Extensão rural atualiza técnicas de cultivo do morango
19/09/14
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Agroecologia e produção orgânica Transferência de Tecnologia
Extensão rural atualiza técnicas de cultivo do morango
Foto: Carlos Reisser
Propriedade de Turuçu/RS mostra experiência de plantio suspenso do morangueiro.
Tecnologia de produção de morangos suspensos apresenta viabilidade técnica e econômica. Sistema gasta dez vezes menos, usando menos agrotóxico e oferecendo o fruto o ano inteiro. Cerca de 130 extensionistas foram envolvidos, representando diversos municípios do Estado.
Para atualização das técnicas de cultivo de morangos como a produção suspensa hidropônica e a produção orgânica, foi organizada pela Embrapa Clima Temperado, de Pelotas/RS para técnicos da Emater/RS-Ascar, a Jornada Técnica Sobre o Cultivo do Morangueiro, que se encerrou nesta quinta-feira, 18. A programação tratou também da viabilidade do cultivo, panorama econômico local e mundial e técnicas de manejo. O evento finalizou com visita às propriedades de Turuçu/RS.
Na abertura da Jornada, o chefe-geral, Clenio Pillon, fez um agradecimento pela parceria de décadas entre a Unidade de pesquisas e a Emater/RS-Ascar. Ele destacou também três aspectos importantes a serem tratados na cadeia produtiva da cultura: a oferta à sociedade de um produto de qualidade e seguro, a utilização da produção integrada e o atendimento ao regramento de base ecológica.
"Pedimos um curso para qualificação na área com essas técnicas sustentáveis", falou o gerente-executivo da Emater/Pelotas, Cesar Demench. Ele destacou na evolução da cultura do morangueiro, por exemplo, o uso racionalizado atualmente dos agrotóxicos ao utilizar o plantio orgânico de base ecológica e mudas de qualidade.
Uma das dificuldades do produtor, conforme Demenech, está na relação de que a oferta do produto seja maior que a demanda. "Os produtores mais eficientes são os que usam tecnologias, acesso a mudas de qualidade e às políticas públicas", analisa.
Sobre as técnicas de cultivo
O pesquisador Luiz Clóvis Belarmino fez um panorama econômico do cultivo do morangueiro entre o mundo e o Brasil. "A nossa produção é bastante baixa, oito vezes menor, que os principais produtores mundiais", destacou.
Segundo ele, os preços praticados no Brasil variam bastante em função da sazonalidade de produção por não oferecer o fruto o ano inteiro. "Mas, com o uso da tecnologia poderemos resolver este problema", afirmou.
Como forma de colaborar no desenvolvimento da cultura, a Embrapa está propondo um novo sistema alternativo de produção com matrizes suspensas (fora de solo). Para Belarmino, este sistema semi-hidropônico (recirculante), o produtor não tem nenhuma perda e pode gastar dez vezes menos, usando menos adubos e não poluindo o meio ambiente. Os frutos são de alta qualidade, sem incidência de doenças, sem ação da chuva e umidade, além de apresentar maior conforto ao produtor: poder trabalhar em pé. O projeto de pesquisa tem apresentado bons resultados técnicos e viabilidade econômica. "Uma estufa de 5X30 mt poderá comportar cerca de duas mil mudas. Em um ano, o produtor poderá ter um lucro de dois mil reais, considerando todos os custos", avaliou.
O Sistema Fora de Solo
Neste sistema, desenvolvido pela Embrapa, as plantas se desenvolvem em sacos com substrato constituído de casca de arroz e outros materiais orgânicos, em bancadas com cerca de 80 centímetros de altura. A adubação é feita com fertirrigação.
Produção de Mudas
Uma das grandes preocupações para o desenvolvimento da cultura está no uso de mudas de qualidade. O Brasil importa quase todo o material propagativo do Chile e da Argentina. O bolsista da pesquisa Michel Aldrighi recomenda que o produtor tenha cuidados em adquirir mudas com viveristas certificados. "Após o plantio, é preciso cuidado com a irrigação, porque é um período crítico; outro ponto que exige atenção é a fase da floração, onde se deve fazer um equilíbrio nutricional", alertou.
Um dos benefícios do sistema fora de solo está na forma de plantio das mudas. Enquanto no chão são plantadas cinco mudas por metro quadrado, nas sacolas são utilizadas até 15 mudas por metro quadrado de estufa. É possível alcançar três vezes mais plantas por área, sem perder a produtividade. Como o cultivo de morango no solo traz doenças no sistema radicular da planta. A maioria das lavouras tem alto índice de mortalidade de plantas ao final do ciclo, o que obriga os produtores a renovarem todos os anos o plantio. Ao utilizar o sistema alternativo de produção fora de solo, uma muda cultivada em substrato, livre de contaminações, pode ser usada por até dois a três anos. É possível que o produtor desenvolva sua própria muda, inclusive se antecipando, através das estufas do ano anterior. "Ele consegue ter uma muda bem cedo podendo colher em abril, época em que ele estaria recebendo as mudas importadas", falou.
A Jornada foi encerrada com a troca de experiências realizadas entre os técnicos da Emater/RS-Ascar e os produtores de morango Alvacir Neuschrank e Marciano Behling, da localidade de Santa Silvana, em Turuçu/RS. Estes dois produtores são exemplos de aplicação da tecnologia fora de solo.
Números do Morango
+ Mundo
241 mil hectares
4,5 milhões de toneladas
+ Rio Grande do Sul
490 hectares
17 mil toneladas
Cristiane Betemps e Laco Afonso (MTb 7418-RS)
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