Produtores iniciam plantio de mudas em projeto que prevê expansão da cultura do guaraná
Produtores iniciam plantio de mudas em projeto que prevê expansão da cultura do guaraná
Mais de seis mil mudas de guaraná foram plantadas por produtores rurais de comunidades de municípios da região metropolitana de Manaus. A iniciativa é uma ação do Projeto Expansão da Guaranaicultura – Criação do Corredor Metropolitano da Cultura do Guaraná, liderado pela Embrapa Amazônia Ocidental com apoio de diferentes instituições, além de patrocínio das empresas Brasil Kirin e Sabores Vegetais do Brasil, que utilizam o fruto do guaraná como matéria-prima. As mudas foram entregues entre os dias 23 de março e 07 de abril nos municípios de Manaus, Iranduba, Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva e Manacapuru.
Essas mudas, oriundas de cultivares de guaranazeiros do programa de melhoramento genético da Embrapa, estão sendo plantadas em 32 Unidades de Referência Tecnológicas (URTs) em 15 comunidades de produtores de base familiar. Para o plantio das mudas, técnicos da Embrapa estão fazendo acompanhamento e capacitando os produtores. Um dos objetivos do projeto é que as URTs sirvam de modelo para outros produtores, fortalecendo a atividade no Amazonas e aumentando a produção do fruto. No total, estão sendo implantados 20 hectares com a cultura, com o plantio de 400 mudas de guaranazeiros por hectare.
Segundo o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Amazônia Ocidental, Ricardo Lopes, a instituição está repassando para os produtores tecnologias já validadas e com potenciais produtivos e de mercado. “Outro aspecto importante do projeto é a capacitação dos produtores nas diferentes etapas da produção do guaraná, do plantio das mudas ao pós-colheita, e o acompanhamento técnico da Embrapa nas URTs”, disse Lopes. De acordo Lopes, a cultura do guaraná possui rentabilidade e os produtores podem obter sucesso se tiverem um manejo adequado. “A instalação dessas unidades pode demonstrar o potencial da atividade para os produtores e para a economia dos municípios envolvidos”.
Já a líder do projeto, a analista da Embrapa Amazônia Ocidental, Indramara Lôbo salientou a importância da participação no projeto de empresas que beneficiam o guaraná. Segundo ela, esse interesse demonstra o potencial comercial para os produtores que podem ter no setor industrial um aliado para a elevação da renda e melhoria da qualidade de vida de agricultores familiares no Amazonas. “Atualmente a produção de guaraná no estado é bem menor que a demanda da indústria de beneficiamento, o que representa uma oportunidade para os produtores da região”.
Nas comunidades abrangidas pelo projeto, a expectativa é que o guaraná possa representar uma nova alternativa econômica para as propriedades de base familiar. A produtora Rosana da Silva Rodrigues, da comunidade Viva Bem, localizada no Projeto de Assentamento Iporá, município de Rio Preto da Eva, espera que em um período de três a quatro anos as mudas plantadas agora já estejam produzindo e gerando renda. “Vamos trabalhar de forma coletiva em uma área de 1,5 ha e queremos que a unidade tenha sucesso, incentivando outros produtores de nossa comunidade”. Já Eliana Medeiro, presidente da Cooperativa Mista Agropecuária de Manacapuru (Coomapem), destacou a união de instituições para a iniciativa. “Com o apoio de diferentes instituições o projeto tem tudo para dar certo. O aporte técnico da Embrapa, da extensão rural, a participação das prefeituras e a parceria com empresas privadas representam uma perspectiva para os nossos cooperados e também para as outras comunidades envolvidas”, disse Eliana.
Presente na solenidade de plantio das mudas em Manacapuru, o diretor da Sabores Vegetais do Brasil, Paulo Baruffi, ressaltou que a empresa está patrocinando esse projeto piloto com o objetivo de expandir a cultura do guaraná na região metropolitana de Manaus e nas demais regiões do estado. “Essa fase inicial faz parte de um aprendizado. Mas o nosso objetivo é ajudar os produtores, contribuindo para que possam ampliar a cultura. Tenho certeza que as comunidades têm condições de plantar muito mais e produzir muito mais, principalmente com a tecnologia e apoio da Embrapa”. Baruffi afirmou ainda que há possibilidade da empresa contribuir financeiramente para a implantação de um viveiro no município de Manacapuru, proporcionando a produção de mudas que podem ser utilizadas pelos produtores de toda a região.
Melhoramento – Há cerca de quatro décadas a Embrapa Amazônia Ocidental vem desenvolvendo um trabalho de melhoramento do guaraná, o que resultou no lançamento de 18 cultivares ao longo desse período. Segundo o pesquisador Firmino José do Nascimento Filho, a demanda pelo melhoramento se deu pela baixa produtividade na década de 1970, principalmente em decorrência da antracnose, doença que atrofia galhos e impede a frutificação. “Diante disso, pesquisadores da Embrapa começaram a selecionar materiais que fossem resistentes à doença e que também tivessem bons índices de produtividade”.
Além disso, uma nova técnica de produção de mudas, não mais por sementes mas por propagação vegetativa, também proporcionou às cultivares resistência à antracnose. “No caso da cultivar BRS Maués, por exemplo, é possível obter produtividade acima de dois quilos por planta, o que representa uma renda satisfatória para o produtor”, disse Firmino. Nesse projeto, estão sendo distribuídas mudas de 11 cultivares de guaraná desenvolvidas pela Embrapa.
Parceria – A distribuição das mudas foi realizada pela Embrapa Amazônia Ocidental com o apoio de um arranjo institucional que envolve as prefeituras de Presidente Figueiredo, Iranduba, Rio Preto da Eva, Manacapuru e Manaus e Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), além do patrocínio das empresas Brasil Kirin e Sabores Vegetais. O projeto também conta com apoio da Cáritas Arquidiocesana de Manaus, Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Instituto Nacional de Educação Científica Agroecológica da Amazônia (Instituto Amaós), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (Ifam), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e Sistema OCB/Sescoop.
Fernando Goss (1065/SC)
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