Pela primeira vez em Goiânia, a 52ª edição anual do Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (Sober 2014) se realizou entre 27 e 30 de julho, no Centro de Eventos Ricardo Freua Bufaiçal, da UFG.  O acontecimento foi organizado pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e Embrapa Arroz e Feijão, tendo como tema central a ‘Heterogeneidade e suas Implicações no Rural Brasileiro'. 

Em quatro dias de realização estiveram presentes cerca de 1.200 congressistas que apresentaram cerca de 800 trabalhos, resultados de estudos e pesquisas nas áreas de economia, administração e sociologia rural. Neste ano, os estados que mais aprovaram trabalhos foram Minas Gerais (14,4%), São Paulo (11,4%) e Rio Grande do Sul (9,5%), sendo a Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade de Santa Maria (UFSM) e a Embrapa as instituições que mais tiveram trabalhos aprovados no congresso.

O Sober 2014 reuniu pesquisadores, cientistas sociais, professores e estudantes estimulados pela necessidade de se pensar o rural, não apenas como espaço produtivo, ou um lugar repleto de vida e interação social, mas que ainda necessita de políticas públicas que garantam melhoria de condições de vida no campo, numa abordagem interdisciplinar.

A temática da heterogeneidade no meio rural é complexa e se justifica, principalmente no caso do Brasil, cujo setor rural é marcado por fortes desigualdades sociais e econômicas.

Segundo o presidente da Sober, Marcelo José Braga, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), a heterogeneidade estrutural e produtiva no setor agrícola brasileiro pode ser observada por meio da concentração produtiva em poucas atividades, concentração dos fatores de produção e desequilíbrios regionais.

Estudos, baseados no Censo Agropecuário de 2006, têm mostrado que 15% dos estabelecimentos agropecuários respondem por 85% do Valor Bruto da Produção. "As assimetrias na distribuição de capital físico e humano têm sido fatores determinantes para a persistência histórica de elevada desigualdade da distribuição da renda e da pobreza no meio rural", destacou Marcelo.

Neste aspecto, as políticas públicas têm um papel fundamental para promover a redução das disparidades no meio rural. Apesar de relativo avanço com o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), de Aquisição de Alimentos (PAA), e do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), como exemplo, existem ainda grandes lacunas a serem preenchidas neste campo.

Além das conferencias, sessões organizadas e minicursos, os trabalhos desenvolvidos por estudantes, professores e pesquisadores compuseram uma extensa programação em 13 grupos de trabalho cujas atividades de apresentação oral e em forma de pôster ocuparam toda a programação do evento.