17/09/14 |   Produção vegetal

Perguntas e respostas sobre a praga do mandarová na seringueira

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Foto: Rivadalve Coelho Gonçalves

Rivadalve Coelho Gonçalves - lagarta do mandarová

lagarta do mandarová

1. O que é?
 
Há evidências de que o mandarová seja um inseto-praga originário do Brasil. Os primeiros registros aconteceram nos estados do Rio Grande do Sul e São Paulo, no final do século XIX. É uma praga de ocorrência esporádica, isto é, ocorre em determinadas épocas do ano (praga sazonal), podendo demorar vários anos para atacar novamente. A aerodinâmica de seu corpo permite ao inseto voar grandes distâncias, de modo que essa praga se estende por toda a América do Sul e América Central, e pode ser encontrada também na América do Norte até a fronteira com o Canadá.
Em algumas regiões do Brasil, a lagarta do mandarová é também conhecida por "mandrová".
 
2. Como identificar a lagarta do mandarová?
 
É importante que o produtor saiba reconhecer as diferentes fases do desenvolvimento da lagarta, para garantir maior eficiência nas ações de controle da praga.
 
A lagarta do  mandarová passa por cinco fases de desenvolvimento, que duram aproximadamente de 12 a 15 dias. Na prática, essas fases podem ser diferenciadas pelo tamanho do inseto, principalmente pela forma e coloração do apêndice abdominal ou chifre caudal, que se parece com uma seta. Da primeira à quinta fase, a lagarta pode medir de dois a doze centímetros de comprimento.
 
Nas três primeiras fases, a lagarta mede até três centímetros e possui chifre abdominal mais proeminente e fino. É durante as fases iniciais da lagarta que se obtém melhor eficiência das ações de controle à praga. Na quarta e quinta fases, quando a lagarta chega a medir de dez a doze centímetros e seu chifre caudal tende a diminuir e engrossar, a lagarta se torna mais resistente ao controle biológico e químico, sendo justamente a quinta fase o período em que ocorre a maior parte do consumo das folhas, com grandes perdas foliar e financeira para o produtor.
 
3. Quais culturas podem ser atacadas pela lagarta?
 
A lagarta do mandarová se constitui como a principal praga da cultura da mandioca, por causa da sua alta capacidade de consumo foliar, especialmente nas últimas fases de seu ciclo de vida, antes da fase adulta. No Acre, vários surtos foram registrados desde a década de 1980, sendo comum a ocorrência da praga em culturas de mandioca durante o período das chuvas.
 
A lagarta pode se alimentar de mais de 35 espécies de plantas, sendo a maioria delas produtora de látex. Porém, somente em agosto de 2014, durante o verão na região, teve-se notícia de surto do mandarová em culturas de seringueira no Acre.
 
4. Quais os principais prejuízos causados pela lagarta?
 
Conforme observado em surtos de mandarová em mandiocais no Acre, a lagarta pode causar severo desfolhamento nas plantas, com perda considerável. Quando o desfolhamento ocorre em plantas jovens (dois a cinco meses), as perdas são maiores do que em plantas mais velhas (seis a dez meses). Além disso, as lesões e ferimentos causados pelas lagartas facilitam a penetração de doenças na planta. Muitas vezes, a desfolha causada pelo mandarová nas culturas da mandioca não é suficiente para acarretar dano econômico, devido à capacidade de compensação das plantas para suprir a falta momentânea de folhas. Porém, os surtos verificados durante a década de 1990 ocasionaram perdas de produtividade estimadas em torno de 50% a 60%.
 
Na seringueira, o mandarová é também considerado uma praga importante, embora de ocorrência cíclica, em ataques severos. Em função da sua voracidade, a praga pode dizimar por completo um plantio em poucos dias. No início, as lagartas se alimentam das folhas e ramos novos e, em alta população, destroem as folhas velhas e as ramificações mais finas.
 
5. O mandarová possui inimigos naturais?
 
Sim. O mandarová, assim como outros insetos que são pragas de lavoura, possui inimigos naturais. Um dos mais importantes são as vespas (conhecidas pelo nome de caba, na região Norte). As cabas atacam as lagartas do mandarová, para alimentar seus filhotes no ninho, e auxiliam desta forma no controle da praga. São, portanto, importantes aliadas dos produtores de mandioca no combate ao mandarová, por isso seu ninho não deve ser derrubado ou queimado.
 
6. Quais as alternativas disponíveis para o controle da praga?
 
A lagarta possui ciclo de vida curto, de modo que é importante saber reconhecer em que fase a lagarta se encontra pois o seu controle é mais fácil até a terceira fase. A partir da quarta e quinta fases, as lagartas de mandarová se tornam mais resistentes. O produtor também deve observar a quantidade de insetos por área (monitoramento populacional) para tomar as medidas apropriadas de combate à lagarta.
 
A ocorrência do mandarová em culturas de mandioca no Acre é bastante comum, de modo que alternativas de controle da praga vêm sendo testadas com resultados eficientes desde 2008. A ocorrência da lagarta em seringais no estado só havia sido registrada em ambientes de viveiro e em níveis populacionais muito baixos, o que dispensava métodos de controle químico ou biológico, sendo a catação manual e consequente destruição das lagartas suficientes para conter a praga. O surto severo verificado em agosto de 2014 em culturas de seringueira no Acre, portanto, apresenta-se como um novo desafio para pesquisadores e produtores. A situação demandará estudos e testes a partir desse momento, na busca por tecnologias eficientes no combate à ocorrência dessa praga em seringais.
 
