Colheita da Uva é aberta com expectativa de alta produção para a região
Colheita da Uva é aberta com expectativa de alta produção para a região
Foto: Paulo Lanzetta
A produção de uvas Niágara Rosada, da família Raffi, na zona rural de Pelotas, levou as autoridades, instituições públicas e privadas a colherem os primeiros cachos de uva de uma safra que promete bons rendimentos para os vitivinicultores.
Instituições parceiras motivam a diversificação da matriz produtiva e renda dos produtores. A safra 2016/2017 é marcada por um aumento de 30% de rendimento, além da participação de mais de 400 pessoas, que conferiram as inovações na festa, que mostrou uma cultura mais do que benéfica para o corpo, para a alma.
A 7ª edição da Abertura da Colheita da Uva foi oficializada nesta terça-feira, dia 7, na zona rural de Pelotas,RS com a presença de autoridades municipais e regionais, instituições públicas e privadas e os produtores rurais. A safra considerada de alta produção, trouxe diferenciais neste evento: a presença de muitas famílias rurais; a realização da palestra que mostrou um olhar diferenciado sobre a fruta, não somente nutricional, mas social; e a qualidade da uva oferecida para consumo.
Numa média de 30% de aumento de produtividade na safra 2016/2017, os parreirais da família de Celmar e Ângela Raffi demonstraram o potencial produtivo das uvas Niágara Rosada, Branca, Isabel e Bordô, com destino à mesa e à produção de sucos e vinhos. Esse ano na área de um hectare, a família do Rincão do Andrade, 7º distrito de Pelotas, vai colher cerca de 25 mil kilos de uva, o que representa um retorno de mais de 70 mil reais. A estimativa de produção para o município, que comporta 40 hectares de uva e 125 produtores, é de 400 toneladas. Na Zona Sul a perspectiva é colher 2.182 toneladas da fruta.
Outro aspecto destacado foi a importância das propriedades diversificarem a sua produção, como é o caso da família Raffi. A Embrapa Clima Temperado, de Pelotas, RS em parceria com a Emater/RS-Ascar acompanham esta propriedade, indicando as melhores práticas agrícolas e o manejo adequado à cultura. "A gente vai aprendendo a cada situação de cada ano, se tem vento demais, se tem chuva demais, se tem pouco frio; não é em três ou quatro anos que eu posso dizer que eu já sei plantar uva", comentou Celmar Raffi, referindo-se também que não aconselharia os produtores interessados no cultivo a não terem recomendações de instituições técnicas sobre o manejo dos parrerais. Raffi se dedica a vitivinicultura há 10 anos.
Produtos em comercialização
Durante toda a tarde, os produtores rurais organizaram bancas de comercialização de seus produtos como lanches caseiros, pães, cucas, biscoitos e doces, além dos tradicionais sucos de uva e caixas da própria fruta para que os mais de 400 participantes pudessem prestigiar o consumo da uva.
Um dos produtos em exposição que também se destacou durante o evento, foi a apresentação do Suquificador Integral, um protótipo de suqueira capaz de produzir suco integral de uva em pequenos volumes. Segundo o técnico industrial Hygino Bitarello, da Embrapa Uva e Vinho, de Bento Gonçalves, RS, o equipamento é inovador por que não incorpora água e é voltado às pequenas propriedades vitícolas. "Esse equipamento foi projetado para entrar na casa do pequeno agricultor, de baixo custo, onde a propriedade tenha eletrificação elétrica. Com o uso da panela extratora a vapor, o suco produzido agregava 17% de água, então, não podia ser considerado integral, com o Suquificador é possível de 70k de uva, produzir 35 litros de suco totalmente da fruta, e além disso, dos resíduos da uva que sobram na extratora, é possível fazer 16k de doce", explicou Hygino.
