19/04/17 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Delegação russa visita a Embrapa e apresenta proposta de cooperação científica

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Foto: Claudio Bezerra

Claudio Bezerra - Delegação russa visita o Prédio da Biotecnologia

Delegação russa visita o Prédio da Biotecnologia

Proposta de cooperação inclui intercâmbio de cientistas, controle biológico de pragas, diagnóstico de OGMs para doenças e seleção genética para gado leiteiro

Doze representantes do Ministério da Agricultura da Rússia, liderados pelo Vice-ministro da Agricultura, Sr. Evgueny Vassilevitch Gromyko, visitaram na manhã desta quarta-feira, 19 de abril, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. A comitiva foi recebida pelo Chefe-geral, José Manuel Cabral, que iniciou a visita falando sobre as pesquisas desenvolvidas pela Unidade.

O vice-ministro da Agricultura, Sr. Gromyko, agradeceu a recepção da Embrapa e afirmou que, neste momento, a agricultura da Rússia está focada no desenvolvimento de biotecnologia. “Nos últimos cinco anos reformamos a nossa área científica e há seis meses criamos um programa de desenvolvimento da agricultura para todos os setores e estabelecimentos envolvidos no assunto”, disse o vice-ministro.

Ele afirmou que toda a base científica do país está sediada em 54 universidades agrícolas, onde estudam 15 mil estudantes estrangeiros. Uma das propostas trazidas pela comitiva é iniciar as negociações para promover o intercâmbio entre cientistas brasileiros e russos. “Valorizamos muito a competência da Embrapa, que conseguiu sistematizar a agricultura brasileira e trabalhar com diversos níveis de produtores”, disse Gromyko.

O chefe-geral da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, José Cabral, complementou afirmando que o produtor rural brasileiro faz parte de um grupo complexo que abrange grandes, médios e pequenos agricultores (também chamados de agricultores familiares). “O governo brasileiro apoia esses produtores com financiamento, subsídios e assistência técnica”, disse.

Cabral enfatizou que a Embrapa faz pesquisas para todos os grupos, não trabalhando diretamente com a assistência técnica aos produtores, embora tenha programa para a transferência de tecnologias.

Ao comparar o clima dos dois países, o vice-ministro russo afirmou que, assim como o Brasil, a Rússia possui oito regiões que sofrem com a seca. “A seca de 2013 foi responsável por perdas de até 70% da safra em algumas regiões”, disse o vice-ministro. “Por esse motivo, é muito importante para nós a experiência da Embrapa e seus programas de pesquisa. Atualmente, mais de 60% dos nossos insumos agrícolas são processados em indústrias. Exportamos um total de 17 bilhões de dólares em produtos agrícolas e importamos mais de 25 bilhões de dólares. Hoje, o objetivo principal da Rússia é inverter essas posições e alcançar 100 bilhões de dólares em exportação”, afirmou Gromyko.

O vice-ministro informou ainda que milho e soja são as culturas mais estratégicas para a Rússia e que a posicionamento oficial do país é pela não utilização de organismos geneticamente modificados (OGMs). “Aceitamos OGMs no farelo de soja, para ser utilizado como ração, mas para produção em série não autorizamos”, afirmou.

Por fim, Gromyko afirmou que tem interesse em abrir uma representação da Embrapa na Rússia e que já está em negociação com o Ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e com o presidente da Embrapa, Maurício Lopes. “Estamos esperando o escritório da Embrapa no centro de Moscou. Vocês tem vários fãs na Rússia”, disse.

Delegação visitou os laboratórios de Engenharia genética aplicada à agricultura tropical e Reprodução animal

O pesquisador Francisco Aragão apresentou ao grupo as pesquisas desenvolvidas pelo Laboratório de Engenharia Genética Aplicada à Agricultura Tropical, cujo foco é a utilização de engenharia genética para o desenvolvimento de plantas resistentes à doenças, tolerantes a condições climáticas adversas e com alterações de características genéticas para melhorar a qualidade nutricional.

Como exemplo, Aragão citou o feijão resistente ao vírus do mosaico dourado, aprovado em 2011 pela Comissão Técnica de Biossegurança (CTNBio) e cujas sementes serão distribuídas para os produtores a partir do próximo ano. O pesquisador falou também sobre a alface com 15 vezes mais ácido fólico (também chamado de folato ou vitamina B9), uma vitamina essencial cuja ausência no organismo pode causar de problemas vasculares a má formação em bebês e com efeitos comprovados em casos de depressão.

O pesquisador falou ainda das pesquisas com o tomate resistente à mosca branca, um inseto que, segundo ele, está presente no mundo inteiro, nas regiões tropicais e também subtropicais. “O controle da mosca branca é muito difícil. No Brasil, há 10 anos existiam 15 inseticidas para mosca branca e hoje, graças à engenharia genética, não é mais necessário utilizar nenhum”, exemplificou.

A comitiva russa também foi recebida pelo pesquisador Maurício Machaim, do Laboratório de Reprodução Animal. O pesquisador explicou que o grupo de pesquisadores da Embrapa na área de reprodução animal é referência no Brasil e trabalha há quatro décadas no desenvolvimento de técnicas como a produção in vitro de embriões, a clonagem e transgenia animal e, mais recentemente, a técnica TIFOI (Transferência Intrafolicular de Ovócitos Imaturos), que dispensa o uso de laboratórios e hormônios.

Machaim lembrou que o Brasil é hoje o maior produtor de embriões bovinos in vitro do mundo, representando mais de 80% do mercado mundial e que a Embrapa teve um papel fundamental nessa conquista. O pesquisador falou ainda das técnicas mais simples e que já são de domínio público, como a sexagem de sêmen, que permite definir com 90% de precisão o sexo do animal antes da implantação do embrião no útero da vaca.

Em relação a este aspecto, a comitiva russa informou que tem amplo interesse em seleção genética de animais, especialmente para o gado leiteiro. Eles afirmaram que a Rússia possui um rebanho de 20 milhões de bovinos, mas precisaria aumentá-lo para 120 milhões, especialmente animais do sexo feminino.

Pesquisador russo apresentou método para a identificação de OGMs e fitopatógenos

O agrônomo Aleksander Golikov, pesquisador na área de análises bioquímicas do Centro Nacional de Avaliação da Qualidade de Culturas Agrícolas da Rússia, apresentou a técnica “Passo rápido para a detecção e identificação de múltiplos fitopatógenos e OGMs com a técnica PCR-Matrix em tempo real”.

O pesquisador explicou que desenvolveu um equipamento para a detecção de OGMs e doenças e que já foram realizados testes com batata, milho e soja e alcançados bons resultados.

 

Irene Santana (MTb 11.354/DF)
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia

Telefone: (61) 3448-4769

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Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

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