Futuro da produção de carne e de leite será com pecuária integrada
Futuro da produção de carne e de leite será com pecuária integrada
Para conseguir atender a demanda mundial por alimentos de maneira sustentável, a pecuária brasileira terá de se adaptar. Esta conclusão é consenso entre os palestrantes do I Simpósio de Pecuária Integrada que foi realizado pela Embrapa e UFMT na última semana em Sinop (MT). Para os especialistas, uma das alternativas é a utilização de sistemas integrados e a adoção de novas tecnologias na atividade.
A qualidade das pastagens foi um dos principais pontos discutidos no evento. Os palestrantes alertaram para a necessidade da modificação do entendimento de que basta jogar a semente e esperar o capim crescer. Para eles é preciso tomar a planta forrageira como uma lavoura.
"Não há boa pecuária sem boa pastagem, pois o pecuarista deve ser antes de tudo um bom agricultor. Se fosse realizada a recuperação das pastagens com eficiência, a produção de carne e leite poderia dobrar", declara o pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental Moacyr Bernadino Dias Filho.
Questões como o manejo, escolha da planta forrageira, melhoramento genético, redução das emissões de gases de efeito estufa e a arborização de pastagens foram discutidas amplamente diante de uma plateia de cerca de 450 pessoas entre produtores, consultores técnicos e principalmente estudantes de diferentes regiões de Mato Grosso.
Para o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril e um dos organizadores do Simpósio, Bruno Pedreira, é preciso que a pecuária seja inserida em um sistema de produção e seja trabalhada de maneira estratégica.
"Vamos precisar olhar para o sistema não só com o olhar para o retorno financeiro imediato. Se não planejarmos e olharmos para o sistema a longo prazo, não teremos longevidade da produção", afirma Pedreira.
A utilização de sistemas integrados, seja ele agropastoril, silvipastoril ou mesmo agrossilvipastoril, foi abordada por muitos dos palestrantes não só como estratégia para recuperação de pastagens degradadas, mas também como forma de melhor conservação e aumento da matéria orgânica no solo, redução das emissões de gases de efeito estufa, melhoria do conforto térmico para os animais e aumento das fontes de renda para o pecuarista.
Os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF) também foram apontados como alternativas para problemas como a síndrome da morte da braquiária (Brachiaria brizantha cv. Marandu), uma vez que a diversidade de componentes pode contribuir para melhoria da permeabilidade dos solos.
"Acho que temos de trabalhar com sistemas integrados. A iLPF pode ser uma boa opção. Colocando-se árvores junto à pastagem, a profundidade das raízes pode facilitar a infiltração de água neste solo", sugere o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Celso Manzatto.
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Zoneamento da síndrome da morte da braquiária
O I Simpósio de Pecuária Integrada também marcou o lançamento do Zoneamento Edáfico de Risco da Síndrome da Morte da Braquiária. O trabalho aponta as regiões de Mato Grosso com maior chance de ocorrência do problema.
Para elaboração deste zoneamento foi feita uma interpretação de características de solos relacionadas à baixa permeabilidade e excesso de água, com base em mapas pedológicos da Amazônia Legal, o levantamento do uso de solo e da cobertura vegetal em Mato Grosso, o regime pluvial de cada região e ainda foram realizadas duas expedições a campo para identificar pontos de ocorrência de morte do capim Marandu.
Os dados do zoneamento mostram que 29,5% das áreas usadas em atividades agropecuárias em Mato Grosso têm risco forte ou muito forte de apresentarem a síndrome da morte da braquiária. Isto equivale a 26,5 milhões de hectares que estão em sua maioria situados na Amazônia mato-grossense.
Estas informações ajudam não só ao pecuarista, que terá de buscar outras opções de plantas forrageiras diferentes do braquiarão.
"O zoneamento mostra a urgência da necessidade de intervenção por parte dos pecuaristas em algumas áreas e orienta o desenvolvimento de políticas públicas, como as linhas de financiamento e ações como o Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono)", explica Celso Manzatto.
Gepi
A realização do I Simpósio de Pecuária Integrada também foi importante para consolidar o Grupo de Pesquisa em Pecuária Integrada (Gepi). O grupo é formado por cerca de 30 alunos de graduação e pós-graduação da UFMT e conta com a participação de professores e pesquisadores da Embrapa. Há seis meses realiza reuniões semanais.
"Este grupo nasceu de uma necessidade nossa de capacitar alunos em uma área tão importante como a pecuária integrada, tanto pecuária de corte, de leite e na agricultura e floresta. O evento serviu como o lançamento deste grupo.
Foram feitos vários contatos e a nossa tendência é fomentar ainda mais a existência e permanência deste grupo", afirma o professor Dalton Pereira.
O Gepi foi o responsável pela organização do evento e pode ser contatado pelo site www.pecuariaintegrada.com.br ou pelo www.facebook.com/gepisinop.
Gabriel Faria (mtb 15.624/MG JP)
Embrapa Agrossilvipastoril
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Fabiane Fenalti (Colaboradora)
Embrapa Agrossilvipastoril
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