31/03/17 |   Transferência de Tecnologia

Equipe avalia primeiro ano de execução do projeto TecLeite

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Foto: Bruno Pena

Bruno Pena - Matrizes leiteiras da raça Girolando, na URT do município de Feijó (AC)

Matrizes leiteiras da raça Girolando, na URT do município de Feijó (AC)

Pesquisadores e analistas da Embrapa Acre realizaram, na terça-feira (28), um balanço dos primeiros doze meses de atuação do projeto “Implantação e avaliação de URTs e APL para incremento da produção leiteira familiar do Acre - TecLeite”. Entre os avanços apontados pela equipe está a conclusão de diagnóstico socioeconômico e tecnológico da atividade leiteira em comunidades rurais de Feijó, documento norteador das ações do projeto. Além de apresentar resultados alcançados, a reunião técnica discutiu estratégias de trabalho para 2017. 

Iniciado em fevereiro de 2016, o TecLeite tem como objetivo fortalecer a cadeia produtiva do leite no Acre, por meio da transferência de tecnologias disponibilizadas em Unidades de Referência Tecnológica (URTs), implantadas em propriedade rurais que já trabalham com este segmento. As ações, executadas em parceria com produtores rurais dos municípios de Feijó, Brasileia e Plácido de Castro e Embrapa Rondônia (Porto Velho), contam com o apoio da Cooperativa de Produtores de Leite do Alto Acre (Coplac), Cooperativa de Laticínios (Coopel) e Fábrica de Latícios Nutril.

O foco principal das ações é a melhoria do padrão genético dos rebanhos, do manejo animal, qualidade das pastagens e dieta animal. Para contemplar estes aspectos as URTs contarão com um conjunto de tecnologias de fácil adoção e baixo custo, essenciais para o desenvolvimento da atividade leiteira. Paralelamente, o projeto também atua na avaliação da eficiência técnica e econômica do Arranjo produtivo Local (APL) Tarauacá-Envira, onde estão inseridos os produtores contemplados pelo projeto. 

Segundo o analista Bruno Pena, líder do projeto, o processo de adoção de tecnologias no campo, especialmente em áreas rurais da Amazônia, é lento e depende de fatores estruturais, econômicos e culturais. “É um trabalho de convencimento dos produtores que, no início, geralmente se mostram resistentes ao processo de mudança. Por isso, tivemos o cuidado de escolher áreas com acesso durante o ano todo para que as URTs funcionem como uma espécie de escola para produtores e profissionais ligados ao segmento pecuário. Assim, essas estruturas poderão contribuir para facilitar o acesso a conhecimentos tecnológicos necessários para uma pecuária leiteira mais sustentável”, explica.

Cenário

De acordo com dados do IBGE, no Acre a produção anual de leite é de 600 litros/vaca, produtividade bem inferior à média nacional de 1.400 litros/vaca/ano. Estudos realizados pela Embrapa demonstram que entre as principais limitações deste segmento produtivo no Estado estão a baixa aptidão leiteira das matrizes e a deficiência nutricional da dieta bovina devido à baixa qualidade da forragem ocasionada, principalmente, pela degradação das pastagens. 

Dados do Diagnóstico Socieconômico realizado com produtores rurais de Feijó, beneficiados pelo projeto TecLeite, concluído em 2016, confirmam que além do baixo nível tecnológico dos rebanhos e das pastagens, outros aspectos influenciam o desempenho dos sistemas locais de produção de leite. Segundo o analista da Embrapa Acre, Márcio Bayma, responsável pela condução do estudo, questões econômicas, estruturais e culturais, além da insuficiência dos serviços de assistência técnica e extensão rural, contribuem para este cenário de escassez tecnológica na pecuária leiteira acreana. 

“Muitas comunidades rurais ainda não contam com rede de energia elétrica estável,  fator que dificulta o uso de tanque de resfriamento e ordenhadeira mecânica. Além disso, as grandes distâncias em relação ao centro urbano e as péssimas condições de acesso a estas localidades e a necessidade de acompanhamento técnico efetivo também são determinantes dessa situação”, afirma Bayma.

