Desafios da olivicultura no RS são debatidos em evento estadual
02/12/16
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Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Produção vegetal Transferência de Tecnologia
Desafios da olivicultura no RS são debatidos em evento estadual
Foto: Paulo Lanzetta
As oliveiras começam a frutificar a partir do terceiro ano de plantio e podem perdurar até 70 anos. O grupo Batalha abriu as portas pela segunda vez para mostrar aos agricultores o potencial da cultura no RS.
O Rio Grande do Sul possui uma das maiores áreas de produção no país. A cultura é considerada longeva e de alta produtividade e renda.
Na terça-feira (29) teve início o II Encontro Estadual e a 2ª Reunião Técnica Nacional de Olivicultura, no auditório Ailton Raseira, da Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS). O evento tem como objetivo promover um intercâmbio de informações sobre a olivicultura no Estado do Rio Grande do Sul. O Encontro contou com 250 participantes, entre técnicos, produtores, pesquisadores, estudantes e representantes de empresas públicas e privadas de diversos países, dentre eles Argentina, Uruguai e Portugal.
Durante o primeiro dia do evento foi abordada a situação da olivicultura no Brasil. O pesquisador da Embrapa Clima Temperado Enilton Coutinho destacou o manual de boas práticas para produção de oliveiras, desenvolvido pela Embrapa e que deve ser publicado em março de 2017. No documento estão disponíveis informações sobre técnicas para melhorar os resultados de produção, como adubação, preparo do solo, tratamento fitossanitário, poda ideal, dentre outros.
O pesquisador destacou que mais da metade das cidades do Rio Grande do Sul possuem uma boa adaptação do solo para o desenvolvimento da olivicultura, destacando-se com maior área de cultivo os municípios de Barra do Ribeiro, Cachoeira do Sul, Candiota, Caçapava do Sul, Dom Pedrito, Encruzilhada do Sul, Pinheiro Machado, Santana do Livramento e São Sepé.
Quanto aos desafios para produção de olivicultura apresentados no evento foram apontadas a falta de materiais genéticos e o lançamento de novas cultivares. Mas neste aspecto, a pesquisa tem buscado inovações, tendo lançado nove cultivares adaptadas ao Estado nos últimos anos. Além disso, também é necessária uma linha de crédito compatível com a olivicultura e o estabelecimento de normas técnicas de produção integrada. O pesquisador ressaltou também que há pouco recurso financeiro para essa área da pesquisa e poucos profissionais que trabalhem com a cultura das oliveiras.
Produção de azeites
O coordenador do Programa Estadual Pró-Oliva, Paulo Lipp João, falou sobre as políticas públicas para olivicultura no Rio Grande do Sul. Segundo Lipp, o Estado busca atender à reivindicação dos produtores, como redução de impostos e tributação às importações no que diz respeito à produção e comercialização de azeites. Em outubro deste ano foi publicado o decreto que reduz de 18 para 7% o Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICM) no Estado. Isto faz com que o azeite gaúcho tenha a mesma competitividade dos azeites de outras áreas do país. Outra alternativa levantada para valorizar o produto nacional seria o aumento do imposto sobre os azeites importados.
Segundo o Fiscal Federal Agropecuário do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), Ricardo Furtado, o azeite produzido no Rio Grande do Sul é extra virgem, mas é necessária uma rede de laboratórios credenciados e aptos para certificações com relação à qualidade do azeite. "Os azeites de tipo extra virgem e o virgem lampante possuem padrões e indicações limites que devem ser atendidos. A partir do momento em que ultrapassam essas marcas, passam a outras classes", explicou.
Produção no Estado
Em 2016, umas das melhores áreas do plantio de oliveiras foi em Barra do Ribeiro/RS, mas Lipp afirma que isso é muito relativo, pois depende do clima e que a cada ano deve modificar a área com maior colheita do fruto. Ele garante que o Rio Grande do Sul possui a maior área de oliveiras do país. Segundo o pesquisador, Enilton Coutinho as oliveiras começam a produzir à partir do terceiro ano de colheita, do oitavo ao décimo ano atingem o auge de produção, podendo durar até 70 anos. "Para um bom rendimento na olivicultura é necessário observar como cada produtor irá tratar os olivais; se ele segue as tecnologias recomendadas por especialistas, realizando as instruções, a sua renda bruta pode alcançar até 30 mil reais por hectare", explicou.
