03/05/17 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Equipe analisa compostos antibacterianos de bactérias marinhas

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Foto: Thamires Martins

Thamires Martins - Bactérias marinhas

Bactérias marinhas

Bactérias marinhas podem produzir compostos capazes de substituir antibióticos existentes que, devido ao desenvolvimento da resistências nas bactérias, não são mais efetivos nos tratamentos terapêuticos. Essa é a conclusão de um estudo realizado pelos pesquisadores Claudia Schinke, Thamires Martins e Felix Reyes, da Universidade Estadual de Campinas; Sonia Queiroz e Itamar Melo, da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) e publicado em janeiro de 2017, no Journal of Natural Products.

Os cientistas revisaram pesquisas sobre compostos antibacterianos produzidos por bactérias de origem marinha, realizadas entre 2010 a 2015, e concluíram que elas têm habilidade de produzir metabólitos de estruturas químicas variadas com atividade antibacteriana.

Conforme Claudia Schinke, durante o período estudado, mais de 50 compostos ativos foram isolados, sendo cerca de 69% obtidos da classe de bactérias chamada Actinobacteria. Vários destes compostos já eram conhecidos, como etamicina e nosiheptida, porém novos experimentos mostraram que possuem atividades antibacterianas não detectadas anteriormente, explica a pesquisadora, destacando o fato de que compostos conhecidos são também uma importante fonte de antibacterianos.

Os compostos reportados no período pertencem a 28 classes químicas diferentes, das quais 10 representam novas classes de moléculas. Mais 30 desses novos compostos foram capazes de inibir uma variedade de linhagens de bactérias Gram-negativas e Gram-positivas. Algumas moléculas apresentaram atividades antibacterianas altamente seletivas contra bactérias Gram-positivas em modelos in vivo para septicemia, podendo se tornar um novo fármaco. Além disso, a eficácia destas moléculas mostrou ser comparável aos antibióticos de primeira linha.

Novos mecanismos de ação foram também detectados, embora não completamente elucidados. Anthracimycin, kocurin, gageotetrins A−C e gageomacrolactins 1−3 são exemplos de moléculas que apresentam propriedades promissoras.

Também foram relatadas moléculas pertencentes à nova classe de compostos antibacterianos - os bloqueadores de virulência, como piericidin A1 e seu derivado mer-A 2026B. Vários microrganismos produziram uma mistura de metabólitos que compartilham a mesma estrutura química básica, e relações estrutura-atividade são discutidas no texto do Journal of Natural Products.

Com o crescente desenvolvimento da ciência oceanográfica e das técnicas de varredura envolvendo metabolômica, levando à descoberta de novas espécies e perfis metabólicos, têm-se descoberto novas moléculas apresentando atividade inibitória potente contra os atuais patógenos multi-resistentes aos antibióticos. A pesquisadora ressalta que deve-se colocar esforços na contínua exploração do ambiente marinho à procura de novos compostos bioativos para o desenvolvimento de novas drogas.

Cristina Tordin (MTB 28499)
Embrapa Meio Ambiente

Telefone: 19 3311 2608

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

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