03/04/17 |   Agricultura familiar  Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Seminário de Inovação no Rio Grande do Sul fecha com novidades para Agricultura Familiar

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Foto: Paulo Lanzetta

Paulo Lanzetta - Seminário reuniu vários representantes das UDs e de importante organizações vinculadas ao setor da agricultura familiar. Os resultados serão compartilhados em reunião regional com países que compõem o Procisur.

Seminário reuniu vários representantes das UDs e de importante organizações vinculadas ao setor da agricultura familiar. Os resultados serão compartilhados em reunião regional com países que compõem o Procisur.

Troca de vivências das cinco regiões do Brasil, nova ferramenta de comunicação, público virtual, presença de mais de 20 Unidades de pesquisa da Embrapa e organizações relevantes, carta para criação de políticas públicas são resultados fortes no evento, que encerrou nesta quinta, dia 30.

Nesta quinta-feira, 30 de março, se encerrou o Seminário Inovação na Agricultura Familiar (AF) no Brasil, uma realização inédita, que ocorreu na Estação Experimental Cascata da Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS), congregando instituições de importância para o setor. Durante três dias, mais de 70 pessoas ligadas as realidades da AF como pesquisadores, professores, extensionistas, técnicos, agricultores e ONGs debateram o que é inovação, quais são as políticas públicas existentes para este setor e quais são as  metodologias, processos e os contextos em que se apresenta a AF no país, contando com as experiências do Cone Sul. O resultado do encontro vai desencadear três atividades em prol dos agricultores familiares: carta pública de compromisso para criação de uma política pública, criação de uma rede de inovação e seguimento à montagem deste evento. O Seminário foi acompanhado pelo diretor-executivo de Transferência de Tecnologias (TT) da Embrapa, Waldyr Stumpf Júnior, e pela secretária-executiva do Programa Cooperativo para el Desarrollo Tecnológico Agroalimentario y Agroindustrial del Cone Sur (Procisur), Cecília Gianoni.   

A própria realização do evento foi considerada inovadora, assim como, a necessidade de continuidade de discussão sobre as temáticas que permeiam a AF pelo público participante. O resultado do encontro  permitiu  a formulação de uma carta pública de compromisso para gestionar junto aos órgãos competentes a elaboração de mais políticas públicas para o setor; a criação de uma rede de inovação em AF, com ferramentas de articulação e comunicação ágeis (uso de mídias sociais) a fim de promover um intercâmbio permanente de conhecimentos e experiências; e a continuidade da atividade de discussão sobre os temas, ao dar prosseguimento a novas edições do evento, que contemplou as cinco principais regiões do país.  

Para a secretária-executiva do Procisur, Cecília Gianoni, a sua vinda ao Seminário está ligada a necessidade de institucionalizar as inovações na Agricultura Familiar. "Vamos reunir os atores para identificar os conceitos de inovação, as especificidades do processo, com definições de políticas públicas que os próprios agricultores demandam e gerar uma ferramenta metodológica para se fazer uma análise da situação no Brasil", disse Cecília. Ela comentou que depois serão feitas reuniões regionais nos demais países para congregar as ideias e criar políticas diferenciadas. "O agricultor familiar do Brasil tem o mesmo desafio que o agricultor familiar do Cone Sul", observou Cecília.

O reitor do Instituto Federal do Sul de Minas Gerais e coordenador da Câmara de Educação no Campo da Confederação Nacional de Instituições Federais (Conif), Marcelo Bregagnoli, trouxe contribuições ao Seminário ao ressaltar que 90% da formação técnica realizada pelos  Institutos Federais (IFs) no país são voltados para área da Ciências Agrárias. "Nosso aluno é capacitado para retornar para zona rural com melhores condições técnicas que atendam as suas necessidades, ou seja, os IFs estão contribuindo com a fixação do homem no campo", falou Marcelo.

