Projeto Biomas apresenta resultados para a Amazônia
Projeto Biomas apresenta resultados para a Amazônia
A utilização de fungos na implantação de mudas florestais para a recuperação de áreas degradadas já é uma realidade na região de Marabá. A Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará e a Embrapa Amazônia Oriental desenvolvem ações na região, que garantem aos agricultores a produção de essências nativas da Amazônia inoculadas com um fungo que possibilita a taxa de 100% de crescimento das plantas, ou seja, com zero de perda para o produtor. Desde janeiro desse ano já foram distribuídas 1.150 mudas produzidas a partir da utilização desse organismo.
A atividade é realizada dentro do Projeto Biomas, uma parceria entre a Embrapa e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), com a participação de mais de trezentos pesquisadores e professores de diferentes instituições. O objetivo do projeto, que apresenta seus resultados parciais na Amazônia nesta terça (26) e quarta-feira (27), na sede da Embrapa em Belém, é viabilizar soluções com árvores para a proteção, recuperação e o uso sustentável de propriedades rurais nos diferentes biomas brasileiros.
O trabalho com os fungos micorrízicos iniciou em janeiro desse ano e desde então vem mudando a forma de recuperar áreas degradadas na região, contribuindo para a redução de passivos ambientais de pequenas, médias e grandes propriedades rurais. Esses organismos ocorrem naturalmente nos solos amazônicos e podem contribuir decisivamente no crescimento das plantas a partir de uma relação de troca de alimentos com as raízes.
A pesquisadora Andréa Hentz de Mello, da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), explica que eles são incorporados a uma mistura de areia onde são preparadas as mudas. Eles alojam-se nas raízes e por meio deles a planta retira água e nutrientes que sozinha não consegue captar do solo. A raiz, por sua vez, fornece ao fungo as condições para sua sobrevivência. Essa relação, chamada de associação mutualista, não é prejudicial a nenhum dos dois.
A tecnologia é inovadora porque os solos amazônicos são bastante ácidos, havendo a necessidade de adubação e correção para suprir as carências nutricionais das plantas. "Como o agricultor, principalmente o pequeno, tem uma certa dificuldade de acesso aos insumos químicos para fazer calagem e correção do solo, a tecnologia de produção dessas mudas com os fungos micorrízicos é fundamental para que ele possa plantar com eficiência e recuperar suas áreas de passivo ambiental", analisa a pesquisadora.
Em sete meses de trabalho, essa atividade do Projeto Biomas já levou a campo 1.150 mudas de jatobá, paricá e sapucaia com diferentes tratamentos de inoculação por fungos. Além disso, foram distribuídas 40 mil doses da mistura de areia e fungos para o plantio das mudas no campo.
Atualmente, a pesquisadora diz que a Unifesspa mantém um banco de inóculos, ou seja, um banco de multiplicação e manutenção desses fungos, formado a partir de projetos anteriores de pesquisa e desenvolvimento. "No início houve uma certa resistência por parte do agricultor, mas depois de perceber a taxa de sobrevivência da muda no campo e o desenvolvimento da planta, a demanda aumentou bastante junto à universidade", conta pesquisadora Andréa, que diz ainda que o banco fornece cerca de 60 mil doses da mistura por mês aos agricultores da região, mas a demanda é bem maior.
Biomas – Outros 21 subprojetos são desenvolvidos na região de Marabá e adjacências dentro do Projeto Biomas, que iniciou em 2010. De acordo com o pesquisador Alexandre Mehl Lunz, da Embrapa Amazônia Oriental e coordenador regional do Projeto Biomas na Amazônia, a pesquisa vem avaliando o uso da árvore, seja em Áreas de Preservação Permanente (APP), Área de Reserva Legal (ARL) e em Áreas de Sistemas Produtivos (ASP) nos seis biomas brasileiros e gerando resultados que contribuem para o aprimoramento da legislação ambiental brasileira.
Os experimentos são realizados na Fazenda Cristalina, localizada no município de São Domingos do Araguaia, e funcionam como vitrines tecnológicas para que o produtor veja na prática os resultados dos sistemas integrados de produção e da utilização de tecnologias simples que melhoram a produção de mudas florestais.
O produtor rural Walter Müller, proprietário da Fazenda Cristalina, que há alguns anos trocou a atividade madeireira pela pecuária, diz que abrir as portas para a pesquisa é trazer as tecnologias para perto dos produtores. "É também uma oportunidade de fazer as escolhas certas, tanto para o meio ambiente quanto para o nosso negócio. Quem trabalha com pecuária e reflorestamento na região quer produzir dentro da lei e de forma sustentável e para isso precisa de orientação técnica", finaliza o produtor.
Ana Laura Lima (MTb 1268 PA)
Embrapa Amazônia Oriental
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