No Acre a pecuária de leite é uma atividade realizada predominantemente por agricultores familiares e representa uma importante fonte de renda. Há vário anos a Embrapa investe em pesquisas para melhoria deste segmento produtivo. Como parte desse esforço, lançou a Pasta do Produtor de Leite Acreano, em 2009, ferramenta que reúne as principais tecnologias para este segmento produtivo, com orientações e recomendações técnicas para o seu uso. Em 2014 publicou o Sistema de Produção de Leite a Pasto para o Estado, composto um conjunto de tecnologias para a alimentação bovina, genética, infraestrutura e boas práticas de produção, com potencial de adoção em larga escala pelos produtores acreanos.

Prioridades

A implantação das URTs do projeto TecLeite iniciou com a adoção de tecnologias voltadas para o melhoramento genético dos rebanhos e melhoria da alimentação bovina. O primeiro passo foi orientar os produtores no processo de reforma da pastagem degradada, com uso de forrageiras de alto potencial produtivo, recomendadas pela Embrapa. Na sequência, foram adotados o pastejo rotacionado do rebanho e técnicas de suplementação nutricional no período de seca. 

Os produtores de Feijó e Plácido de Castro também aprenderam técnicas de inseminação artificial. “Na unidade de Feijó, por ser uma continuidade de projeto anterior, já é possível observar avanços na aptidão genética do rebanho leiteiro. Esse é um processo de longo prazo, mas os produtores já contam com matrizes oriundas de inseminação artificial. Embora esses animais ainda não tenham iniciado a produção, percebemos características que indicam boa aptidão leiteira”, destaca Pena.

O projeto também investe na melhoria da qualidade do leite, orientando sobre métodos de controle de mastite e boas práticas na ordenha e realizando o acompanhamento e análise da produção. Entre os meses de outubro novembro e dezembro foram realizadas coletas de leite em 88 propriedades rurais. As análises do material, realizadas no laboratório de qualidade do leite da Embrapa Rondônia, permitirão conhecer as condições higiênico-sanitárias da ordenha e o grau de sanidade dos rebanhos e os resultados vão subsidiar ações para adequação de procedimentos na condução da atividade.

Além de do atendimento a demandas tecnológicas das propriedades rurais, o TecLeite capacita produtores rurais e técnicos da extensão rural e outras instituições de apoio à produção, para viabilizar a adoção das tecnologias. Em 2016 foram oferecidos cursos sobre reforma de pastagens e alimentação bovina. Na opinião de Pena, preparar este público para o uso adequado das tecnologias contribui para melhor domínio da atividade produtiva. Outra finalidade das capacitações é formar multiplicadores de conhecimentos tecnológicos em comunidades rurais vizinhas às URTs e de outras localidades do Estado. 

Agenda de trabalho

Para 2017 está previsto a conclusão de implantação das URTs, com adoção de tecnologias como cerca eletrificada, uso de cultivares forrageiras em consórcio com leguminosas como o amendoim forrageiro, técnicas de transferência de embriões e controle zootécnico do rebanho entre outras alternativas tecnológicas essenciais para o desenvolvimento da produção leiteira. “Esse trabalho conjunto considera a realidade estrutural de cada propriedade e se materializa no esforço coletivo. Por isso, a participação dos produtores na implantação e condução das tecnologias é fundamental para garantir eficiência ao processo”, diz Pena.

O acompanhamento da eficiência econômica das URTs, a implantação de um modelo de gestão financeira da atividade leiteira nas propriedades, avaliação e monitoramento da eficiência genética dos rebanhos e avaliação dos indicadores de qualidade higiênico-sanitária do leite fornecido a laticínios do estado também são prioridades da agenda de trabalho este ano. A programação de capacitação inclui uma edição do curso de inseminação artificial para o público de Brasileia e cursos sobre sistema de produção de leite a pasto, boas práticas de ordenha e sanidade da glândula mamária além de outros temas importantes para a atividade leiteira. 

Diva Gonçalves (Mtb-0148/AC)
Embrapa Acre

Telefone: (68) 3212-3250

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

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