A presidente do Portfolio de Inovação Social da Embrapa, uma novidade da Empresa, Christiane Amâncio, falou que este evento vem a colaborar na construção de um posicionamento institucional que contraponha a inovação tecnológica fria, pois o Seminário propôs uma reflexão sobre a reelaboração do conceito de inovação, a reunião de metodologias e práticas na agricultura familiar feita por toda a Embrapa em diferentes regiões. "Nós esperamos três grandes produtos desta atividade: um amadurecimento conceitual e metodológico e a construção de uma agenda que saia do plano para virar políticas públicas de fato, dando assim, maior robustez a esse espaço da agricultura", ressaltou Christiane.

"Precisamos aproveitar a capacidade instalada em cada organização, que está aqui representada, para transferir tudo isso num Plano de Desenvolvimento, que gere benefícios para sociedade, dando opções aos agricultores familiares e proporcionando melhores condições a população, inclusive de saúde, através da produção de alimentos de maior qualidade", ponderou o chefe da Área de Transferência de Tecnologia da Embrapa Clima Temperado, João Carlos Costa Gomes. Ele lembrou da existência do Forum da Agricultura Familiar, instalado aqui na região Sul, que há mais de 15 anos vem estabelecendo uma agenda de trabalho comum entre as instituições.

O diretor-executivo de TT da Embrapa, Waldyr Stumpf Junior, mencionou o surgimento do Plano Nacional de Inovação, em 2013, pelo Governo, aonde seria necessário o país inteiro manter um diálogo com os agricultores para se apresentar soluções organizadas. "Estamos fazendo essa conversa neste momento aqui na região Sul, já tinhamos começado na Amazônia e depois nas demais regiões. " Agora, é o momento de desenharmos as ações para o futuro da Agricultura Familiar, ao convergirmos as tecnologias da Embrapa com os conhecimentos dos agricultores. Um dos principais focos é tirar desse evento uma estruturação de redes em Agricultura Familiar", falou o diretor-executivo.

O coordenador técnico da EEC, Carlos Alberto Medeiros, chamou a atenção da escolha do local do evento. "Essa Estação desde seus primórdios, há 80 anos, já tinha essa preocupação com a agricultura familiar, e hoje, esta base física da Embrapa é uma referência neste setor por que assumiu o mandato de reunir pesquisas voltadas aos agricultores familiares. Então, não poderia ser um local mais apropriado para sediar essa atividade", falou Medeiros. 

Todas as discussões do Seminário ocorreram nas dependências do Centro de Capacitação do Agricultor Familiar (CECAF), instalado na Estação Experimental. 

Segundo dia de trabalho
Na quarta-feira, dia 29, no segundo dia de trabalho do Seminário, foram à mostra  as diferentes abordagens metodológicas  em AF apresentadas pelo técnico Paulo de Oliveira Poleze, da CONTAG e João Carlos Costa Gomes, pela Embrapa. Após, foi apresentado como ocorreu a implantação do Plano Nacional de Inovação e Sustentabilidade na Agricultura Familiar, dentro da Embrapa, pelo chefe do Departamento de Transferência de Tecnologias, Fernando Amaral e quais são os fundamentos deste Plano e seus desafios, mostrados pelo professor Jean Pierre Medaets, da Universidade Nacional de Brasília. E para finalizar o dia foi feita uma rodada de vivências em inovação na AF  relatadas  por  representantes  de cada uma das cinco regiões.

As experiências das regiões do Brasil em inovação na AF
Silvio Brienza Junior falou pela região Norte ao apresentar como destaque a Caminhada da Agricultura Familiar no Centro-Oeste do Pará, a qual trouxe contribuições para projetos de Agroecologia e a fundamentação para proposta  BNDES/FUNDO AMAZÔNIA: Desenvolvimento Territorial Sustentável  no Bioma Amazônia – DSAmazônia. O representante da região Nordeste, Vinícius Guimarães falou sobre a experiência dos Ciclos de Integração, uma série de atividades realizadas para aproximar ensino, pesquisa, extensão e agricultores. Auro Otsubo fez um relato da região Centro-Oeste ao compartilhar um vídeo que mostra uma grande feira voltada à agricutura familiar, realizada em 2016, a  Feira de Tecnologias e Conhecimentos para a Agricultura Familiar (Tecnofam). Ana Cristina Garofolo relatou as várias experiências ocorridas na região Sudeste como as oficinas temáticas, cursos e caravanas agroecológicas, mas centrou-se na ação de formação continuada de extensionistas e agricultores (à distância e presencial). E pela Região Sul, Alberi Noronha falou sobre a formação da Articulação Regional de Educação, Desenvolvimento e Pesquisa (AREDE), que atua em sete núcleos do território gaúcho, envolvendo mais de 70 municípios, com o objetivo de alavanca rpolíticas públicas necessárias para uma matriz produtiva diferente nestas regiões.

