04/07/14 |   Transferência de Tecnologia

Metodologia de análise de impactos socioeconômicos e ambientais é tema de curso

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Foto: Ohana Luize

Ohana Luize - Pesquisador apresentando metodologia Ambitec-Agro

Pesquisador apresentando metodologia Ambitec-Agro

Todo projeto de pesquisa, ainda na fase de elaboração, deve prever no rol de suas atividades a avaliação dos impactos socioeconômicos e ambientais resultantes das ações implementadas durante a sua realização. Somente por meio dessa avaliação é possível medir se o projeto realmente promoveu melhorias nas condições de vida e do ambiente onde foi implantado para, posteriormente, sugerir a adoção ou corrigir as possíveis falhas que tenham ocorrido ao longo do processo. A metodologia para realizar esse tipo de avaliação foi o tema do curso realizado esta semana (02 e 03/07) na Embrapa Meio-Norte, em Teresina – PI,  voltado para articuladores, bolsistas e estagiários do projeto Biorfortificação de Alimentos (Biofort) responsáveis pela avaliação de impactos socioeconômicos e ambientais com produtores beneficiados pelo projeto em municípios do Piauí e Maranhão.

Segundo Marcos Jacob de Oliveira Almeida, analista de transferência de tecnologia da Embrapa Meio-Norte e coordenador do evento, 2.447 agricultores familiares de municípios localizados no interior dos dois estados foram cadastrados e receberão, durante a realização do projeto, sementes que serão plantadas em suas propriedades. Destes, 370 já receberam um quilo de feijão-caupi (Cultivar BRS Aracê), que foi distribuído no final de 2013 e início de 2014. Para a caracterização sócio-produtiva, foram sorteados 200 produtores que já plantaram ou consumiram a variedade de feijão distribuída. A avaliação de impactos será feita com cerca de 60 produtores, também sorteados, entre os 370 primeiros beneficiados pelas ações.

Durante o treinamento, os participantes foram capacitados para o uso da metodologia Ambitec-Agro, um sistema multicritério para avaliação de impactos socioambientais de inovações tecnológicas agropecuárias, apresentado pelo pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Geraldo Stachetti. Foram apresentadas ferramentas e procedimentos de coleta de dados e informação para avaliação de impactos socioeconômicos e ambientais junto ao produtor e ao consumidor de alimentos com maior biodisponibilidade de ferro, zinco e vitamina A, disponibilizados pelos centros de pesquisa da Embrapa. "A proposta do evento é oferecer uma primeira aproximação do grupo que está participando com o método que a Embrapa utiliza para realizar as avaliações de impacto sócio-ambiental dentro da plataforma institucional de impactos, que é utilizada para compor o Balanço social da empresa ano a ano", explica Stachetti.

A metodologia para avaliação da adoção e impactos preliminares consiste em levantar, por meio de um questionário dirigido a um potencial adotante, as informações referentes a identificação do produtor, a caracterização da propriedade, das tecnologias distribuídas e/ou adotadas, bem como suas características especiais e outras informações complementares. É por meio dessa metodologia, criada em 2000, que todas as Unidades da Embrapa alimentam, desde 2003, os índices de desempenho de impactos sócio-ambientais e também os dados sobre economia que são  agregados no Balanço Social da Empresa. Segundo Geraldo Stachetti, a vantagem da utilização da metodologia é o alinhamento à plataforma institucional que a Embrapa utiliza para avaliação de impactos. "As unidades melhoraram e se alinharam, já que todas elautilizam uma prática semelhante para realizar esse trabalho, que é algo incomum em outras empresas.Embrapa está na liderança nesse aspecto", afirma.

