01/10/14 |   Biotecnologia e biossegurança

Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação visita Banco Genético da Embrapa

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Foto: Claudio Bezerra/NCO

Claudio Bezerra/NCO - Da esquerda para a direita: o presidente da Embrapa, Maurício Antônio Lopes, o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Clélio Campolina Diniz, o Chefe Geral da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, José Manuel Cabral e o secretário-executivo do MCTI, Álvaro Prata.

Da esquerda para a direita: o presidente da Embrapa, Maurício Antônio Lopes, o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Clélio Campolina Diniz, o Chefe Geral da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, José Manuel Cabral e o secretário-executivo do MCTI, Álvaro Prata.

Clélio Campolina conheceu ainda os laboratórios de Nanotecnologia e Biologia Sintética e de Interação Planta-Praga

Brasília, 30 de setembro de 2014 – A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, uma das 46 unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, recebeu na última terça-feira, 30/9, pela manhã a visita do Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clélio Campolina Diniz, acompanhado do Secretário-Executivo do MCTI, Álvaro Prata, e do assessor Bruno Nunes. O objetivo da visita foi conhecer as instalações do Banco Genético da Embrapa, que é atualmente o maior banco genético de sementes do Brasil e da América Latina, com cerca de 125 mil amostras de sementes de 735 espécies e capacidade para até 800 mil amostras conservadas a uma temperatura de -20º. Acompanharam a visita o presidente da Embrapa, Maurício Lopes, a assessora da presidência Myriam Tigano, os Chefe Geral José Manuel Cabral de Sousa Dias e as Chefes de Pesquisa e Desenvolvimento, Marília Burle, de Transferência de Tecnologia, Isabela Barbirato, e o pesquisador Juliano Pádua.

Após ser apresentado às pesquisas desenvolvidas pela Unidade, o ministro Campolina, que é engenheiro mecânico e ex-reitor da Universidade Federal de Mina Gerais (UFMG), questionou sobre a concessão de autorizações para a pesquisa de estrangeiros no Brasil. O presidente Maurício Lopes afirmou que atualmente essas concessões, como por exemplo as autorizações para expedições de coletas na biodiversidade brasileira, são feitas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e sempre acompanhadas por alguma instituição brasileira. Além disso, o governo brasileiro possui mecanismos que possibilitam a rastreabilidade da origem das informações científicas para o caso de algum uso comercial indevido da biodiversidade brasileira.

O presidente da Embrapadestacou a importância da realização de coletas de materiais nativos da biodiversidade brasileira, uma vez que a nossa agricultura ainda é muito dependente de recursos genéticos de outros países. "Apesar do Brasil ser um país megadiverso, a agricultura brasileira é extremamente dependente de recursos genéticos importados das mais variadas regiões do globo, o que faz com que necessitemos de uma importação sistemática e crescente desses recursos genéticos para a produção de alimentos, fibras e energia", afirmou Maurício Lopes. Por essa razão, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia desenvolve há quatro décadas atividades de introdução, coleta, intercâmbio, caracterização, conservação, documentação e informação de recursos genéticos no país, englobando espécies vegetais nativas e exóticas, além de raças animais e microrganismos.

Todo esse trabalho tem o objetivo de aumentar a variabilidade dos recursos genéticos, de forma a suprir os programas de melhoramento com o material necessário para o desenvolvimento de novas variedades de plantas, raças animais, produtos e processos microbiológicos. Esse material é conservado a longo prazo para uso futuro no Banco Genético da Embrapa, que também serve como um repositório de segurança para materiais de interesse agropecuário, já que armazena cópias de todos os bancos da Embrapa distribuídos nas unidades de pesquisa do Brasil, funcionando como um "backup" dessas coleções. O ministro Campolina fez questão de conhecer as instalações do Banco Genético da Embrapa, inaugurado no dia 24 de abril deste ano junto às comemorações dos 41 anos da Embrapa.

