Conservação e uso de parentes silvestres de plantas cultivadas é tema de reunião técnica na Embrapa
Conservação e uso de parentes silvestres de plantas cultivadas é tema de reunião técnica na Embrapa
Foto: Claudio Bezerra
Parentes silvestres de mandioca coletados no Cerrado e identificados na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
Patrimônio genético da humanidade, os parentes silvestres são resultado de séculos de adaptação ao ambiente. Objetivo é definir ações conjuntas para intensificar a coleta, conservação e uso sustentável no Brasil.
Os parentes silvestres de plantas cultivadas constituem um manancial genético à disposição da pesquisa agropecuária brasileira pelas características de adaptação ao meio ambiente desenvolvidas ao longo do processo evolutivo. Neles, podem estar as respostas para questões que afligem a sociedade contemporânea, como estresses climáticos e proliferação de pragas e doenças, entre outras. Entretanto, a introdução maciça de culturas exóticas e a destruição dos ambientes naturais representam ameaças iminentes a esse acervo vivo de conhecimentos. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Fundo Global da Diversidade Agrícola (Global Crop Diversity Trust - CBDT) mantém cooperação para intensificar as pesquisas nessa área desde 2015. No dia 04 de abril, as instituições promoverão uma reunião técnica na Sede da Embrapa, no auditório Biomas, em Brasília, DF, para discutir os resultados alcançados até o momento e definir ações futuras.
O evento vai reunir especialistas de instituições do Brasil e do exterior que apresentarão estudos de caso voltados para a conservação e uso de parentes silvestres. Um dos palestrantes será o cientista do Global Trust Hannes Dempewolf, botânico que lidera o projeto “Adaptando a agricultura às mudanças climáticas: coletando, protegendo e preparando os parentes silvestres das culturas”. “Ao longo dos anos, Dempewolf tem demonstrado interesse particular em explorar a maneira como os parentes silvestres podem ser usados em programas de melhoramento ligados a bancos genéticos”, afirma a supervisora do Núcleo de Apoio à Programação (NAP) da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Milene Castellen.
Projeto da Embrapa prioriza a conservação de parentes silvestres fora de seus habitats
Outro estudo de caso a ser apresentado na reunião técnica é o projeto Filling the gaps on Brazilian crop wild relatives in ex situ collections: germplasm collecting of wild Eleusine, Ipomoea, Oryza and Solanum, liderado pelo pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Marcelo Brilhante, que conta com aporte financeiro de US$ 150 mil do Fundo Global. O projeto envolve outras cinco unidades da Embrapa – Arroz e Feijão, Clima Temperado, Cerrados, Hortaliças e Mandioca e Fruticultura – e tem como base interesses comuns entre a Embrapa e o Global Trust.
“Hoje, a prioridade do Fundo Global é a conservação ex situ (fora do local de origem) de parentes silvestres de espécies de importância para a alimentação, especialmente daquelas que constam do anexo I do TIRFAAA - Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos para a Alimentação e a Agricultura (cevada, batata, batata-doce, girassol, milho, milheto, arroz, feijão, berinjela, entre outras) ”, explica a chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Marília Burle.
Entre essas, foram definidas como bases de estudo do projeto quatro espécies de interesse para a agricultura mundial: arroz, batata-doce, batata e um cereal conhecido internacionalmente como finger millet, cujo nome científico é Eleusine coracana. A escolha dessas espécies de deve ao fato de possuírem parentes silvestres em várias regiões brasileiras, sendo que muitos ainda não estão conservados nos bancos genéticos do país. O objetivo das instituições é garantir a conservação dos parentes silvestres dessas espécies, com o máximo de variabilidade possível, a partir de ações de coleta aliadas à integração aos bancos de conservação.