Representação em gráfico
O Seminário contou com uma ferramenta inovadora, utilizada por empresas modernas para fazer seus planejamentos estratégicos: a Facilitação Gráfica ou Mind Map. A comunicadora Muriel Gonzales,  oriunda de um coletivo de São Paulo, usou ícones e palavras disponibilizadas em vários paineis para que os participantes visualizassem o conhecimento manifestado durante todo o encontro. "Estudos nos mostram que as pessoas guardam 30% a mais a informação por que estão visualizando, e estar disponível esse conhecimento vai gerando novas ideias", explicou Muriel.

A dinâmica é um jeito cativante de registrar os principais tópicos do que foi dito e vivido. Ela acontece em tempo real, passeia pela cabeça das pessoas e se transforma a cada momento. Usa de uma metodologia para deixar o conhecimento mais simples, agradável e fácil de ser entendido. "Nós coletamos os pensamentos, insights, palavras-chave, ideias centrais discutidas pelos participantes, e transformamos tudo isso em um painel gráfico, que representa a essência da conversa. São metáforas visuais para se criar um processo", destacou Muriel. Durante o evento a comunicadora elaborou sete mapas gráficos, como um exemplo, também de fazer Comunicação em novos formatos da Agricultura Familiar.

A transmissão em tempo real
Outra novidade no Seminário foi a sua transmissão, feita durante os três dias, em tempo real pelo Facebook. O coordenador do encontro, analista Daniel Aquini, disse que o evento foi considerado de caráter nacional, já que cerca de 40 mil internautas visualizaram o a página da Embrapa Clima Temperado durante este período. "O gratificante é que nesta primeira iniciativa tivemos esse retorno de que todas essas pessoas sabiam da realização deste Seminário, aqui em Pelotas, e tivemos ainda um alcance de sete mil pessoas que acompanharam a transmissão do Seminário, o que vem a valorizar e fortalecer ainda mais as articulações e ações da Agricultura Familiar em todo o território brasileiro",disse Daniel.

Unidades participantes
O evento alcançou também um caráter nacional pelo empenho da participação e presença de diversas unidades de pesquisa da Embrapa, que trouxeram a representatividade de suas regiões e uma amostragem do que tem sido feito pelo setor, inclusive, o planejamento de atividades das cinco regiões do país que contribuem com o Plano Nacional de Inovação e Sustentabilidade para Agricultura Familiar. As unidades participantes da Embrapa foram: Agrobiologia, Agropecuária Oeste, Agrosilvipastoril, Arroz e Feijão, Agroindústria Tropical, Amazonia Oriental, Caprinos, Cerrados, Cocais, Clima Temperado, Floresta, Milho e Sorgo, Meio Ambiente, Meio-Norte, Mandioca e Fruticultura, Rondônia, Roraima, Semiárido, Pesca e Aquicultura, Tabuleiros Costeiros, Sede (Departamento de Transferência de Tecnologias), Suínos e Aves. Estiveram presentes também representantes da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (Capa), Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag); Federação dos Trabalhadores  da Agricultura no Rio Grande do Sul (FETAG),  Emater/RS-Ascar, Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e das Universidades Federais de Pelotas e do Rio Grande do Sul e da Universidade Nacional de Brasília.

O evento foi uma promoção entre o Procisur, a Casa Civil da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (SEAD) e a Embrapa.  

 

Cristiane Betemps (MTb 7418/RS)
Embrapa Clima Temperado

Telefone: (053) 3275-8215

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/