Evento tradicional da Embrapa Clima Temperado (Pelotas,RS) desde 2004, o Encontro sobre Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul, iniciou nesta terça-feira (22) alcançando sua sétima edição. O evento ao mostrar as novidades tecnológicas em fruticultura, trouxe também estratégias americanas de utilização e exportação das pequenas frutas para serem compartilhadas por pesquisadores dos Estados Unidos, já que o Brasil possui um alto índice de exportação das pequenas frutas. Além disso o Encontro, no primeiro dia, se centrou no debate sobre a presença da praga Drosophyla suzukii nos pomares. A nova praga Drosophyla suzukii O tema destaque na manhã da terça-feira (22) foi a apresentação da nova praga, a mosca Drosophyla suzukii conhecida como drosófila da asa manchada, que tem causado danos às pequenas frutas (amora preta, cereja, morango, mirtilo e framboesa). De origem asiática, a praga tem se alastrado nos últimos anos e tem a capacidade de inserir os ovos no interior das frutas, além de ocasionar sérios problemas como perda de 30% na produção dos frutos. "A praga ao fazer a oviposição no interior dos frutos, faz com que as larvas se desenvolvam e comecem a comê-los, fazendo com que as frutas apodreçam. No morango, por exemplo, há um extravasamento do líquido e, nos cultivos, é perceptível a mancha vermelha nas áreas, sendo um sintoma característico da praga. Como é um inseto pequeno, pode ser usada uma lupa ou um estereomicroscópio", relata o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Régis Sivori dos Santos. Outro assunto abordado foi a nova tecnologia Uzum, da Embrapa Uva e Vinho (Bento Gonçalves/RS). É uma ferramenta que ajuda no diagnóstico de pragas, doenças e outros problemas específico da videira ao oferecer um pré diagnóstico mais eficaz do problema, além de ser uma utilização livre e gratuita. "Estamos expandindo essa ferramenta para outras culturas, como o morango, o pêssego e a maçã. O projeto é recente e tem duração de três anos, então até a finalização, será utilizado nestas frutas", afirma Flávio Bello Fialho, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho. Palestra internacional O professor da área de horticultura da Universidade da Florida, Steven Sargent, falou sobre as tendências do mercado de frutas pequenas na América do Norte, quais possibilidades para aumentar a exportação das frutas brasileiras e as estratégias para alcançar mercados distantes. "Existe um mercado interno no Brasil oportuno. É possível avançar nas áreas urbanas e também espalhar este mercado ao resto do país. Outra opção é que os pequenos agricultores enviem seus produtos para fora do país, devido a qualidade das pequenas frutas", salienta Sargent. Abertura oficial do evento A abertura do evento ocorreu após a finalização das palestras no primeiro dia do Encontro. Participaram da mesa de abertura, o chefe adjunto de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Clima Temperado, Jair Nachtigal, representando a Chefia Geral; o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Fruticultura e pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza, CE), Ricardo Alvez; o presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos de Pelotas (Aeapel) e pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Jamir Silva; a professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Márcia Schuch; a extensionista da Emater/RS-Ascar, Janaina Rosa e o pesquisador da Embrapa Clima Temperado e coordenador do evento, Luis Eduardo Antunes. As pequenas frutas são caracterizadas pelo seu grupo específico, seja pelas espécies ou famílias que pertencem, e dentro deste grupo, estão as frutas que serão discutidas durante o evento, amora preta, framboesa, mirtilo, morango e as pequenas frutas nativas, ao englobar a nomenclatura internacional small fruits. O coordenador do evento, pesquisador Luis Eduardo Antunes explicou que estas pequenas frutas são muito importantes para o Rio Grande do Sul, pois agregam valor à propriedade, são espécies que auxiliam na diversificação de renda de pequenos produtores, além de produzir um produto de grande valor. "Todas informações discutidas aqui no evento são de grande valia para a nossa cadeia produtiva, para os produtores e também para a formação de recursos humanos. Nosso público é formado por técnicos da extensão rural, professores universitários, estudantes de pós graduação e produtores e, essas informações balizam várias tomadas de decisão daqui pra frente", afirma Luis Eduardo Antunes. "Quando se fala em pequenas frutas ou frutas nativas, não tem como não olhar o enorme potencial que se tem. É preciso estarmos unidos, com outras instituições, nas nossas pesquisas, junto à universidades, empresas de extensão, com o propósito de aliar conhecimento. Tomara que as frutas sejam pequenas, só no nome, e que agreguem muito valor e cresçam muito", afirmou Jair Nachtigal, representando o chefe-geral da Embrapa Clima Temperado. O evento se estende até esta quinta-feira (24) e contará com diversas palestras, dentre elas sobre a nutrição mineral de pequenas frutas e o consumo de frutas nativas x combate à doenças. O Encontro é uma realização da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Sociedade Brasileira de Fruticultura (SBF), Associação dos Engenheiros Agrônomos de Pelotas (Aeapel), Fundação de Apoio à Pesquisa Edmundo Gastal (Fapeg), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Emater-Ascar/RS, Governo do Estado do Rio Grande do Sul e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).