26/12/16 |   Florestas e silvicultura

Equipe analisa impacto ambiental do cultivo da seringueira no Estado de São Paulo

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Foto: Lauro Pereira

Lauro Pereira - Extração do látex em seringueira.

Extração do látex em seringueira.

As áreas ocupadas com seringueira no Estado de São Paulo são predominantemente constituídas por solos de textura média, mais pobres do ponto de vista da fertilidade e  mais suscetíveis à erosão. Por isso, requerem atenção especial quanto às práticas de uso e manejo.

O cultivo da seringueira, também chamada heveicultura, no Estado de São Paulo iniciou-se na década de 70, fruto de uma política pública formulada e conduzida pela Secretaria de Agricultura do Estado, com objetivo de propor uma nova alternativa agrícola para os produtores paulistas, em substituição às culturas de menor rendimento ou mesmo à agricultura de subsistência que predominava no meio oeste do Estado. Ao longo de quatro décadas, foi observada boa evolução na área cultivada, chegando em 2003 a 44 mil ha, correspondentes a 20,3 milhões de pés, distribuídos por 2.550 Unidades de Produção Agropecuária (UPAs). Porém, de 2003 até os dias atuais não houve processo de evolução do setor.

Considerando este cenário e a importância do seu cultivo para a economia brasileira, foi proposto um trabalho de pesquisa pela Embrapa - Projeto Geohevea - com o envolvimento das Unidades de Pesquisa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) e  Monitoramento por Satélite (Campinas, SP), com o objetivo de avaliar o impacto ambiental dessa cultura e, consequentemente, a sua sustentabilidade, considerando o seu histórico.

Os seringais paulistas foram implantados e continuam concentrados no Planalto Ocidental do Estado, principalmente nas regiões administradas pelos Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDRs) de São José do Rio Preto, Barretos, General Salgado, Catanduva, Marília, Tupã e Votuporanga, que totalizam 67,0% da área plantada. A área selecionada para estudo situa-se no município de Planalto e faz parte do Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) de São José do Rio Preto.

O pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Marco Antonio Gomes explica que o estudo consiste principalmente em avaliar as propriedades físicas e químicas do solo cultivado com a seringueira e compará-las com as propriedades do solo, do mesmo tipo, onde há cobertura com pastagem e com mata nativa. "Assim, tem-se uma boa referência, principalmente com a mata nativa, considerada o tipo de cobertura com impacto negativo, igual ou próximo de zero", esclarece.

As áreas de estudos encontram-se a 3km do centro de Planalto, sendo que as três coberturas ˗ seringueira, pastagem e mata nativa, estão sobre o mesmo tipo de solo.

Os experimentos foram instalados em agosto de 2016 e consistiram, inicialmente, na caracterização do solo, com abertura de perfis, descrição e coleta de amostras para determinação de suas propriedades morfológicas, físicas e químicas, sob as coberturas de seringueira, pastagem e mata nativa.

Ainda conforme Gomes, como  auxílio na avaliação das taxas de perdas de solos para cada tipo de cobertura vegetal, foram instaladas parcelas de 1m acopladas a um recipiente para armazenar as perdas de solo e de água pelas chuvas, previsto para duração de um ciclo de 12 meses. A cada evento de precipitação igual ou maior que 5mm, realiza-se a coleta com o envolvimento dos parceiros da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) de Planalto.

O pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Lauro Pereira, também integrante da equipe, explica que o trabalho propõe ainda comparar as características morfológicas, físicas e químicas do solo sob os três tipos de cobertura a partir de análises e amostras coletadas no perfil, como também avaliar e comparar as perdas de solo e de água para cada cobertura. "Tais comparações mostrarão se a seringueira apresenta maior ou menor poder de impacto ambiental, como também se possui comportamento direcionado para a sustentabilidade da heveicultura", explica ele.
 

Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)
Embrapa Meio Ambiente

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