24/03/17 |   Gestão Estratégica

Artigo: Balanço social da Embrapa

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*Manoel Moacir Costa Macêdo
*Marcio Rogers Melo de Almeida


Em tempo de crise econômica, várias temáticas ganham relevância nos debates que discutem as formas de superação desse momento crítico. Considerando apenas a esfera econômica como forma de mensuração dos seus efeitos, ficamos alarmados com os estragos gerados no tecido social e econômico da sociedade brasileira. Na história econômica nacional, em acordo com os dados disponíveis para análise da atividade produtiva, não existiu tamanha regressão do Produto Interno Bruto - PIB em um período tão curto e com impactos relevantes em vários segmentos produtivos, principalmente no mercado de trabalho da população de baixa renda. Conseguimos estar envolvidos em duas situações quase excludentes: uma economia de dinâmica inflacionária com um carregamento inercial intenso; e uma queda vertiginosa da atividade econômica. Uma estagflação nada habitual na moderna economia monetária. Nesse contexto, os debates ficam mais intensos quando se discute a função do Estado no combate aos efeitos da crise, numa realidade patrimonial de captura das estruturas estatais pelos organizados e influentes grupos de interesses. Nessa perspectiva, realçam as seguintes questões: Quais as formas de atuação, com qual intensidade e quais setores econômicos devem ser priorizados?

Um ponto em particular tem ampla aceitação pelas distintas vertentes analíticas: a imperiosa avaliação dos impactos dos gastos governamentais. Não é prioridade específica da esquerda e da direita, o controle fiscal, a ética da gestão pública e o acompanhamento dos gastos governamentais. São requisitos universais da democracia e da governança pública. Ou seja, mensurar o alcance material e multiplicador dos objetivos das políticas públicas frente aos custos de realização. Seria simplesmente avaliar os custos versus benefícios das ações estatais. Ou de outra maneira, calcular o custo de oportunidade das escolhas sociais capitaneadas pela mão do Estado. É preciso saber o quanto e de que forma impactam as políticas públicas, principalmente aquelas que propõem amparar as classes sociais subalternas e desiguais viventes na arena capitalista. É necessário transparência e metodologia adequadas para fazer frente ao ativismo voluntarista que pode intensificar ao invés de inverter a pobreza e as injustiças sociais.

No Brasil no bojo da crise e das descrenças, existem algumas organizações públicas que há décadas mensuram o impacto das suas ações, em sua maioria financiadas pelo poder público. Destaque para a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA e o seu pioneirismo na avalição dos impactos das tecnologias geradas pelas dezenas de unidades descentralizadas de pesquisa no Brasil afora, um País com dimensões continentais com um mosaico diferenciado de climas, solos e paisagens. Exatamente há vinte anos, a Embrapa elaborou e publicou de forma sistematizada a sua prestação de contas à sociedade intitulada “Balanço Social da Pesquisa Agropecuária”. Uma avaliação além da individualidade tecnológica no seu ambiente interno e experimental, uma forma de se mostrar transparente à sociedade e de ser avaliada pelos seus clientes e parceiros. 

Nesse documento, estão os destaques e avaliações de áreas de pesquisa; soluções tecnológicas; métodos e ações de transferência de tecnologia, práticas gerenciais, de cooperação na formatação de políticas públicas; e de responsabilidade social. Indo adiante da mera descrição do que se considera destaque, para acolher os impactos materiais das tecnologias geradas, absorvidas e adotadas frente a cada real investido na sua geração. Essa análise contempla não somente a esfera econômica, mais também a ambiental, social e institucional. Como exemplo, em 2015 para cada real aplicado em pesquisa pela Embrapa, retornou R$ 9,23 para a sociedade brasileira, com a criação de 71.787 novos empregos nas cadeias produtivas onde as tecnologias foram absorvidas.

Por sua vez, a Embrapa Tabuleiros Costeiros sediada em Aracaju, uma das unidades descentralizadas de pesquisa, teve como tecnologias avaliadas nessa metodologia, entre outras o “zoneamento agrícola de risco climático do milho para Sergipe e o FertOnline um software para recomendação de fertilização do solo”. Ainda sem submeter a essa rigorosa metodologia, mas prontas para tal desafio destacam-se a “aquaponia e a produção integrada de peixes e vegetais para as agriculturas familiar e urbana; o Sealba, um novo território para Sergipe, Alagoas e Bahia, com alto potencial agrícola do Nordeste; a conservação e produção de sementes crioulas por famílias guardiães no nordeste brasileiro; e o manejo integrado para recuperação de pastagens e assegurar alimentos aos rebanhos do Nordeste”. Por fim, é importante salientar que o método de avaliação do balanço social, isola a participação da Embrapa na criação do objeto avaliado, respeitando o grau de cooperação, em relação às outras organizações também responsáveis pela tecnologia, num tempo de controle social, numa nova sociedade que fiscaliza, cobra e exige a materialização de resultados.

 

*Manoel Moacir Costa Macêdo é engenheiro agrônomo e advogado
Embrapa Tabuleiros Costeiros

*Marcio Rogers Melo de Almeida é economista
Embrapa Tabuleiros Costeiros

Embrapa Tabuleiros Costeiros

Telefone: (79) 40091381

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

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