Reniva distribui primeiras manivas-semente a mandiocultores da Bahia
Reniva distribui primeiras manivas-semente a mandiocultores da Bahia
A água caiu pesada, como um presente dos céus, para marcar de forma auspiciosa uma nova fase para os agricultores de Marcionílio Souza, município da Chapada Diamantina (BA). Na última sexta (22), um pequeno grupo se reuniu na área do produtor Rozildo Santos, na comunidade Furado do Espinho, no assentamento Caxá, para receber suas manivas-semente sadias, comprovadamente livres de pragas e doenças. Por causa da chuva, que há muito não se via com tal intensidade na região castigada pela seca, alguns não conseguiram chegar para o ato que marcou o início da fase III do projeto Reniva ("Rede de multiplicação e transferência de materiais propagativos de mandioca com qualidade genética e fitossanitária"). Mas os que compareceram deram o tom da expectativa dos produtores com os resultados dessa iniciativa.
"Isso pra nós é uma grande coisa, uma grande novidade. Com essa maniva aí acho que dá pra todo mundo plantar. Eu plantava mandioca antigamente. De uns dez anos pra cá, ninguém plantou mais porque não tinha semente e não tinha um bom tempo. Com esse bom tempo de hoje e com essa semente aí maravilhosa, a expectativa é aumentar a nossa produção, com fé em Deus", comemorou o agricultor Gilberto Farias, do assentamento Caxá. Esse projeto vem atender a demanda antiga da agricultura baiana por material propagativo de mandioca com qualidade, partindo de cultivares geradas pela Embrapa e de variedades de uso tradicional dos agricultores.
O chefe-geral da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento — Alberto Vilarinhos, e o secretário de Desenvolvimento Rural do Estado da Bahia (SDR), Jerônimo Rodrigues, compartilharam da alegria dupla dos agricultores — que festejavam o recebimento do novo material e a chuva "abençoada", como repetiam a todo o momento — e adentraram na plantação como se estivessem sob sol a pino. O evento contou também com a presença do prefeito Adenilton Meira; do coordenador de Projetos Especiais da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), vinculada à SDR, Gilmar Bonfim; do presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Mandioca do Estado da Bahia, Izaltiene Rodrigues, que hoje também atua como coordenador da área de mandioca na Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater), órgão também ligado à SDR; além de representantes de movimentos sociais, da prefeitura e da Câmara de Vereadores.
As falas oficiais que estavam programadas se transformaram, na verdade, em um bate-papo na casa do Rozildo, onde todos se abrigaram da chuva depois da visita ao campo. Vilarinhos, que se disse impressionado com o vigor das plantas na área do agricultor, contou como nasceu a ideia do projeto na Embrapa e que a proposta só se tornou realidade devido ao esforço conjunto. "Nós na Embrapa temos um limite de atendimento, que vai entre o que a gente imagina que é bom para o agricultor e o que efetivamente é bom para o agricultor. Somente quando a gente mistura todos e pensa junto é que o trabalho se torna efetivo. Esse projeto é fantástico e o engajamento dos parceiros é fundamental", disse.
Rozildo é o primeiro produtor de manivas-sementes da história, pois "maniveiro" é uma figura nova na cadeia produtiva da mandioca, criada pelo Reniva. Ele recebeu 13 mil mudas em novembro de 2014, quantidade suficiente para o plantio de um hectare. Essas mudas haviam sido multiplicadas no Instituto Biofábrica de Cacau (IBC), que elaborou, juntamente com a equipe da Embrapa, um protocolo inédito de produção de mudas em larga escala, um dos principais resultados do Reniva. Agora, pouco mais de um ano depois, Rozildo, que afirma encarar sua condição de maniveiro como uma missão para o desenvolvimento da mandiocultura baiana, começa a repassar os benefícios do projeto para a comunidade. Nessa primeira leva, serão contempladas 360 famílias. Segundo Izaltiene, já existem 11 áreas de maniveiros no estado da Bahia prontas para distribuir mais manivas-semente ao longo do ano.
Os trabalhos que antecederam a esta fase consistiram de seleção das plantas matrizes de mandioca e realização das análises de indexação de viroses, com a posterior transferência das hastes para o IBC, onde foram multiplicadas in vitro (fase I); e plantio dessas mudas produzidas in vitro em campos de produção de manivas-semente (maniveiros) para a produção de hastes (fase II). Já foram 500 mil mudas plantadas em 38 maniveiros no estado da Bahia.
O projeto
São 11 territórios de identidade da Bahia beneficiados pelo Reniva, que tem duração prevista de seis anos (o projeto teve início em 2012). O primeiro lote de manivas saiu dos campos experimentais da Embrapa, já indexado, ou seja, comprovadamente isento de vírus, com alta qualidade genética e fitossanitária. Genética porque é produto de pesquisa e tem origem e identidade comprovadas, e fitossanitária porque apresenta sanidade vegetal. Quem lidera esse trabalho nos territórios e organiza os multiplicadores são os parceiros, com o suporte da Embrapa.
Hoje atuam no projeto a Embrapa (coordenação); Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Mandioca do Estado da Bahia; Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária do Estado da Bahia (Seagri); SDR; CAR; Bahiater; IBC; Cooperativa dos Produtores Rurais de Presidente Tancredo Neves (Coopatan); Cooperativa de Produtores de Amido de Mandioca do Estado da Bahia (Coopamido); Cooperativa Mista Agropecuária dos Pequenos Agricultores do Sudoeste da Bahia (Coopasub); Escola Rural Tina Carvalho; Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb); Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB); Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-BA); e Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac).
As versões do Reniva
O projeto passou a receber recursos também do governo federal para ser estendido a outros estados nordestinos. A Embrapa Mandioca e Fruticultura desenvolveu a versão do Reniva para o Plano Brasil sem Miséria (PBSM), financiada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, e o Reniva Nordeste, custeado pelo Ministério da Integração Nacional. O governo do Tocantins também iniciou o desenvolvimento do projeto no estado, sob a coordenação da Embrapa.
Alessandra Vale (Mtb-RJ 21.215)
Embrapa Mandioca e Fruticultura
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