O Suquificador traz muitas vantagens de renda para o pequeno produtor. Inclusive, o equipamento foi projetado para elaborar suco de outras frutas. "Já fizemos sucos de mirtilo, framboesa e manga com o Suquificador. Para se fazer com pêssego e morango é possível, mas é preciso um manejo diferenciado. E uma das novidades, é que já testamos também a produção de suco de tomate", adiantou o técnico. A máquina aceita o método de termovinificação, então, pode ser também usada para produção de vinhos.
Importância do Consumo da Uva
Durante a programação foi realizada a palestra do professor César Rombaldi, da UFPel, que ele adaptou a uma conversa familiar, mais rápida, com todos os participantes. O professor, usou didaticamente seus conhecimentos, usando um diálogo simples e brincalhão, para dar um resignificado à uva.
Ao falar dos três motivos que devem incentivar cada pessoa a consumir uva, ele deu um caráter social mais amplo do que nutricional à cultura. "A cultura da uva é especial. Ela consegue reunir pessoas", disse Rombaldi. Daí, exemplificou o grande número de participantes nesta edição da Abertura da Colheita, assim como, no dia a dia nos parrerais, onde se faz um trabalho coletivo entre a família e vizinhos. Rombaldi falou também de alguns aspectos da fruta como ser boa, bonita, barata, o que faz comercializá-la com maior facilidade, deixando os recursos aqui na região, e proporcionando felicidade à família consumidora e também à família produtora. "A fruta faz bem para alma, para o espírito e para a humanidade", afirmou o professor da UFPel.
E por fim, ele destacou os aspectos nutricionais da uva, sendo uma fruta que possui uma fonte natural de açúcares bons, rica em potássio e magnésio, com propriedades que protegem o organismo ( flavonoides, antocianinas, antioxidantes e resveratrol).
Cerimônia da Abertura da Colheita
A celebração da 7ª Abertura da Colheita da Uva foi precedida por uma benção ecumênica feita pelo padre Capone e pelo pastor Jorge Signorini, que lembrou que a uva foi essencial para formação da humanidade, e especialmente para espiritualidade do povo. "Se a terra era boa, dava uva. A uva era sinal de fertilidade, servia como terapia e como medicina e quem a tinha estava ligada a Deus, então, tinha fé", refletiu o pastor Signorini.
Após as autoridades presentes fizeram suas manifestações e algumas foram homenageadas, assim como, um grupo de produtores de uva da região. "Esse evento é uma prova para responder às dúvidas de quem não acreditava que a região poderia produzir uvas, com o apoio das estruturas públicas e privadas", disse o chefe-geral da Embrapa Clima Temperado, Clenio Pillon. Para ele, a Embrapa dá suporte recomendando tecnologias de manejo da cultura da uva e fortalece a diversificação da matriz produtiva na região.
"Quero ser lembrada como a Prefeita da Colônia", falou entusiasmada a prefeita Paula Mascarenhas que esteve presente em todas as últimas aberturas das colheitas da uva, e cujo evento rural de importância, neste início de mandato, marcou sua primeira representação como prefeita de Pelotas.
Estiveram presentes ao ato, além da Prefeita e o chefe-geral da Embrapa, o vice-prefeito Idemar Barz; o gerente regional da Emater, Luiz Maria Miranda de Godoy; o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Nilson Wild, o secretário de Desenvolvimento Rural do município, Jair Seidel, a vereadora Zilda Burkle, representando o Legislativo de Pelotas, e o produtor anfitrião, Celmar Raffi.
Foram homenageados nesta edição o padre Armindo Luiz Capone, o ex-técnico da Emater/RS, Luiz Carlos Migliorini, o produtor Celmar Schafer Raffi e a prefeita, Paula Mascarenhas. O grupo de produtores de uvas que foram distinguidos: Maria Zanetti, família Boher, Sidnei Schiller, Rubens Guiotti, Dirceu Kurz, família Ribes, Ireno Aldrighi, Darci Romano, Ondino Scheunemann e o professor Claudio Morelo.
Depois das homenagens, as autoridades descerraram a fita dos parrerais e colheram cachos de uva.
Cristiane Betemps (MTb 7418?RS)
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