Extrativistas participam de dia de campo sobre Sistemas Agroflorestais
Extrativistas participam de dia de campo sobre Sistemas Agroflorestais
Moradores da Reserva Extrativista Chico Mendes participaram de dia de campo sobre Sistemas Agroflorestais (SAF), consórcios que combinam culturas agrícolas com espécies arbóreas e representam importante alternativa para diversificar a produção. O evento, promovido no início de novembro pela Embrapa Acre, em parceria com a Cooperacre, apresentou resultados de uma experiência com Sistema Agroflorestal (SAF), com o objetivo de incentivar a adoção dessa estratégia de produção.
Realizado como ação do Projeto Bem Diverso, executado pela Embrapa e organismos internacionais, o dia de campo aconteceu na propriedade do extrativista João Evangelista, no seringal Porvir, onde a Embrapa instalou, há quatro anos, um experimento de dois hectares, combinando o plantio de seringueiras, açaí, bananeiras, castanheiras e culturas anuais como milho e feijão.
"Eu estou satisfeito por ter destinado uma área de pastagem para esse plantio, porque agora tenho uma renda a mais. De todas essas culturas, só não vendi o milho porque usei no preparo de ração para a criação de aves. Daqui a três anos, pretendo iniciar o corte das seringueiras. Na mata, a gente passa até dez horas para cortar 150 árvores e nessa área de SAF é possível cortar até 400", afirma Evangelista.
Esse experimento foi instalado como ação do projeto Sistemas Agroflorestais para a Recuperação de Áreas Degradadas (Saram), coordenado pela Embrapa Acre, que tem como objetivo modelos de sistemas agroflorestais compatíveis com o ambiente e com impacto positivo nas condições sócio-econômicas de projetos de assentamento e em áreas de reservas extrativistas na Amazônia. João Evangelista gostou tanto dos resultados obtidos que já planeja ampliar o Sistema Agroflorestal, com instalação de uma nova área. "É importante ter outras fontes de renda sem abrir novas áreas", conta.
Sistemas Agroflorestais na Resex
Outros moradores da Reserva também vão implantar estes sistemas em suas propriedades, por meio do projeto "Extrativismo Sustentável – Fortalecendo a economia de base florestal no Acre", coordenado pela Cooperacre, com recursos do Fundo Amazônia. Segundo o técnico da Cooperacre, Adriano Alex Rosário, serão beneficiadas 59 famílias de cinco comunidades.
"O objetivo é fortalecer a economia de base florestal, com a restauração de áreas alteradas e incorporação ao sistema produtivo, por meio da implantação de Sistemas Agroflorestais, tendo a castanha-do-brasil, a seringueira e o açaí como culturas principais. Por isso trouxemos esses extrativistas para conhecer o experimento da Embrapa, para estimular a adoção dessa alternativa de produção", afirma.
A extrativista Gleidiane Matos, membro da Associação Nossa Senhora do Seringueiro, constatou as vantagens dos SAF´s e acredita que estes sistemas podem mudar a realidade das famílias rurais. "Uma das coisas que eu mais gostei de ver foi o açaí bonito, junto com a banana. É um aprendizado que a gente vai levar para a vida toda. Se tivéssemos adotado esse sistema há mais tempo, com certeza estaríamos com uma renda melhor agora", disse.
Severino da Silva Brito, morador do seringal Porvir, já possui uma área de SAF e poderá ampliar os cultivos com apoio do projeto Extrativismo Sustentável. "Depois da queda do preço da seringa, nós, os extrativistas, ficamos sem saber ao certo que caminho seguir. Acredito que o SAF é uma alternativa que devemos adotar", declarou.
Para o pesquisador da Embrapa, Tadário Kamel, é importante disponibilizar alternativas que permitam diversificar a produção e a renda familiar. "Na Reserva Extrativista, as condições são ideais para uma produção diversificada porque há a floresta, que fornece castanha-do-brasil, seringa e açaí. Pode-se destinar uma área para os SAFs e incrementar ainda mais a produção destes componentes, quanto de grãos e outras frutas para a segurança alimentar", afirma.
Bem Diverso
O projeto Bem Diverso é uma parceria entre a Embrapa e o Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento (PNUD), financiada pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF). A iniciativa, liderada pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília/DF), desenvolve ações nos diferentes biomas do País e tem como principal objetivo conservar a biodiversidade brasileira e gerar renda para comunidades tradicionais e agricultores familiares.
Priscila Viudes (Mtb 030/MS)
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