Embrapa adequa suas coleções genéticas às normas internacionais de qualidade
Embrapa adequa suas coleções genéticas às normas internacionais de qualidade
Foto: Embrapa Mandioca e Fruticultura
Os bancos de abacaxi e mandioca foram diagnosticados, incluindo as coleções mantidas no campo e in vitro.
Etapas de diagnóstico das coleções de plantas, animais e microrganismos e capacitação das equipes já foram concluídas. Próximo passo é a implementação.
Uma das prioridades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é conservar a diversidade genética de plantas, animais e microrganismos em coleções que podem ser mantidas in situ (em seus locais de origem) ou ex situ (fora de seus habitats). Esses acervos genéticos - que podem ser chamados de bancos, no caso de vegetais; núcleos e bancos, no caso de animais, e de coleções quando se tratam de microrganismos – são verdadeiros mananciais de genes à disposição da ciência para uma gama interminável de aplicações. Nesses organismos podem estar as respostas para resistência a doenças e pragas agrícolas, tolerância a estresses climáticos, maior produtividade, entre outras inúmeras possibilidades. Mas, para que sejam realmente efetivas, é preciso que sejam conservadas de forma adequada. Por isso, a Empresa investe desde 2012 na adequação das suas coleções genéticas às normas internacionais de qualidade.
As primeiras ações foram voltadas à conservação de microrganismos e resultaram no diagnóstico de 17 coleções mantidas pela Embrapa em diferentes regiões brasileiras. Em 2016, a Empresa decidiu ampliar esse escopo para os bancos genéticos vegetais e animais e os núcleos de conservação animal. As atividades foram iniciadas em janeiro e, em dezembro, toda a parte de diagnóstico e capacitação de equipes – incluindo seis (6) bancos vegetais, três bancos animais, cinco (5) núcleos de conservação animal e cinco (5) novas coleções microbianas - já havia sido concluída, abrangendo 10 unidades da Embrapa de norte a sul do País.
Projetos resultaram em 22 diagnósticos e seis treinamentos de norte a sul do País
Trata-se de um resultado muito positivo, na opinião da pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Clarissa Castro, que é a líder dos três projetos voltados à implementação e monitoramento de sistemas da qualidade nas coleções de plantas, animais e microrganismos da Embrapa: QUALIVEG, QUALIANI e QUALIMICRO. "O ano de 2016, primeiro de execução dos projetos, foi voltado ao diagnóstico e treinamento das equipes. Foi um trabalho árduo, considerando que foram realizados 22 diagnósticos e seis capacitações em unidades da Embrapa de quase todas as regiões brasileiras - norte, nordeste, centro-oeste e sul - mas muito gratificantes", comemora.
O maior desafio, na opinião da pesquisadora, foram os bancos genéticos de plantas e animais e os núcleos de conservação animal, por envolverem atividades de campo e por não haver parâmetros de qualidade pré-definidos. "Tivemos que selecionar requisitos de normas internacionais de qualidade já existentes e adequá-los à realidade do Brasil e da Embrapa", explica. Para as coleções microbianas, já havia um modelo corporativo de gestão definido, resultado das ações desenvolvidas no período de 2012 a 2015, que culminaram no diagnóstico de 17 acervos de microrganismos mantidos pela Embrapa em todo o País. Com as novas incorporações em 2016, foram diagnosticadas ao todo, 22 coleções microbianas de 18 unidades da Embrapa.
Gestão da qualidade agrega valor às coleções genéticas
A implementação da gestão da qualidade nas coleções de plantas, animais e microrganismos da Embrapa vai padronizar as atividades relacionadas a recursos genéticos conferindo rastreabilidade aos resultados e agregando valor a esses locais. Esse processo envolve a implementação de um modelo de gestão para as coleções de microrganismos e de seis requisitos corporativos de qualidade para as coleções de plantas e animais: documentos (externos e internos, com destaque para a padronização de procedimentos); registros (impressos e eletrônicos); pessoal (capacitação e supervisão de empregados e colaboradores); instalações de campo, laboratórios e casas de vegetação (adequações, manutenções e padronizações); condições ambientais (adequações e controles) e equipamentos e rastreabilidade de medição (manutenções, verificações e calibrações).
Clarissa explica que, de forma geral, os diagnósticos foram muito uniformes e mostraram que as coleções atenderam a 30% dos requisitos avaliados e 70% ainda precisam ser adequados. Esse resultado já era esperado, visto que não havia um sistema da qualidade implementado.
Os planos de implementação dos sistemas da qualidade já estão sendo elaborados em conjunto com os curadores e começarão a ser aplicados nas coleções a partir de março de 2017 até o final de 2018. Os anos de 2019 e 2020 serão voltados ao monitoramento da execução dos planos.
Mais qualidade para a conservação e a documentação
Além de facilitar a rotina e a operacionalização das ações nos núcleos, coleções e bancos de conservação, a padronização vai contribuir também para garantir a qualidade do material conservado.
Vai auxiliar também na documentação dos dados que compõem o Sistema Alelo, que é o portal de informações de recursos genéticos de plantas, animais e microrganismos gerenciado pela Embrapa.
Divulgação para outras unidades da Embrapa
Diante da impossibilidade de adequação de todas as coleções genéticas mantidas pela Embrapa no Território Nacional, foram selecionados pilotos para a implementação dos sistemas da qualidade. Por isso, a partir de 2020, quando as atividades dos projetos QUALIANI, QUALIVEG e QUALIMICRO já estiverem concluídas, o foco será disseminar os resultados e padrões desenvolvidos para os outros núcleos, bancos e coleções que fazem parte do Sistema Embrapa.
Um dos instrumentos nesse sentido será a elaboração e publicação de cartilhas contendo os requisitos do modelo corporativo de gestão aplicável às coleções de microrganismos e os requisitos corporativos de qualidade relacionados aos bancos vegetais e animais e aos núcleos de conservação animal, que ficarão à disposição das unidades de pesquisa. Videoconferências e treinamentos também serão realizados para esse fim.
Fernanda Diniz (MTB/DF 4685/89)
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
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