Situação da canola na América Latina
Situação da canola na América Latina
A diversidade no sistema produtivo marcou o primeiro Simpósio Latino Americano de Canola (SLAC), evento realizado de 19 a 21/08, em Passo Fundo, RS, com mais de 270 participantes de sete países. A próxima edição do evento acontece no Uruguai, em meados de agosto de 2016.
A primeira variedade de canola foi desenvolvida por pesquisadores canadenses em 1974, desde então o Canadá é um dos maiores produtores da oleaginosa no mundo, referência em geração de conhecimento e de tecnologias. Foi esta experiência que três pesquisadores canadenses vieram trazer ao Brasil: "Não conheço muito o sistema produtivo da canola no Brasil, mas o mundo sabe sobre o potencial de crescimento dos cultivos de grãos no país. Aqui existe área, produtores com vontade e capacidade de investimento, consumidores esclarecidos e rápida geração de conhecimento científico. É uma questão de tempo para a expansão da canola, não só no Brasil, mas também nos outros países produtores da América Latina", avalia Clinton Jurke, do Conselho de Canola do Canadá, uma das organizações internacionais mais respeitadas no setor de oleaginosas.
Atualmente, os problemas limitantes da canola são semelhantes nos países que produzem a cultura na América Latina, apesar da grande variação em área de cultivo e média de rendimentos: Brasil (49.730 ha e 1.600 kg/ha); Uruguai (15.211 ha e 1.353 kg/ha); Paraguai (50 mil ha e 2.000 kg/ha); Chile (50 mil ha e 3.118 kg/ha, cultivares de inverno) e Argentina (83 mil ha e 1.615 kg/ha).
A Argentina e o Paraguai foram os países que apresentaram maior crescimento nos últimos anos, chegando em 2012 a 120 mil ha e a 83 mil ha, respectivamente, enfrentando novas quedas nos anos seguintes devido a problemas de comercialização na Argentina e à concorrência com o gergelim no Paraguai. De acordo com o agrônomo da CW Trading, Nilson Österlein, somente na rotação com a soja, o potencial de produção de canola no Paraguai ultrapassa um milhão de hectares. "O produtor não está acostumado a fazer as contas. No pior dos casos, a canola cobre os custos de produção", explica Nilson. Segundo ele, o desafio da pesquisa é a busca genética por plantas mais baixas e com tolerância à bacteriose.
Na Argentina, o cultivo de colza (cultivares com altos teores de ácido erúcico e glucosinolatos empregadas antes da criação das cultivares de canola) tem registros desde 1930, mas foi em 2008 que os produtores passaram a demonstrar interesse pelo cultivo, atraídos pela valorização da canola na indústria de azeite. Em 2012, a área de canola chegou a 120 mil hectares, caindo em 2013 devido a dificuldades na comercialização da safra anterior. De acordo com a pesquisadora do INTA, Liliana Beatriz Iriarte, mais de 50% dos problemas tecnológicos encontrados pelos produtores estão na implantação da cultura. "Na Argentina estamos vendo um crescimento rápido, mas não sustentável. Creio que precisamos trabalhar muito mais em pesquisa, desenvolvimento e transferência de tecnologias, especialmente na semeadura e na colheita, fases críticas da cultura", explica a pesquisadora.
Para o pesquisador da Embrapa Trigo, Gilberto Omar Tomm, o Brasil, especialmente na Região Sul, onde está concentrado o cultivo da canola, tem alguns problemas que o resto do mundo não tem: poucas horas de luz solar, excesso de chuva, prejuízos causados por geadas, bacteriose e Alternaria (doença causada por fungo favorecido pelo clima). "Se antecipamos a semeadura em proveito da luz solar, a planta fica exposta à geada; se atrasamos a semeadura, comprometemos o potencial de rendimento. Por isso a importância de promover debates científicos e avaliar novos estudos sobre época de semeadura, fotoperíodo, espaçamento e densidade, entre outros conhecimentos que estamos desenvolvendo para avançar na expansão do cultivo de canola como importante oportunidade para aumentar a lucratividade nos sistemas de produção de grãos", explica Tomm.
No caso do controle de pragas e doenças, o pesquisador lembra que o melhoramento genético, com o desenvolvimento de variedades de canola com maior tolerância a geadas, à bacteriose e à Alternária, pode até ser o caminho mais difícil, mas vai garantir o melhor retorno: "Estamos cientes de que precisamos da melhor genética combinada com as melhores práticas de manejo", diz Tomm, ressaltando que o principal investimento que os produtores precisam fazer é aperfeiçoar seu conhecimento do cultivo da canola para obter rendimentos de 2.500 kg/ha e até 3.200 kg/ha como agricultores mais experientes têm obtido nas lavouras com os híbridos disponíveis atualmente.
Joseani M. Antunes (9693 MTb/RS)
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