Workshop do Pessegueiro mostra novidades na pesquisa em Fruticultura
Workshop do Pessegueiro mostra novidades na pesquisa em Fruticultura
Estudos da Embrapa motivam produtores a melhorar a produção de frutos e diversificar oferta ao mercado.
Apresentar novidades aos produtores de pêssego da região de Pelotas quanto ao uso de porta-enxertos, formas de prevenir a morte precoce do pessegueiro e as pesquisas em melhoramento genético na cultura foram temas tratados no Workshop da Cultura do Pessegueiro, nesta sexta-feira, 27, no auditório da Sede da Embrapa Clima Temperado. Representantes da indústria, da Emater/RS e dos sindicatos e associações de produtores de pêssego estiveram reunidos para trocar ideias com os pesquisadores Maria do Carmo Raseira e Newton Alex Mayer. O chefe-geral, Clenio Pillon, e o chefe de P&D, Jair Nachtigal, acompanharam toda a programação.
Segundo a supervisora do Setor da Programação da Transferência de Tecnologia (SPTT), Andréa Noronha, o encontro foi planejado para divulgar as pesquisas em Fruticultura e para orientar muitos produtores, que estão enfrentando dificuldades com a morte precoce do pessegueiro. "Além disso, essa é uma época que na cultura há menos trabalho nos pomares e daqui a pouco começam as práticas de poda", lembrou. Há mais de 40 anos, Marcos Fiss é produtor de pêssegos, com propriedades entre Morro Redondo e Canguçu/RS e conta que sempre teve problemas com a morte precoce do pessegueiro. "Já tive áreas em que exterminei a produção, e em outros anos, isso foi recorrente, sendo afetado a mesma área", comentou. Marcos acredita que a dificuldade reside no tipo de porta-enxertos utilizados. "Ficamos muitos anos usando os mesmos caroços, as nossas sementes ficaram muito usadas e velhas, e aí, usamos porta-enxertos sem procedência. Acho que o problema está em descobrir uma alternativa com maior resistência a esse problema", contou. O produtor tem cerca de 40 ha dedicados à cultura do pêssego, com 32 mil plantas.
O produtor Dari Bosembecker também compartilhou com os participantes, que enfrenta o mesmo problema. "Tenho duas propriedades, e uma terça parte da produção delas, acaba sendo acometida por essa situação", confessa.
Mas mesmo assim, ao constatar que há essa perda da produção pela morte precoce do pessegueiro, a região ainda é considerada a maior produtora nacional de conservas de pêssegos. "Produzimos mais de 63 milhões de latas do fruto, na safra anterior", confirmou o presidente do Sindocopel, Paulo Crochemore.
O pesquisador Newton Alex Mayer instigou a plateia a promover encontros para definir a necessidade, ou não, de porta-enxertos.
Paulo Crochemore frisou a importância de todos os atores da cadeia produtiva do pêssego a trabalharem juntos. "O pêssego tem futuro. O meu avô, meu pai, e eu, vivemos desse trabalho, mas o mundo é competitivo, então precisamos estabelecer um padrão de qualidade. Não podemos abrir um lata de pêssegos e ter uma surpresa", disse. Conforme ele, a indústria precisa de uma fruta com maior resistência e de melhor cor para chegar ao padrão de qualidade desejável ao consumidor.
Outro detalhe, que foi enaltecido durante o evento, foi a escassez de mão-de-obra. Para o extensionista Evair Ehlert, se a pesquisa está indicando cultivares que possam melhorar a produtividade, então, é possível minimizar esse entrave na produção. "Isso é uma forma de contribuir com as famílias rurais, pois serão mais frutos por planta e a permanência de familiares no campo", declarou.
Trabalhos da Embrapa
Durante a manhã, o pesquisador Newton Alex Mayer falou do seu estudo sobre Porta-enxertos para Prunus spp. e morte-precoce: pesquisas realizadas pela Embrapa Clima Temperado e a pesquisadora Maria do Carmo Bassols Raseira tratou da temática sobre Melhoramento genético de cultivares-copa: situação e perspectivas.
Maria do Carmo mostrou todos os trabalhos realizados nos últimos anos em melhoramento genético, a diversidade de cultivares precoces e tardias, suas características específicas destinadas para mesa ou indústria. "Temos 37 novas seleções de pessegueiros em andamento em vários locais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Contamos também com 21 unidades de observação", falou.
A pesquisadora adiantou o lançamento da próxima cultivar: a BRS Mandinho. Uma seleção de formato chato para concorrer com o mercado internacional. Ela tem de 5 a 6,5cm de diametro, maturação em meados de novembro, caroço pequeno e uma produção classificada muito boa. "A adaptação do fruto é considerada excelente, pois precisa de menos de 150h de frio", destaca. Uma embalagem de um 1 kilo, compreende 12 frutos. "Esse tipo de pêssego achatado no mercado internacional está cotado para venda por cerca de 30 a 40 reais/Kilo, creio, que a seleção brasileira, pode chegar ao valor de 10 reais/kilo", fala.
Possivelmente, a Embrapa deverá lançar até o final deste ano, mais três seleções de pessegueiros. O trabalho também está direcionado para nectarinas, onde há também uma cultivar em finalização de lançamento ao mercado.
As pesquisas na cultura do pêssego trabalham em estudos futuros que busquem marcadores moleculares com as características desejáveis; manejo para mudanças climáticas e o desenvolvimento de trabalhos para controlar a podridão parda, bacterioses e cultivares tolerantes ao frio e resistentes ao calor.
Cristiane Betemps (7418-34)
Embrapa Clima Temperado
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