Abelhas nativas como polinizadoras em casas de vegetação
Abelhas nativas como polinizadoras em casas de vegetação
Experiências conduzidas na Embrapa Amazônia Oriental mostraram mais um proveito oferecido pela domesticação de abelhas nativas da região. A espécie conhecida como uruçu-cinzenta (Melipona fasciculata) se adapta bem em casas de vegetação e pode promover a polinização de plantas que estejam confinadas nesses ambientes.
Entre os vegetais, é a polinização que assegura a geração de frutos, sementes e a reprodução. Esse processo acontece pela troca de pólens entre duas plantas da mesma espécie. A transferência dessas células reprodutivas de uma flor a outra pode ser promovida por fatores ambientais, como o vento, ou pela ação de insetos e animais.
Algumas hortaliças, da família das Solanáceas, no entanto, dependem de abelhas vibradoras para a sua perfeita polinização. "Isso é necessário por que os grãos de pólen dessas plantas estão contidos dentro de anteras em forma de cápsulas e só são extraídos pela ação vibratória exclusiva de um seleto grupo de insetos", explica o pesquisador Giorgio Venturieri.
Entre as plantas que possuem essa peculiaridade estão o tomate e a berinjela, alimentos muito consumidos e que, em casas de vegetação, encontram condições ideais de produção. A cobertura do teto evita o excesso de chuvas e as paredes cobertas com tela impedem a presença de insetos e animais indesejados.
De acordo com Venturieri, para polinizar plantas que exigem vibração nas casas de vegetação, agricultores no Brasil em geral se utilizam de processos manuais. "Mas a uruçu-cinzenta é muito mais eficiente que esses métodos artificiais", ressalta o pesquisador. Já na Europa, são as mamangabas do gênero Bombus que são empregadas nessa função, pois a mais conhecida abelha produtora de mel (Apis mellifera) não possui essa capacidade de vibrar.
O experimento com a uruçu-cinzenta no ambiente confinado também demonstrou que essa abelha nativa da Amazônia pode promover a polinização das plantas que necessitam de vibração tão bem quanto as mamangabas do gênero Bombus. "Dessa forma, para se trabalhar com casas de vegetação na Amazônia não é necessário importar polinizadores de outra região, o que colocaria em risco o equilíbrio do ecossistema local. A abelha nativa já está adaptada e o seu manejo é mais fácil, pois não possui ferrão", afirma o pesquisador.
Vinicius Soares Braga (MTb 12.416/RS)
Embrapa Amazônia Oriental
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