Parceria com criadores gera resultados sobre pecuária de corte em ILPF
Parceria com criadores gera resultados sobre pecuária de corte em ILPF
Uma parceria firmada entre Embrapa Agrossilvipastoril e as Associações de Criadores de Mato Grosso e do Norte de Mato Grosso, Acrimat e Acrinorte, tem possibilitado a realização de pesquisas com a pecuária de corte em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), em Sinop (MT). O trabalho conjunto já tem gerado resultados.
No primeiro ano de avaliação do gado da raça nelore, os animais obtiveram um ganho de peso de até 32 arrobas por hectare em pastagem de Brachiaria brizantha cv Marandu, arborizada com linhas simples de eucalipto a cada 37 metros, e semeada em consórcio com o milho após dois anos de lavoura de soja na safra e milho na safrinha.
O resultado é cinco vezes maior do que a média nacional de ganho de peso e oito vezes maior do que a média das propriedades mato-grossenses.
A pesquisa também avaliou o desempenho dos animais em um sistema de integração lavoura-pecuária sem arborização, no sistema silvipastoril com linhas triplas de eucaliptos a cada 20 metros e em sistema de criação extensiva em pastagem. Na ILP, foram obtidos resultados que variaram de 24 a 20 arrobas por hectare nas quatro repetições do experimento. Já no sistema silvipastoril e na pecuária exclusiva a média de produtividade foi de 17 arrobas por hectare em um ano.
Todos os resultados superam com folga a média nacional de 6 arrobas por hectare e a média estadual, que é de 4 arrobas por hectare.
De acordo com o pesquisador Bruno Pedreira, os números indicam os benefícios da ILPF para a pecuária e a sinergia existente entre os componentes do sistema.
"Um bom manejo do pastejo, ajuste da taxa de lotação com orçamentação forrageira da fazenda, uso da lavoura e uso do componente florestal. Tudo isso para que se tenha os benefícios da lavoura, que propicia maior produção de capim, o benefício da árvore oferecendo ambiência e desempenho melhor para os animais, para que no fim do dia possamos colher mais num mesmo hectare de terra", explica o pesquisador.
Bruno Pedreira ainda destaca o fato de mesmo na pecuária exclusiva, sem integração com árvores e lavoura, foi possível obter um resultado muito acima das médias do país e do estado. Isso indica que mesmo com a utilização de tecnologia na atividade já praticada, fazendo a correção de solo, adubação de manutenção das pastagens e ajuste da taxa de lotação em função da disponibilidade de forrageira, é possível aumentar a produtividade.
Em todos os tratamentos da pesquisa a pastagem recebeu adubação de manutenção no mês de dezembro. Foram adicionados 50 Kg de nitrogênio e potássio e 40 Kg de fósforo por hectare. O pasto, por sua vez, foi manejado na altura de 30 cm, adicionando ou retirando animais de acordo com a demanda da planta forrageira. Os animais, que entraram no experimento com cerca de 335 Kg receberam suplemento proteinado de 0,1% do peso vivo.
A pesquisa ainda deu indícios importantes sobre a contribuição da sombra para a melhora do desempenho animal. Na avaliação dos sistemas em que a pastagem foi precedida por lavoura, o ganho de peso médio diário variou de 660 g/dia na área com árvores para 550 g/dia no pasto sem arborização. O que resultou em uma diferença de 8 arrobas por hectare.
"A única diferença que temos entre os tratamentos ILP e ILPF é o fato de ter árvores. Então por algum motivo, em algum lugar lá dentro esse ganho está sendo aditivado ao sistema. Isso pode estar relacionado á ciclagem de nutrientes, à sombra, à temperatura. Há quem diga, inclusive, que os animais estão mais tranquilos com as árvores", diz o pesquisador Bruno Pedreira.
Dados do comportamento animal também reforçam a tese do benefício das árvores para a pecuária no sistema ILPF. Levantamentos feitos no mesmo experimento mostraram que os bois ficaram 90% do tempo de ruminação e 76% do seu período de ócio na sombra.
Parceria
Os animais utilizados nas pesquisas com pecuária de corte na Embrapa Agrossilvipastoril são fornecidos por pecuaristas da região por meio de uma parceria firmada com a Acrinorte. O acordo facilita o manejo do rebanho por parte da Embrapa e possibilita a utilização de bezerros mais uniformes nos experimentos.
Um contrato entre o centro de pesquisa e a Acrimat, por sua vez, ajuda a custear as despesas de manutenção do rebanho e de aquisição de insumos.
"Um dos grandes ganhos é você conseguir, como associação de produtores, fomentar a pesquisa, que a gente sabe que é fundamental para o setor. A gente consegue mostrar para o produtor que a Acrimat esta preocupada com ele, consegue fazer a pesquisa de forma isenta e trabalha ao lado de uma instituição como a Embrapa que dá credibilidade ao trabalho", avalia o superintendente da Acrimat, Francisco Manzi.
Além de viabilizar as atividades de pesquisa, o trabalho conjunto contribui para a transferência de tecnologias para o produtor. Com a parceria, frequentemente pecuaristas participam de visitas técnicas, simpósios e dias de campo na Embrapa, onde podem acompanhar o andamento das atividades de pesquisa, ver na prática as tecnologias testadas e conhecerem os sistemas produtivos adotados.
Exemplo deste trabalho são o Simpósio de Pecuária Integrada e o Simpósio Regional de Agronegócios que ocorreram em 2016 e tiveram atividades práticas no local do experimento.
"Nem sempre a gente, como Associação, consegue chegar diretamente até o produtor com a difusão de tecnologia. Por meio das palestras, visitas, eventos, a Embrapa recebe muitos produtores ao longo do ano e eles podem ver de perto o trabalho que está sendo realizado e os resultados que são gerados", afirma Manzi.
O superintendente da Acrimat ainda destaca o alinhamento das pesquisas com ILPF com a tendência de intensificação sustentável, que vem sendo seguida pelos pecuaristas.
"Você crescer em eficiência é uma exigência para toda atividade. A pecuária não é diferente. Os números mostram que é possível melhorar e existe muito espaço para crescer. Hoje, com tecnologias, não colocando os ovos numa única cesta, você pode trabalhar em áreas menores, de maneira mais produtiva e eficiente".
Gabriel Faria (mtb 15.624/MG JP)
Embrapa Agrossilvipastoril
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