Tem sido uma semana farta em participação e ideias. Dez palestrantes, duas palestras por manhã. Reflexão. Público diário oscilando entre 60 e 100 pessoas. No auditório, empregados de todos os segmentos funcionais e parceiros convidados. É o "Ciclo de Seminários e Debates para o Planejamento Estratégico da Embrapa Amazônia Oriental" seguindo seu curso, que terá mais um dia de programação na próxima quarta-feira (14).
Os seminários fertilizam o terreno para a construção do V Plano Diretor da Unidade (PDU) e representam uma agenda de impacto. "A proposta é estimular o debate sobre aspectos do ambiente externo à instituição que apresentam grande potencial de influenciar as novas diretrizes para a pesquisa agropecuária regional", diz o pesquisador Milton Kanashiro, um dos organizadores.
Entre as questões mais instigantes levantadas nas palestras ou nos debates estão as que foram expostas ontem (8) por Silvio Crestana, ex-presidente da Embrapa e pesquisador da Embrapa Instrumentação Agropecuária. "Espero ter motivado corações e mentes", disse ele ao final. Tendo em vista o pensar e o agir na Amazônia, na sua fala tocou em pontos que levam à reflexão sobre como tomar decisões gerenciais no contexto de novas dimensões da ética, do conhecimento e da resiliência (habilidade de se adaptar com facilidade às intempéries, às alterações ou aos infortúnios) na prática individual, corporativa e da cidadania, tendo que se lidar com a incerteza, a mudança, a complexidade, as tecnologias convergentes e o risco.
O pesquisador foi mais além. E o salto da transdisciplinaridade como condição para o progresso da agricultura ? E a possibilidade de uso de veículos aéreos não tripulados (Vants) em benefício da agricultura na Amazônia? E a pressão sobre as áreas aráveis que tendem a aumentar drasticamente até 2050, quando a população mundial é estimada em quase 10 bilhões de pessoas? E a nova ciência, a Socio-tec? E o manejo de sistemas complexos?
"Todos os conceitos que citei são passíveis de internalização pelas pessoas, pois como seres humanos temos capacidade de criar quando estamos motivados e de buscar soluções para problemas que conseguirmos enxergar com clareza e sem medo", comentou Crestana. O ex-presidente da Embrapa ressaltou que "a articulação entre as Unidades da Embrapa na Amazônia valiosa para estabelecer planejamentos integrados, tanto na área de Transferência como na Pesquisa".
Ambiente externo
Analisar o ambiente externo para planejar os planos diretores das Unidades é uma etapa que as Unidades da Embrapa têm recomendação de realizarem em tempo de construção de PDU. "Mas o que estou presenciando aqui é algo diferenciado, uma programação com boa representatividade de palestrantes e instituições e uma grande diversidade de temas", considerou Antônio Eduardo Guimarães dos Reis, coordenador de Planejamento da Secretaria de Gestão Estratégica - SGE da Embrapa (Brasília/DF), que veio como público.
"Em anos anteriores, o habitual era promover enquetes dirigidas, mas nem sempre isso dava o resultado de construção conjunta esperado", salientou o chefe-geral interino, Austrelino Silveira Filho. Desta vez, diz ele, "teremos, além da enquete que ficará disponível na internet, os seminários, as oficinas presenciais e a atenção diferenciada aos Napts". Napts são os Núcleos de Apoio a Pesquisa e Transferência de Tecnologia da Unidade, em número de seis distribuídos em polos de desenvolvimento do Estado do Pará.
Na pauta, temas relevantes no contexto amazônico, sugeridos por empregados: Código Florestal; direitos fundamentais dos povos indígenas e comunidades tradicionais; geografia do dendê no Pará, soberania e segurança alimentar; integração entre Pesquisa e Ater; projetos de infraestrutura; sistemas de produção e tipologias de produtores; defesa sanitária; além dos desafios inerentes à Ciência, Tecnologia & Inovação (C,T & I) na região.
Participam palestrantes vinculados ao Ministério Público do Pará, Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Instituto Tecnológico Vale Desenvolvimento Sustentável, Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará), Instituto de Desenvolvimento Florestal do Pará (Ideflor) e à própria Embrapa.