28/01/13 |   Biodiversity  Climate change

Fator agrícola é chave para o sucesso do REDD+

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A Embrapa Amazônia Oriental (Belém/PA) teve sua importância amplificada globalmente no mês passado, por ocasião da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-18) realizada em Doha, capital do Qatar, de 26 de novembro a 8 de dezembro.

Os trabalhos de pesquisa realizados na instituição por uma de suas pesquisadoras subsidiaram a elaboração de um dos mais importantes documentos lançados à comunidade internacional durante o evento.

O título do relatório sinaliza para o segredo do negócio, o mapa do tesouro e seu valor: "Entendendo as relações entre biodiversidade, carbono, florestas e pessoas: a chave para cumprir os objetivos do REDD+". A obra reúne - de forma completa e com uma visão integrada das questões ambiental e socioeconômica - informações atualmente indispensáveis para subsidiar tomadores de decisão, políticos e potenciais doadores e investidores financeiros do REDD+.
REDD+ é a sigla usada mundialmente para o mecanismo de conservação de florestas chamado "Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal". No grupo de autores do relatório estão 24 cientistas, de 13 países (Alemanha, Austrália, Áustria, Brasil, Camarões, Canadá, EUA, Finlândia, Indonésia, Japão, Reino Unido, Suécia e Suíça). Eles fazem parte do "Painel de Especialistas em Biodiversidade, Manejo Florestal e REDD+" e trabalharam durante todo o ano de 2012 na redação do documento, sob a coordenação da IUFRO, sigla em inglês para União Internacional das Instituições de Pesquisas Florestais. No final de agosto, vieram finalizar a redação do documento em Belém, por ser Amazônia e também local de trabalho de uma das integrantes.
Serviços ambientais
A bióloga Joice Ferreira, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, é autora de dois capítulos do relatório, sendo um deles sobre melhoria das práticas agrícolas e intensificação sustentável da agricultura, considerada por ela como uma ação chave para o sucesso do REDD+. "A melhora das práticas agrícolas reduz a degradação florestal e a necessidade de novos desmatamentos", comenta a pesquisadora, ao salientar que não é mais possível pensar em conservar florestas sem considerar o fator agrícola como parte do problema e também da solução.
Joice Ferreira coordena o projeto Agroambiente (iniciado em 2009) e é também uma das coordenadoras da Rede Amazônia Sustentável - dois projetos afins que avaliam os custos e benefícios ambientais e socioeconômicos das principais opções de uso da terra na Amazônia, estudando a influência destas sobre padrões de biodiversidade e oferta de serviços ambientais.
O REDD+ ficou meio ofuscado na mídia durante a COP-18 pela exposição maior de notícias sobre a extensão do prazo do Protocolo de Kyoto. "Mas houve várias discussões específicas sobre o REDD+, principalmente sobre meios para os países desenvolvidos financiarem os países em desenvolvimento a fim de que estes conservem suas florestas, ou evitem que sejam degradadas. É importante saber a diferença entre um e outro mecanismo envolvendo florestas. Protocolo de Kyoto trata só de reflorestamento e o REDD+ vai mais além por tratar também da conservação das florestas existentes", esclarece a pesquisadora.

REDD+ na prática

O lançamento do relatório na COP-18 aumentou grandemente as chances de o documento ser visto e utilizado no futuro próximo. Na prática das negociações, a pesquisadora destaca que o relatório serve para mostrar, por exemplo, por que é importante considerar a biodiversidade e não apenas o carbono; quais os prós e contras das diferentes opções de intervenção de manejo ou qual opção traz benefícios mais imediatos (conservação de florestas, agricultura sustentável, reflorestamento, entre outras); qual o impacto do manejo em termos de carbono e também de biodiversidade. Isso tudo pode ser útil, além dos cientistas, para tomadores de decisão e possíveis doadores, dando-lhes a dimensão de como os recursos podem ser melhor aproveitados.

"Outro aspecto super importante é que o documento serve de guia para os governos, por exemplo, garantirem benefícios sociais com o REDD+, tratando de direitos de populações rurais, questões de posse de terra, evitando grilagem de terras e outras irregularidades passíveis de acontecer", salienta Joice Ferreira.
O texto completo do relatório, mais a versão resumida, intitulada "REDD+, biodiversity and people: opportunities and risks", estão disponíveis no endereço eletrônico: http://www.iufro.org/science/gfep/biodiv-forman-redd-panel/report/                      
Mais REDD+
O mecanismo REDD+ agrega um conjunto de ações de proteção de florestas com o objetivo principal de reduzir emissões de gases de efeito estufa e aumentar estoques de carbono em países em desenvolvimento. Criado em 2005, com a sigla RED, indicava apenas medidas para reduzir desmatamento. Depois passou a ser REDD (com um "d" a mais), considerando também degradação florestal.

O sinal "+" foi acrescido para incluir medidas que acelerem a recuperação dos estoques do carbono, como manejo sustentável de florestas e a regeneração delas. Dentre os avanços mais recentes estão a consideração de programas de agricultura sustentável em seu escopo, a proteção da biodiversidade e redução da pobreza no conjunto de ações e metas do REDD+, expandindo assim o foco do mecanismo para além do carbono.

Izabel Drulla Brandão (MTb 1084/PR)
Embrapa Amazônia Oriental

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