22/01/14 |   Agroecologia e produção orgânica

Encontro técnico sobre agroecologia reúne grande número de interessados na Embrapa

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Foto: Fábio Noleto

Fábio Noleto - Dia de campo sobre sistemas agroflorestais

Dia de campo sobre sistemas agroflorestais

Mais de 150 pessoas, entre profissionais de transferência de tecnologia, agricultores cooperados, estudantes e autoridades, participaram do encontro promovido na Fazendinha Agroecológica, na sede da Embrapa Arroz e Feijão, no último dia 17 de janeiro. O evento teve como objetivo apresentar e discutir técnicas aplicadas em adubação verde, em cultivos orgânicos e em sistemas agroflorestais, abrangidas dentro da perspectiva maior da agroecologia.

O pesquisador Enderson Ferreira mostrou o experimento de café consorciado com feijão. O cultivo do primeiro vem sendo conduzido há dez anos e, no início das chuvas de verão, são semeados nas entrelinhas adubos verdes como o guandu, o feijão de porco, a crotalária e a mucuna preta. Em janeiro de cada ano, essas plantas são manejadas e é feito o plantio do feijão. Nesse caso, os adubos verdes funcionam como fixadores do nitrogênio, elemento que é absorvido posteriormente pelas culturas para o desenvolvimento e a formação de grãos.

Enderson Ferreira apresentou ainda os cultivos orgânicos de milho e de feijão. Essas culturas são implantadas no início das chuvas, em outubro/novembro, e, em março/abril, após a colheita dos grãos, são semeados os adubos verdes ou as plantas de cobertura do solo, como o sorgo forrageiro, os quais são manejados até a safra de verão seguinte, quando, então, acontece novamente o plantio do milho e do feijão nos sistemas plantio direto ou plantio convencional. Nessa situação, as plantas de cobertura e os adubos verdes são empregados também como condicionadores do solo, promovendo a melhoria de suas qualidades físicas, químicas e biológicas.

O pesquisador Alexandre Barrigossi discorreu no evento sobre o equilíbrio, entre os insetos pragas e os inimigos naturais, que foi atingido na área da Fazendinha Agroecológica. Isso é atribuído às práticas de manejo utilizadas, como o controle biológico, a utilização de repelentes e, principalmente, a não utilização de controle químico. Tal equilíbrio pode ser observado pela ausência de maiores danos, provocados por insetos praga na cultura do feijão e do milho e pelo aumento no número e na quantidade de insetos benéficos.

Já o pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão Agostinho Didonet apresentou os chamados sistemas agroflorestais. Há cinco anos foi realizado o plantio de espécies como o Angico, o Ipê, o Baru, a Cagaita, a Aroeira, o Pequi, o Ingá e a Farinha Seca, cuja finalidade reúne a produção dos frutos e a de madeira. Nessa condição, os cultivos do milho, do feijão, do amendoim e do gergelim são semeados na entrelinha das árvores.

As culturas citadas logo acima podem ser plantadas no início das chuvas de verão na forma de sucessão, com os adubos verdes semeados após a colheita, perdurando por toda a entressafra. Há também a possibilidade de se efetuar o plantio das culturas no período de safrinha, após o cultivo dos adubos verdes estabelecidos no começo da estação chuvosa. Nesse caso, os adubos verdes são manejados no período da floração, ocasião em que há o maior acúmulo de nutrientes em suas biomassas.

Dez anos da Fazendinha Agroecológica
Os trabalhos realizados na Fazendinha Agroecológica começaram em 2003 e, ao longo do tempo, foi desenvolvido o aprendizado para lidar com as técnicas de adubação verde, de cultivo orgânico e dos sistemas agroflorestais. Houve desde o início a busca pela diversificação do plantio das espécies vegetais, seja em rotação, seja em sucessão, seja em consórcio, para se evitar qualquer monocultura, o que é indispensável para um sistema considerado agroecológico.

Em relação ao manejo da fertilidade do solo no local, foram usados, nos dez anos de trabalho, apenas produtos preconizados pela legislação para a agricultura orgânica e o acompanhamento foi realizado mediante análise química e física do solo. Foram empregados ainda biofertilizantes, repelentes para pragas e também o controle biológico, como por exemplo, a aplicação de trichogramma para controlar a população da lagarta do cartucho do milho. Atualmente, o equilíbrio na área da Fazendinha Agroecológica foi atingido, necessitando apenas a continuação da execução das práticas de manejo utilizadas.

No que diz respeito ao aspecto da produção, o foco da Fazendinha Agroecológica não é a obtenção de altas produtividades, mas, sim, a agregação de valor aos produtos, por se tratar de orgânicos; e a diversificação na produção de alimentos e na geração de renda, com os vários cultivos aliados à preservação ambiental. Apesar dessa ressalva, vale destacar que a produtividade média obtida nos últimos anos com o feijão, tanto do tipo carioca quanto de grão preto, tem sido de 2.000 kg/ha e de milho varietal, 7.000 kg/ha.

Rodrigo Peixoto (1.077 MTb/GO)
Embrapa Arroz e Feijão

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