Ações de pesquisa estão sendo definidas por análise GAP
As ações de pesquisa estão sendo definidas por análise GAP, ferramenta que permite melhorar processos e tarefas a partir do levantamento de lacunas existentes na situação atual para alcançar a situação ideal a partir do SIG – Sistema de Informação Geográfica. No caso da Embrapa, essa análise está sendo feita em bancos de dados de herbários brasileiros para conhecer a situação atual dos parentes silvestres dessas espécies que já foram coletados no Brasil, de forma a identificar as regiões em que essas ações precisam ser intensificadas ou, até mesmo, iniciadas. A ferramenta GAP tem sido usada também para avaliar os materiais conservados nos bancos de germoplasma brasileiros.
Por isso, o projeto envolve também instituições externas à Embrapa que trabalham com parentes silvestres, como o Ministério do Meio Ambiente e o Instituto de Botânica da Universidade de São Paulo (USP). Os representantes dessas instituições também estarão presentes à reunião técnica.
Confiram a programação completa da reunião:
Manhã
8h30min – 8h40 min: Abertura do evento - José Manuel Cabral e Marília Lobo Burle
Mesa Redonda 1: Conservação de parentes silvestres de espécies vegetais cultivadas
8h40 min – 9h40min: Global Crop Diversity Trust e o futuro da conservação de parentes silvestres de espécies vegetais cultivadas - Dr. Hannes Dempewolf (Global Crop Diversity Trust)
9h40min – 10h: Ações para conservação de parentes silvestres de espécies cultivadas no âmbito do projeto “Filling the gaps on Brazilian crop wild relatives in ex situ collections: germplasm collecting of wild Eleusine, Ipomoea, Oryza and Solanum”- Dr. Marcelo Brilhante (Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia)
10h - 10h30min: Perguntas e discussão em plenária
10h30min – 10h50min: Representante do Ministério do Meio Ambiente (a confirmar)
10h50min – 11h20min: Os parentes selvagens da batata-doce e das lindas Ipoméias: a riqueza dos cerrados brasileiros - Dra. Rosangela Bianchini (Instituto de Botânica/ USP)
11h20min – 11h50min: Desafios e oportunidades para conservação e uso de parentes silvestres: visão de um experiente coletor - Dr. José Francisco Valls (Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia)
11h50min – 12h30min: Perguntas e discussão em plenária
Tarde
Mesa Redonda 2: Exploração e uso de parentes silvestres de espécies vegetais cultivadas
14h00 – 14h20min: Parentes silvestres nos Bancos de Germoplasma da Embrapa - Dra. Dulce Alves e Dra. Vânia Rennó (Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia)
14h20min – 14h40min: Estudo de caso relacionado ao gênero Ananas e outras Bromeliaceas - Dra. Fernanda Vidigal (Embrapa Mandioca e Fruticultura)
14h40min – 15h: Estudo de caso relacionado ao gênero Passiflora - Dr. Fábio Faleiro (Embrapa Cerrados)
15h – 15h20min: Estudo de caso relacionado ao gênero Solanum - Dr. Gustavo Heiden (Embrapa Clima Temperado)
15h20min – 15h50min: Perguntas e Discussão em plenária
15h50min – 16h10min: Estudo de caso relacionado ao gênero Manihot - Dr. Alfredo Alves (Embrapa Mandioca e Fruticultura)
16h10min – 16h30min: Estudo de caso relacionado ao uso de espécies silvestres de Arachis na biotecnologia de plantas - Dra. Patricia Messenberg (Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia)
16h30min – 17h: Perguntas e Discussão em plenária
17h – 17h30min: Encerramento – Dr. José Manuel Cabral e Marília Lobo Burle
Serviço:
Reunião Técnica sobre Conservação e Uso de Parentes Silvestres de Espécies Vegetais Cultivadas
Data: 04/04/2017
Hora: 8h30 às 17h30
Local: Auditório Biomas (Embrapa Sede, Bloco D)
Irene Santana e Fernanda Diniz (MTb 11.354/DF e (MTb 4685/DF)
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
cenargen.nco@embrapa.br
Telefone: (61) 3448-4769 e 3448-4768
Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/