Ele explica, ainda, que o Ambitec-Agro é um método multicritério que tem uma característica matemática e de formato de coleta das informações que possibilita visualizar evidências de maneira quantitativa para aspectos como uso de insumos, de energia e efeitos sobre a qualidade de empregos, registrando-os em forma de tendências e coeficientes de alteração. Ela tem como objetivo obter informações que possam favorecer a condução de novos estudos para dirimir aqueles indicadores que foram mais problemáticos e promover os que sejam positivos. Outra vantagem da metodologia é poder ser aplicada às mais diversas tecnologias, desde uma variedade de batata ou de feijão fortificado para melhorar a nutrição das pessoas, ou um aparelho sensor de prenhês em porcas ou, ainda, a uma  tecnologia como a melhoria da produtividade de eucaliptos. "Ou seja, são tecnologias bem distintas, utilizadas nas mais diferentes regiões do país, mas passíveis de serem analisadas utilizando a mesma plataforma de critérios e indicadores e a mesma métrica, que é suficientemente simples a ponto de não necessitar que se leve instrumentos ao campo", ressalta.

O pesquisador comenta ainda que a abordagem pode ser traduzida como uma análise de desempenho  ambiental, social, de sustentabilidade ou ainda de impacto, pois todas são bem convergentes. "A gente pode dizer que uma tecnologia que traga mais impactos positivos e menos impactos negativos pode ser mais sustentável do que outra e, portanto, tem um melhor desempenho social e ambiental. Por isso o diferencial da metodologia foi ter conseguido, ao longo dos anos e da experiência, ir construindo uma estrutura de critérios indicadores que seja suficientemente flexível e detalhada para que possamos observar, por exemplo, a questão do uso de insumos, melhoria na utilização energia, impactos sobre a flora e fauna nativa", conclui.
Além da apresentação sobre a metodologia, os participantes puderam avaliar o questionário elaborado por analistas da Secretaria de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Embrapa e fazer as alterações e adaptações de acordo com a realidade dos produtores envolvidos no projeto Biofort no interior do Piauí e Maranhão.

Por que avaliar os impactos no produtor e no consumidor de alimentos biofortificados?

O projeto Biofort se preocupa com a  alimentação do cidadão, desde o momento em que o alimento é produzido até a mesa do consumidor . Durante o processo de avaliação será feita a análise da receptividade dos produtores nas comunidades rurais em relação às novas cultivares. Para isso, é importante que as novas cultivares, além dos ganhos nutricionais, apresentem vantagens agronômicas e comerciais.

Com relação ao consumidor, é imprescindível que os alimentos frutos da biofortificação tenham boa aceitação e seus nutrientes estejam biodisponíveis para que os objetivos do projeto sejam alcançados. Dessa maneira, será possível à população ter acesso a uma alimentação mais nutritiva de forma sustentável e com baixo custo.
A avaliação é necessária ainda, segundo a economista da Secretaria de Gestão e Desenvolvimento Institucional, Graciela Vedovoto, para demonstrar à sociedade a natureza e a dimensão dos impactos derivados da adoção dos resultados da pesquisa; para identificar e analisar os fatores que afetam a transferência e a adoção de tecnologias; fornecer subsídios para ações futuras de P&D, visando maximizar os impactos das tecnologias a serem geradas; e fornecer subsídios à formulação de políticas públicas  relacionadas com os objetivos do projeto e a missão da Embrapa.

O Biofort -  é o projeto responsável pela rede de biofortificação de alimentos no Brasil, coordenado pela Embrapa, que aspira diminuir a desnutrição e garantir maior segurança alimentar por meio do aumento dos teores de ferro, zinco e vitamina A na dieta da população. A Rede Biofort desenvolve trabalhos desde 2002 e já apresenta resultados para a maioria dos produtos pesquisados pelo projeto, mas que precisam ser de uma metodologia específica de avaliação de impactos. Já estão sendo testados produtos biofortificados em milho, mandioca, feijão, feijão caupi e batata doce.

Ainda não foi realizada uma avaliação de impacto de produtos biofortificados envolvendo produtores e consumidores, daí a demanda que foi colocada pela Rede Biofort à equipe de avaliação de impacto da SGI e das unidades descentralizadas envolvidas no tema. Considera-se a experiência consolidada na Embrapa de avaliar os resultados das suas pesquisas e tecnologias, no entanto, como se trata de uma demanda específica, são necessários ajustes e aprimoramentos nas metodologias utilizadas atualmente.

Eugênia Ribeiro (MTb / PI – 1091)
Embrapa Meio-Norte

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Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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