Cerca de 120 técnicos de assistência e extensão rural (ATER) participaram do Dia de Campo “Novas cultivares de Brachiaria e Panicum para sistemas intensivos de produção de leite”, realizado na manhã do dia 30 de março no Campo experimental José Henrique Bruschi, da Embrapa Gado de leite. O evento apresentou as cultivares BRS Ipyporã (Brachiaria), BRS Zuri e BRS Quênia (Panicum), lançadas pela Embrapa Gado de Corte, com foco nas recomendações de uso para alimentação de rebanhos leiteiros. “A estratégia beneficia o produtor e permite aumentar a adoção de cada forrageira no território nacional. Da mesma forma, temos a intensão de lançar para técnicos e produtores de gado de corte as cultivares desenvolvidas aqui”, expõe o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Gado de Leite, William Bernardo. Além da equipe técnica das duas unidades da Embrapa, o evento foi acompanhado pelo gerente da Embrapa Produtos e Mercados e pelo comitê gestor da Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras (Unipasto), que reúne os produtores de sementes licenciados para comercializar as três cultivares. O evento teve como foco aprofundar o conhecimento de técnicos de ATER, envolvendo Emater-MG, Emater-Rio, Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Programa Balde Cheio, Pró-Leite (programa Municipal da Prefeitura de Juiz de Fora), além de estudantes da Universidade Federal de Viçosa, ligados ao Programa de Desenvolvimento da Pecuária de Leite (PDPL). O público recebeu amostras de sementes das cultivares e foi alertado pelo presidente da Unipasto, Pierre Patriat, quanto aos prejuízos causados pela pirataria, que tem 30% do mercado de sementes forrageiras tropicais, gerando perdas de produtividade e prejudicando o mercado. “Quando o associado da Unipasto perde a venda para um produtor clandestino, deixa de gerar recursos para a pesquisa, para o desenvolvimento de novas tecnologias e o campo é prejudicado”, explicou. As pesquisadoras Liana Jank e Denise Montagner, da Embrapa Gado de Corte, apresentaram as estações de campo em parceria com os pesquisadores Carlos Gomide e Mirton Morenz. Os dois últimos, juntamente com Domingos Paciullo e Francisco Lédo, foram responsáveis pelos experimentos que geraram as recomendações para bovinos leiteiros. Atento às informações, o coordenador do escritório de Viçosa da Emater-MG, Rogério Gomes, ficou satisfeito com a abordagem técnica e científica do dia de campo. Ele acredita que a aproximação com a Embrapa é essencial para obter respostas: “Trabalhamos com organismos vivos e a cada dia somos surpreendidos com uma demanda diferente. Precisamos buscar novas respostas o tempo todo. Sempre haverá algo para desenvolver”. Características das cultivares – A BRS Ipyporã é uma cultivar de porte baixo, prostrado com colmos delgados de bainhas muito pilosas e folhas pilosas em ambas as faces. Supre a demanda por uma cultivar de Brachiaria de boa produtividade e manejo relativamente fácil, com resistência à cigarrinha da cana e à cigarrinha da pastagem, bom valor nutritivo e excelente cobertura do solo. A BRS Zuri apresenta porte ereto e alto, com folhas escuras, longas, largas e arqueadas. Recomendado para pastejo rotacionado, é uma opção para diversificação de pastagens nos biomas Amazônia e Cerrado. Tem elevada produção, alto valor nutritivo, resistência às cigarrinha das pastagens e alto grau de resistência à mancha das folhas, causada pelo fungo Bipolaris maydis. A BRS Quênia supre a demanda por uma cultivar produtiva e de excelente qualidade, de porte intermediário, com folhas macias e colmos tenros, alto perfilhamento e de fácil manejo. Apresenta bom desempenho agronômico e produtividade. Reduz a demanda de abertura de novas áreas de pastagens e aumenta a rentabilidade por hectare.