Durante a última semana, 14 técnicos, produtores e representantes da administração pública do Tocantins participaram, em Cruz das Almas (BA), de curso sobre cultivo e processamento de mandioca, em uma articulação da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA) com a Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas, TO) e a Secretaria da Agricultura e Pecuária do Tocantins. O objetivo do grupo era se capacitar para desenvolver no estado o projeto Reniva ("Rede de multiplicação e transferência de materiais propagativos de mandioca com qualidade genética e fitossanitária"), que lá será coordenado pelo pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Aristoteles Matos.

De acordo com o pesquisador Joselito Motta, um dos coordenadores do curso, o treinamento foi dirigido para o público tocantinense justamente porque a mandiocultura está crescendo naquele estado. "Eles estão carentes de informações para conduzir tecnicamente a cultura. Por isso, é importante que estejam devidamente aparelhados para a transferência das tecnologias geradas e difundidas aqui na Unidade."

A programação incluiu apresentações sobre aspectos gerais da cadeia produtiva da mandioca no país; manejo de plantas infestantes na cultura; manejo e principais práticas de cultivo; micropropagação e conservação in vitro de germoplasma; melhoramento genético da cultura; identificação e manejo de doenças; manejo integrado fitossanitário (pragas); sistemas de produção (Produção Integrada, plantio direto e sistemas industriais); uso da manipueira na alimentação animal; e multiplicação rápida de mandioca. A parte prática foi ministrada no Núcleo de Biotecnologia (NBio) e no Centro de Tecnologia em Mandioca (CTM).

O grupo também fez visitas técnicas ao mercado municipal de Cruz das Almas, a uma casa de farinha familiar na comunidade da Tapera, zona rural da cidade, e a unidade de produção de beijus, no distrito do Cadete. Conheceu também as experiências da Casa Familiar Rural de Presidente Tancredo Neves (CFR-PTN), da Cooperativa dos Produtores Rurais de Presidente Tancredo Neves (Coopatan) e da Cooperativa de Produtores de Amido de Mandioca do Estado da Bahia (Coopamido), em Laje — instituições parceiras da Embrapa Mandioca e Fruticultura em transferência de tecnologia.

Para Luiz Antônio, extensionista rural em Palmas, o saldo do curso foi positivo. "Conhecer a evolução de uma cultura que é tão tradicional como a mandioca e conversar com pesquisadores de alto nível foram importantes para levar ao nosso estado uma nova perspectiva, para que o produtor seja um produtor mesmo, e não só um plantador de mandioca", pontuou.

Segundo Bolivar Xerinte, representante da Associação Indígena Akwe, em Tocantínia, o curso atendeu às expectativas. "É uma pena que não dá para aprender tudo durante uma semana. Se fosse mais extenso, seria mais interessante ainda."