Reunião internacional discute redução do desmatamento e mudanças climáticas
Reunião internacional discute redução do desmatamento e mudanças climáticas
Rio Branco sedia a reunião anual da Força Tarefa dos Governadores pelo Clima e Florestas (GCF), evento que conta com a participação de governadores e delegados de 22 Estados e Províncias de sete países. Até quinta-feira (14) estão em debate as políticas para redução do desmatamento em regiões tropicais, os avanços na construção de programas regionais, estaduais e nacionais de desenvolvimento com baixas emissões de carbono e de uso da terra (REDD+) nos trópicos e o estabelecimento de novas metas de redução de emissões de carbono, entre outras iniciativas sustentáveis. Eufran Amaral, chefe-geral da Embrapa Acre, participa do encontro como membro do Comitê Científico do Sistema Estadual de Incentivos por Serviços Ambientais (CISA).
A Força Tarefa dos Governadores para o Clima e Florestas é uma colaboração entre estados nacionais e internacionais que trabalham para proteger as florestas tropicais e reduzir as emissões de carbono, o desmatamento e a degradação (REDD+), criando estratégias para o desenvolvimento sustentável. Até o momento, além do Brasil, integram o consórcio Espanha, Estados Unidos, Indonésia, México, Nigéria e Peru. Também participam do evento representantes de ONGs, empresas e profissionais de instituições de pesquisa envolvidas com a temática ambiental.
Nesta edição, as principais prioridades da Força Tarefa incluem a finalização de um plano estratégico GCF até 2020; ampliação da oferta de treinamento e capacitação em seus Estados e Províncias; o fortalecimento das redes de apoio para desenvolvimento de baixas emissões nas jurisdições da Força Tarefa; e a construção de consensos globais e políticas inovadoras sobre desenvolvimento de baixas emissões.
Atualmente, os países membros buscam aprovar estratégias estaduais que viabilizem financiamento para a conservação florestal, redução do desmatamento e o controle de ações que promovam o desenvolvimento sustentável. Em outras palavras, procuram estabelecer negociações que resultem em pagamento pelos serviços ambientais.
Recentemente, os seis estados do Brasil que fazem parte do GCF (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará e Tocantins) apresentaram uma proposta inovadora de distribuição de Unidades de Redução de Emissões (UREDD+) para sanar as lacunas entre os estados com grandes diferenças nas taxas de desmatamento histórico.
Protagonismo
O Acre tem uma história de protagonismo em iniciativas de proteção ambiental e desenvolvimento sustentável, que começaram no Brasil com a Rio 92 . Em 2010, o Estado criou o Sistema de Incentivos por Serviços Ambientais do Acre (SISA), que estabeleceu um programa estadual para o regime de REDD+, constituindo-se em uma das primeiras políticas para pagamento de serviços ambientais do Brasil e uma das mais eficientes do mundo. Além do crédito de carbono, o programa também inclui iniciativas com conservação de recursos hídricos, regulação do clima e conservação da biodiversidade entre outras práticas sustentáveis.
Para o chefe-geral da Embrapa Acre, Eufran Amaral, além de compartilhar conhecimentos, a reunião possibilita conhecer o que cada um vem fazendo em relação ao desmatamento, às mudanças climáticas e lançar novos desafios. "O Acre se destaca entre os estados integrantes da força-tarefa porque criou uma legislação e uma base de governança que o colocou na vanguarda de estratégias nacionais de serviços ambientais. Os participantes vão poder conhecer estes avanços e contribuir com sugestões para melhorar o sistema", destaca Amaral.
Essa troca de experiências, de acordo com Amaral, é importante para que os estados avancem no processo de criação de políticas públicas de incentivos ambientais e na geração de conhecimentos, tendo a floresta como base. As instituições de pesquisa são parte integrante desse processo. "A Embrapa pode contribuir com tecnologias para o desenvolvimento de políticas públicas e produção de conhecimentos para o entendimento dessa oferta de serviços ambientais", afirma.
Segundo a diretora do Instituto de Mudanças Climáticas (IMC), Magali Medeiros, nos últimos dois anos, o Acre conseguiu reduzir o desmatamento em 63%. Com a redução o Estado chamou a atenção de organismos internacionais e entre 2013 e 2014 conseguiu captar recursos da ordem de aproximadamente 40 milhões. Segundo Magali, os recursos oriundos dos famosos créditos de carbono foram aplicados em diversos setores do estado.
"Com o incentivo a serviços ambientais garantimos o apoio ao subsídio da borracha, à formação de agentes agroflorestais e indígenas para atuarem na vigilância e proteção das terras indígenas e demais atividades das cadeias produtivas sustentáveis do estado. Isso mostra que cuidar do meio ambiente, além de proporcionar benefícios ambientais e sociais, pode gerar renda para os Estados", conclui.
Diva Gonçalves (MTB-0149/AC)
Embrapa Acre
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