Do campus ao campo
Do campus ao campo
Foto: Vinicius Braga
Turma de 2014 do mestrado em Agriculturas Familiares e Desenvolvimento Sustentável
Do nível técnico à pós-graduação, a Embrapa Amazônia Oriental apoia a formação de profissionais e pesquisadores para a agricultura familiar
O agricultor Edilson de Oliveira Nunes não escondia a satisfação de apresentar sua propriedade aos estudantes. "Quando cheguei aqui, meu sonho era transformar este lote numa sala de aula. E hoje, de certa forma, isso já é realidade", refletia o agricultor, referindo-se aos seus 17 hectares de terra, localizados na zona rural do município de Irituia.
"Então agora a aula é sua, professor", disse a Nunes o pesquisador Osvaldo Kato, indicando que Nunes começasse a mostrar seus plantios e experimentações aos alunos do mestrado em Agriculturas Familiares e Desenvolvimento Sustentável, curso promovido pela parceria da Universidade Federal do Pará com a Embrapa Amazônia Oriental.
Na segunda semana de julho, ainda sob as tensões da Copa do Mundo, a turma de 2014 do mestrado percorreu os municípios de São Domingos do Capim, Igarapé-Açu, Irituia e Tomé-Açu. A viagem ocorre a cada ano e marca o encerramento da disciplina de Agroecologia e Sistemas Agroflorestais. "É uma forma de eles refletirem e estabelecerem relações entre o que foi estudado ao longo do semestre e as diferentes experiências na transição para uma agricultura mais sustentável", explica Osvaldo Kato, pesquisador da Embrapa e um dos professores da disciplina.
Para o agricultor Edilson Nunes, essa transição começou há três anos, quando voltou a viver no campo com pretensões de criar gado depois de alguns anos morando na cidade. O terreno acidentado e tamanho pequeno da propriedade, no entanto, logo lhe deixaram claro que a pecuária seria inviável. Partiu então para o plantio de sistemas agroflorestais depois de uma viagem de intercâmbio a Tomé-Açu. "Quando vi aqueles plantios, me apaixonei e vi que era isso que tinha de fazer", recorda.
Em Irituia, o roteiro de visitas conta com o apoio do geógrafo Jose Romano, formando em 2006 pelo mesmo curso de mestrado e hoje professor da Universidade Federal Rural do Pará em Capitão Poço. Ele conta que no início havia dificuldade em montar um roteiro que apresentasse boas experiências pelo no município. "Mas hoje isso é diferente e a cada ano temos novos exemplos de pequenos agricultores bem sucedidos para apresentar", afirma.
Mudanças positivas também foram referidas pelo estudante da turma de 2014 Cezário Júnior. Durante as visitas, ele percebeu diferenças em relação à época em que passou a atuar como agrônomo, em 2008. "Vejo que hoje, diferente de há uns anos, os agricultores estão mais atentos às questões ambientais, como o cuidado com solo", afirma.
Formação para jovens agricultores
A parceria da Embrapa Amazônia Oriental com o Instituto Federal de Ciência, Tecnologia e Inovação (IFPA) na formação de jovens do campo vem desde 2003, quando ainda era a antiga Escola Agrotécnica de Castanhal, ano em que as instituições, com a parceria, na época, da Agência de Cooperação do Japão (Jica), formaram a primeira turma do curso técnico em agropecuária para filhos de agricultores familiares.
Desde então pesquisadores da Embrapa atuam na grade curricular do curso. Em 2013, a Embrapa, o IFPA e a empresa Biopalma Vale formaram mais duas turmas do curso, com 80 jovens agricultores familiares da mesorregião nordeste paraense. "A gente pode desenvolver a agricultura sustentável na nossa família, na nossa comunidade, pode fortalecer a agricultura no nosso País, e também compreender o ciclo de natureza, para preservar e acima de tudo produzir", falou o agricultor e técnico agrícola, Waldeci Trindade da Silva (24 anos) sobre a formação, no município de Tomé-Açu.
O professor Aldrin Mário Benjamim, coordenador do Pólo Tomé-Açu do IFPA Campus Castanhal, explica que a ideia do curso surgiu a partir da necessidade de fortalecer o ensino técnico público do meio rural, aliando o trabalho no campo à pesquisa e tecnologia, com foco na agricultura familiar da região, tradicionalmente voltada à fruticultura.
O curso durou um ano e meio, mas as lições permanecerão. "São pessoas que trazem na sua bagagem uma experiência de vida enorme, experiência de trabalho, que associado ao conhecimento técnico e à pesquisa aplicada fizeram dessa experiência algo transformador", conclui emocionado o professor Aldrin.
Vinicius Soares Braga (MTb 12.416/RS)
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