças climáticas. "O objetivo é avaliar os impactos do aumento da concentração de CO2 sobre doenças, pragas, plantas daninhas do cafeeiro, além de aspectos fisiológicos, nutricionais, econômicos, entre outros da cultura", informa ela.

De acordo com Raquel, "o método ideal de estudo são os ensaios FACE, onde há a liberação de CO2 em condições de campo, permitindo o estudo das respostas em agro-ecossistemas intactos. As parcelas experimentais são grandes e subparcelas podem ser utilizadas para melhor aproveitamento do ensaio", explica ela.

Programação8h15 – Abertura - Celso Manzatto (chefe geral da Embrapa Meio Ambiente)8h30 – Impacto do aumento da concentração de dióxido de carbono atmosférico sobre a agricultura –  Raquel Ghini (Embrapa Meio Ambiente)9h45 – Implantação do experimento FACE – André Torre Neto (Embrapa Instrumentação, São Carlos, SP)10h30 – Ten years of SoyFACE experimente in Illinois-USA: results and perspectives – Donald Ort (USDA, Agricultural Research Service, EUA)11h – Visita ao experimento FACE

Projeto ClimapestO experimento FACE faz parte do projeto "Impactos das mudanças climáticas globais sobre problemas fitossanitários – Climapest" que até 2012 avalia o impacto das mudanças climáticas sobre doenças, pragas e plantas invasoras de importantes culturas para o agronegócio brasileiro, visando ao desenvolvimento de alternativas de adaptação para o controle dos problemas fitossanitários predominantes nos cenários climáticos futuros. O Climapest vai estudar 85 problemas fitossanitários de 16 culturas: soja, café, laranja, milho, forragicultura, espécies florestais, maçã, pêssego, banana, manga, uva, mandioca, algodão, mamona, coco e dendê. O projeto é multidisciplinar com a participação de 134 pesquisadores de 16 Unidades da Embrapa e de 21 parceiros externos, totalizando 37 instituições.

Segundo Emília Hamada, vice-líder do Climapest, "o conhecimento dos impactos e a análise das alternativas de adaptação são estratégicos para a agricultura brasileira, uma vez que problemas fitossanitários com menor importância poderão ser responsáveis por sérios prejuízos nos cenários futuros e estes, de modo geral, são pouco estudados e nem sempre possuem ainda método de controle viável", reforça ela. A pesquisadora salienta que tais grupos de organismos estão entre os principais fatores responsáveis por reduções da produtividade, colocando em risco a sustentabilidade do agro-ecossistema, devido aos seus impactos negativos, tanto econômicos quanto sociais e ambientais. Daí a importância do projeto.

No entanto, apesar da grande importância do tema, as pesquisadoras informam que poucos trabalhos foram realizados, seja por meio de simulação ou por meio de experimentação, tanto no Brasil quanto no exterior (sendo que a maior parte dos trabalhos foi conduzida no Hemisfério Norte). Neste sentido, o projeto visa avaliar especificamente os efeitos do aumento da concentração do dióxido de carbono atmosférico (CO2); as alterações da temperatura; do aumento da radiação ultravioleta (UV-B) sobre micro-organismos associados às plantas; e os riscos potenciais das mudanças climáticas na distribuição geográfica e temporal.

Mais informações na página do projeto na Internet.

Eliana Lima, MTb. 22.047 Embrapa Meio Ambiente(19) 3311.2748elima@cnpma.embrapa.br