Como ação emergencial, a Embrapa recomenda o uso adaptado da tecnologia disponível para o combate do mandarová em mandioca (primeira alternativa) e das tecnologias já existentes para o controle do mandarová em seringueira (segunda e terceira alternativas):
 
1) Destruição manual de lagartas e pupas:
 
A destruição manual de lagartas e pupas pode ser realizada em pequenas áreas (principalmente nos plantios de mandioca, devido ao porte baixo das plantas). Com auxílio de uma tesoura ou instrumento pontiagudo, os produtores podem fazer um caminhamento no plantio, perfurando as lagartas que estão se alimentando das folhas. As pupas, que ficam enterradas até cinco centímetros abaixo da superfície do solo, podem ser coletadas e destruídas manualmente. Alguns animais, como galinhas comuns e galinhas d'Angola também se alimentam das pupas e lagartas, contribuindo para seu controle. No entanto, esta ação de controle em seringueira somente é viável em seringais recém-implantados, com plantas de porte baixo.
 
2) Aplicação do extrato de lagartas Erinnyis ello contaminadas com o baculovirus:
 
Essa ação envolverá a participação conjunta da Embrapa Acre, do IDAF, da Seaprof e de produtores rurais, para teste nas primeiras áreas infestadas com a praga. A medida será necessária para obtenção dos primeiros extratos, após constatação de sua eficiência na cultura da seringueira, já que os extratos disponíveis atualmente no Acre foram testados apenas para a cultura da mandioca. Após esses testes, o IDAF, a Seaprof e os produtores interessados, devem buscar estratégias com o objetivo de assegurar o armazenamento de uma quantidade suficiente de extrato (inseticida biológico), para atendimento aos produtores, cujas áreas de seringueiras estejam sendo atacadas.
 
Como o vírus é obtido a partir das lagartas mortas, que são recolhidas, trituradas e transformadas em extrato, o produto apresenta as vantagens de ser de baixo custo e de poder ser reutilizado várias vezes, pois o extrato pode ser congelado por até cinco anos. Para a eficiência dessa ação de combate à praga, a aplicação deve ser feita nos primeiros estágios de vida da lagarta (até a terceira fase de desenvolvimento).
 
3) Aplicação de inseticida biológico à base de Bacillus thuringiensis:
 
Esse tipo de inseticida biológico está disponível no mercado. Possui a vantagem de ser seletivo e de ser menos agressivo à saúde e ao meio ambiente (Classe IV). Esses produtos têm apresentado grande eficiência na eliminação do mandarová até o sétimo dia após a aplicação, mas somente é eficiente quando aplicado até a terceira fase de desenvolvimento da lagarta. A desvantagem dessa opção é a necessidade de aquisição do produto para novas aplicações (são necessários 600 g do produto comercial para pulverizar um hectare de roçado), o que gera o aumento no custo de produção. Nessa ação de combate à praga, as lagartas mortas após a aplicação do inseticida não servirão para produção de extratos.
 
4) Controle químico:
 
Esta é a opção mais inadequada do ponto de vista ambiental, porém não pode ser descartada por técnicos, extensionistas e produtores, diante dos prejuízos econômicos decorrentes do ataque severo dessa praga. Para indicar os inseticidas que poderão ser utilizados no combate à praga, os técnicos precisarão consultar o sistema Agrofit, visando à recomendação segura dos inseticidas registrados no MAPA, para o controle do mandarová na cultura da seringueira.
 
Conforme a severidade do ataque e da fase em que a lagarta se encontra, será necessário optar entre as alternativas sugeridas, dependendo da disponibilidade dessas soluções para os produtores. Em alguns casos, poderá ser necessária a combinação de estratégias de controle biológico e químico, para maior eficiência. Por exemplo, a ação do baculovírus (segunda alternativa) não atinge as lagartas adultas, que descem das árvores para empupar no solo e se transformar em mariposa. Nesse caso, é importante adotar medidas de controle químico (quarta alternativa) na parte baixa dos plantios para combater o inseto em seus estágios finais.
 
7. Quais as orientações para o produtor que ainda não teve suas lavouras atacadas?
 
O produtor deve se informar sobre a praga (consultar publicações da Embrapa sobre o mandarová, para acessar informações mais detalhadas aqui) e monitorar suas lavouras; buscar informações com os técnicos da assistência técnica e extensão rural que atuam no município; conversar com produtores que tiveram suas lavouras atacadas; e saber quais as instituições devem ser avisadas quando da ocorrência da praga.
 
8. Quais as instituições e telefones para contato, no caso de verificar a ocorrência da praga?
 
Comunicar ao escritório da Seaprof ou qualquer outra entidade prestadora de assistência técnica do município e imediatamente ao IDAF por meio dos telefones: (68) 3224-8482 / 3221-3394 / 3221- 0724 / 3221-7773 / 3221-1890.
 

Núcleo de Comunicação Organizacional e Setor de Transferência de Tecnologia
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Mais informações sobre o tema
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