11/05/17 |   Agricultura familiar  Agroecologia e produção orgânica  Transferência de Tecnologia

Publicação auxilia na regularização de propriedades rurais em relação à proteção de nascentes e recomposição vegetal de áreas degradadas

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Foto: Ricardo Camargo

Ricardo Camargo - Área degradada recuperada com espécies florestais.

Área degradada recuperada com espécies florestais.

Pesquisadores de duas Unidades de Pesquisa da Embrapa – Meio Norte em Teresina, PI e Meio Ambiente em Jaguariúna, SP, Ricardo Costa Rodrigues de Camargo e João Carlos Canuto se uniram para escrever a publicação “Referências Técnicas e Econômicas para a Recomposição Vegetal em Atendimento à Legislação Ambiental em Franca, SP”.

A publicação derivou de um projeto de pesquisa “Geração, adaptação e transferência de tecnologias para o desenvolvimento sustentável da região de Franca” (Projeto Franca), conduzido pela equipe de Agroecologia da Embrapa Meio Ambiente desde 2010, o qual teve como objetivo desenvolver um conjunto de atividades de pesquisa, desenvolvimento e disseminação de tecnologias, e assim contribuir para a melhoria da sustentabilidade dos sistemas produtivos da região de Franca, especialmente aqueles relacionados aos agricultores familiares.

Como estratégia os pesquisadores estabeleceram uma Unidade de Referência (UR) em Franca, cuja proposta foi de implantar uma área com mudas de espécies arbóreas nativas, visando à exemplificação de um processo de recomposição de uma área degradada, nesse caso no entorno de uma nascente. Os pesquisadores enfatizam que esta Unidade de Referência não teve como objetivo recuperar toda a área de proteção circundante à nascente, mas exercitar e capacitar os agricultores quanto às práticas de implantação e de manejo, bem como fornecer dados de custos envolvidos no estabelecimento e manutenção do sistema.

Na publicação é caracterizada brevemente a Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas – Cocapec, como ator principal da experiência, por ter vindo desta cooperativa a demanda de informações técnicas e econômicas. De acordo com os autores, “o problema central do trabalho desta UR é criar referências técnicas e econômicas de um ‘modelo’ de base florestal para a proteção às nascentes em áreas de interesse ecológico, como as APPs (Áreas de Proteção Permanente)”. Eles enfatizam que “os resultados do projeto podem perfeitamente aplicar-se também à proteção de nascentes e ao reflorestamento em geral em áreas de Reserva Legal”.

Unidades de Referência

Segundo os pesquisadores, as Unidades de Referência têm como meta construir e socializar o conhecimento acumulado na experiência coletiva sobre determinado tema em uma parcela de produção e observação. A instalação da UR em questão teve como principal objetivo disponibilizar aos cooperados da Cocapec (e aos outros públicos do projeto, como os agricultores familiares e assentados da reforma agrária), informações práticas sobre as formas de recomposição de áreas degradadas, suas alternativas de manejo e condução e a determinação dos custos e espécies adaptadas à região. “Isto é especialmente importante, pois muitos dos agricultores têm necessidade de regularização de suas propriedades rurais em relação à recuperação de reservas legais e áreas de proteção ambiental – APPs”, salienta Canuto.

Os autores dizem que “foi possível, desse modo, a construção e consolidação de sistemas agrícolas mais integrados e sustentáveis para a redução da dependência econômica e a melhoria da qualidade de vida dos agricultores e consumidores da região”. Auxiliaram ainda na melhoria dos recursos naturais do território, além de potencializarem a responsabilidade socioambiental dos agricultores pela gestão agroambiental das propriedades rurais.

Dessa forma, os cooperados e demais categorias de agricultores tiveram a possibilidade de verificar, na prática, as formas de recuperação de áreas de interesse ecológico. “Uma das atividades principais foi identificar espécies adequadas à consecução desse objetivo e dar a conhecer as técnicas de implantação e manejo do sistema”, informa Camargo. Assim, tornou-se possível uma posterior reaplicação dos princípios gerais utilizados, com suas devidas adaptações locais, em outras propriedades rurais.

A UR em Franca

A Unidade de Referência em questão foi instalada no campo experimental da Cocapec, localizado na sede da Fundação do Café Alta Mogiana no município de Franca, SP, com área total de 19,5 hectares. Nessa área está instalado um viveiro de mudas de eucalipto e de árvores nativas, que são cedidas aos cooperados para recomposição florestal, assim como para empresas, clubes e outras entidades. Como as mudas disponíveis na Cocapec eram de pequeno porte e acondicionadas em tubetes, foram utilizadas mudas com maior desenvolvimento acondicionadas em sacos plásticos oriundas de outros viveiros da região.

Os autores enfatizam que a Cocapec trouxe para si a responsabilidade de respaldar a implementação da parcela, dispondo dos meios que o projeto não contempla, como a contratação de mão de obra e serviços de mecanização. A Cooperativa foi criada a partir de esforços de alguns membros da Fundação do Café da Alta Mogiana, que após trabalharem com a Cocap (Cooperativa Central Agropecuária do Paraná) decidiram formar, em 1985, uma cooperativa regional, na cidade de Franca (Cocapec, 2012). Atualmente a Cocapec conta com cerca de 1.900 associados, com quatro núcleos/filiais e abrange mais de 25 municípios em uma área de atuação de 450 mil hectares, sendo 50 mil destinados ao cultivo do café.

A publicação (Documentos 109) pode ser baixada gratuitamente aqui.

 

Eliana Lima (MTb 22.047/SP)
Embrapa Meio Ambiente

Telefone: (19) 3311.2748

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/