Abertura e homenagem
Na manhã da terça-feira (29) aconteceu a abertura oficial do evento, que contou com a presença do secretário da Agricultura, Pecuária e Irrigação do Rio Grande do Sul, Ernani Polo, representando o governador do Estado, José Ivo Sartori; o diretor do Departamento de Integração e Mobilidade Social da Secretaria de Mobilidade Social, do Produtor Rural e do Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Juarez Távora de Freitas Júnior; o coordenador da região Sul da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), João Carlos Soares Caldeira, representando o secretário da pasta, Tarcíso Minetto; o chefe-geral da Embrapa Clima Temperado e representante da unidade na comissão organizadora do evento, Clenio Pillon; o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Sérgio Schwarz; e o gerente do escritório regional de Pelotas da Emater/RS-Ascar, Luiz Maria Miranda Godói.
Para o chefe-geral da unidade, Clenio Pillon, as empresas tem feito da olivicultura um case no Brasil. Segundo ele, nos últimos dez anos a pesquisa em oliveiras teve avanços a partir da parceria com o Estado, Mapa e com as Universidades. "Construímos uma rede, que possui um potencial para agregação de valor dos azeites, trazendo premiações mundiais neste segmento. Hoje conseguimos ganhar espaço com uma cultura extremamente recente", destaca.
Na abertura oficial foi realizada uma homenagem póstuma ao ex-chefe da Embrapa Clima Temperado, Edy de Araujo Fernandes, por sua contribuição à olivicultura gaúcha. Além de chefe da Embrapa, Edy foi chefe do Serviço Oleícola na Secretaria da Agricultura do Estado, além de ser pioneiro nas publicações sobre cultivo de oliveiras no Rio Grande do Sul. A homenagem foi entregue pelo secretário da Agricultura, Pecuária e Irrigação do Estado, Ernani Polo. Receberam a homenagem, em nome do senhor Edy, a esposa Gládis Fernandes, a filha Lúcia Fernandes e o neto João Miguel Fernandes da Costa.
O secretário da Agricultura, Pecuária e Irrigação do Rio Grande do Sul, Ernani Polo, representando o governador do Estado, José Ivo Sartori, afirmou que o Estado está em processo de evolução em relação à olivicultura. Ressaltou ainda que, em 2015 foi lançado o programa estadual Pró-Oliva. O programa visa trabalhar todas as vertentes da olivicultura, desde a sanidade, controle de qualidade da cultura, processo de implementação de pomares, assistência técnica aos agricultores, dentre outros. "Tivemos um avanço na competitividade dos azeites produzidos no Estado, pois há um aumento na venda dos azeites importados, sendo que o nosso produto regional possui uma qualidade superior, além de estimular os produtores", destaca Ernani Polo.
O evento foi uma realização da Embrapa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Emater/RS-Ascar e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e patrocinado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Badesul e empresa Batalha.
Visita técnica
O Rio Grande do Sul possui 13 indústrias produtoras de olivicultura. Com a intenção de estimular a abertura de novas indústrias, no segundo dia do evento, os participantes visitaram os olivais e à indústria de Azeites Batalha em Pinheiro Machado/RS.
Na propriedade foi compartilhado o funcionamento da empresa, além de orientações aos produtores junto às oliveiras e os visitantes tiveram a oportunidade de esclarecer suas dúvidas sobre o cultivo. Durante o dia foram tratados também assuntos como manejo de olivais irrigados e não irrigados e qualidade do azeite.
Segundo o empresário Luiz Eduardo Batalha, a propriedade contém 15 cultivares diferentes de oliveiras, sendo que o objetivo é aumentar a área plantada para 500 hectares. "É a segunda vez que abro as portas da minha propriedade. É uma forma de estimular que se tenham novos produtores na olivicultura", incventivou Batalha.
Leticia Eloi (Colaboradora)
Embrapa Clima Temperado
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