Campolina conheceu como será feito o gerenciamento de dados genéticos

A visita ao Banco Genético da Embrapa começou pelo showroom com exposição permanente de tecnologias da Embrapa e a história da conservação ex-situ na empresa contada por meio de fotografias de expedições de coletas e das pesquisas em geral. O ministro Campolina também foi apresentado ao sistema de informação Alelo, que indica a localização do armazenamento de cada amostra contida no banco e apresenta seus dados principais de caracterização, como indicação do local e data de coleta, quantidade armazenada etc. O sistema foi desenvolvido pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia em parceria com a Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP) e é essencial para conhecer e gerenciar todo o material genético armazenado.

O ministro de CT&I conheceu o Laboratório de Preparo de Amostras, onde são feitos os testes fitossanitários e de germinação das sementes antes que estas sejam depositadas no Banco Genético, que mantém as coleções a uma temperatura de -20º C. Nas câmaras geladas, Campolina verificou como é feito o armazenamento de sementes, em embalagens numeradas para facilitar a identificação e o rastreio das espécies. Em seguida, os visitantes conheceram a sala dos tanques de criogenia, utilizados na conservação de recursos genéticos animais. Atualmente, são conservadas 65 mil amostras de sêmen e 450 embriões de raças de animais domésticos de interesse agropecuário, também chamadas de conservação ex-situ, mantidos pelo método de criopreservação em nitrogênio líquido a uma temperatura de 180º C negativos.  O ministro conheceu ainda a fábrica de nitrogênio líquido situada na laje do Banco Genético.

O Chefe Geral da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, José Manuel Cabral, lembrou que o Banco Genético também armazena espécies de plantas armazenadas in vitro, método utilizado para espécies cujas sementes não suportam baixas temperaturas e umidade e amostras de microrganismos utilizados pela pesquisa agropecuária no desenvolvimento de novas tecnologias e produtos para o controle de pragas e doenças das lavouras. O banco de conservação in vitro conta hoje com 15 espécies conservadas, entre elas abacaxi, aspargo, morango, mandioca, batata etc, e 45 mil espécies de microrganismos que incluem bactérias, vírus, fungos, leveduras e outros. Na base de dados Alelo, já estão cadastrados 27.500 tipos de microrganismos importantes para a agricultura. "Conhecemos muito pouco os microrganismos e não há sequer uma ideia precisa do número de espécies existentes no mundo", disse Cabral. O presidente da Embrapa Maurício Lopes completou, afirmando que os microrganismos são "a matéria escura da vida".

Pesquisas na área de biotecnologia também fizeram parte da visita

As pesquisas que permitiram a fabricação de fibras sintéticas inspiradas nas teias de aranha da biodiversidade brasileira, lideradas pelo pesquisador da Embrapa Elíbio Rech, também foram apresentadas ao ministro de CT&I, Clélio Campolina. A possibilidade de fazer materiais que substituam o aço, por exemplo, encantou o ministro, que visualizou a teia de aranha produzida em laboratório que poderá, no futuro, ser utilizada em substituição a composições metálicas e plásticas como peças para aviões, cascos de navios e coletes à prova de balas mais leves que os atuais. " O homem nunca fez um material que tem flexibilidade e resistência ao mesmo tempo", destacou Elíbio Rech, enfatizando que a transferência de tecnologias como essa para o setor produtivo depende da redução dos custos de produção, ou seja, de encontrar um meio econômico, rápido e seguro para a sua produção em larga escala.

A última parada da visita do ministro de CT&I à Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia foi no Laboratório de Interação Molecular Planta-Praga I, coordenado pela pesquisadora Maria Fátima Grossi de Sá, que desenvolve atividades de prospecção de genes codificadores de proteínas tóxicas aos insetos-pragas e fitonematóides de importância econômica para a agricultura. As estratégias utilizadas envolvem a busca de genes em fontes naturais (microorganismos e vegetais), estudos proteômicos, de genômica funcional e evolução molecular in vitro (DNA Shuffling). Metodologias de transformação genética de plantas, com enfoque em algodão, café e feijão, também estão sendo desenvolvidas visando a obtenção de plantas geneticamente modificadas resistentes às pragas de interesse agronômico.

No encerramento da visita, o ministro Campolina lembrou que "as universidades são centros de pesquisa mas tem como principal função a formação de recursos humanos. Já instituições de pesquisa como a Embrapa tem o papel de, além de realizar pesquisas, fazer a interface com o setor produtivo".
 

Irene Santana (MTb 11.354/01)
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia

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