Diversificar culturas é uma dos principais alicerces da sustentabilidade agrícola. Partindo dessa premissa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em sua unidade sediada na região dos Tabuleiros Costeiros, em Aracaju, vem pesquisando alternativas para a diversificação das áreas produtoras de grãos do Estado de Sergipe, fortemente dependentes do milho.

"Isso pode gerar riscos de comercialização e problemas com pragas e doenças", afirma o pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Sérgio de Oliveira Procópio. Ele explica que, com a monocultura, no caso de uma queda brusca do preço do milho, toda a região pode ser afetada. Além disso, a monocultura favorece a proliferação  de pragas e doenças, podendo gerar maiores riscos fitossanitários.

A Embrapa Tabuleiros Costeiros avaliou 55 cultivares de soja no seu campo experimental em Frei Paulo em 2013 e a grande maioria dos materiais apresentaram níveis de produtividade acima da média brasileira, o que indica alto potencial produtivo nos Tabuleiros Costeiros e no agreste. Essa tendência deve se repetir na safra 2014, pois o desenvolvimento da soja nos experimentos está ocorrendo novamente de forma muito satisfatória. "Bons produtores de milho apresentam os atributos para serem bons produtores de soja", afirma Procópio. Além disso, a proximidade do estado de Sergipe com os portos diminui o custo com o frete para a exportação do grão.

Para apresentar aos produtores de Sergipe e demais estados vizinhos a viabilidade da soja na região, a Embrapa Tabuleiros Costeiros realizou, dia 10 de setembro último, um Dia de Campo em Frei Paulo – SE com produtores e técnicos, tendo a frente pesquisadores e equipe técnica que repassaram diversos aspectos da cultura.

Os primeiros aspectos abordados no evento foram a escolha das cultivares em relação ao potencial produtivo, porte para colheita mecanizada, acamamento, ciclo, e resistência às doenças.

Inoculação
Outro aspecto importante abordado foi a fixação biológica do nitrogênio, com a aplicação dos chamados inoculantes. O milho necessita de adubação nitrogenada, como a ureia, que onera muito o custo da produção. Na soja, é possível facilmente e a baixíssimo custo inocular a estirpes das bactérias do gênero Rhizobium nas sementes, que tem a função de retirar o nitrogênio do ar e fornecer às plantas de soja. "Todas as áreas plantadas de soja nos nossos campos experimentais não têm um grama de adubo nitrogenado. É o trabalho da simbiose da bactéria com a planta.", disse o pesquisador Sérgio Procópio.

Outro assunto que os pesquisadores abordaram foi a definição da época do plantio. "É um assunto muito sério, pois épocas inadequadas podem dificultar o estabelecimento da cultura, ou pode promover o desenvolvimento das plantas em épocas sem umidade no solo para o enchimento dos grãos, disse o pesquisador e chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Tabuleiros Costeiros,  Ronaldo Souza Resende.   

Segundo ele, o produtor pode programar a colheita em uma época muito chuvosa que pode causar danos de qualidade ou dificuldade de colheita mecanizada. "É preciso ficar atento à população de plantas, o espaçamento ideal e como controlar as plantas daninhas", complementa ele.

Pragas e doenças
Os pesquisadores da Embrapa também fizeram, durante dois anos, levantamento das pragas que ocorreram nas áreas experimentais de soja, como lagartas, percevejos e coleópteros desfolhadores. Eles identificaram todos os espécimes e vêm definindo as melhores formas de controle.

O controle das pragas e doenças da soja já é bem conhecido entre os produtores tradicionais e pesquisadores que recomendam o monitoramento constante das áreas de produção. "Deve-se evitar o uso de inseticidas que eliminam os inimigos naturais de pragas, como os piretróides", afirma o pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Adenir Teodoro.

"Além disso, existem os produtos biológicos como Baculovirus, Beauveria bassiana e Metharizium anisoplia.  Há também como inundar o campo com inimigos naturais como a minúscula vespa Trichogramma que parasita os ovos das lagartas", complementa o pesquisador.

Outro fator favorável ao cultivo da soja é a possibilidade de ser plantada no sistema de plantio direto, evitando o revolvimento do solo e a utilização de arados e grades.

Os pesquisadores da Embrapa estão à disposição daqueles que desejam se informar sobre o plantio de soja na região dos Tabuleiros Costeiros e Agreste para iniciar o cultivo dessa leguminosa, que pode ser utilizada tanto para formulação de rações para aves e suínos quanto para a produção de óleo. Para isso, é só entrar em contato com o SAC através do telefone (079) 40091344.