A Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), no ano que comemora seu 35º aniversário, sediou a 2a. edição do Fórum Brasileiro de Avaliação do Ciclo de Vida (BRACV) nos dias 9, 10 e 11 de maio de 2017. A realização do evento foi resultado da parceria entre o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), Fundação Espaço ECO® (FEE®) e a Embrapa. Composto por grupos de discussão, workshops e palestras, serviu para nivelar os avanços verificados desde a primeira edição do evento, ocorrido em 2015. Na mesa de abertura, o chefe geral da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Morandi, acompanhado da gerente de socioeficiência da FEE, Juliana Andrade, do coordenador do projeto de Avaliação do Ciclo de Vida do IBICT, Tiago Braga, e da vice-prefeita de Jaguariúna, Rita de Cássia Bergamasco, destacou a prolífica parceria entre as entidades organizadoras, destacando que parte da missão da Embrapa é justamente a prospecção de ferramentas e métricas que conduzam à sustentabilidade. “As parcerias serão o diferencial daqui em diante, para superar os desafios que os municípios e o país vêm enfrentando. Para Jaguariúna é uma honra receber um evento que discute a questão ambiental.” Vice-Prefeita de Jaguariúna - Rita de Cássia Siste Bergamasco Os mais de 130 participantes debateram os desafios e as oportunidades da ACV, divididos em grupos temáticos, combinados às Comissões Técnicas do Programa Brasileiro de Avaliação do Ciclo de Vida - PBACV. Atores provenientes do meio acadêmico, empresarial e governamental, envolvidos na temática, criaram um espaço de proposições para a elaboração de estratégias que servirão de base para fomentar o progresso da ACV no País. Além disso, buscou-se equacionar a estruturação simultânea dos conhecimentos disponíveis acerca da metodologia. Conforme explicou a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente Marília Folegatti Matsuura, que coordena a Comissão Técnica de Inventários do PBACV, o foco do evento foi tratar as questões de cunho técnico-científico para o desenvolvimento metodológico da ACV, visando a sua melhor adequação para uso no Brasil. Ainda segundo ela, também foram tratadas questões relacionadas ao ambiente empresarial, ou seja, à aplicação da ACV na gestão ambiental e na comunicação ambiental de empresas, bem como aquelas relacionadas às políticas públicas. “Nesse sentido, os três setores da sociedade mais envolvidos na metodologia de ACV - academia, empresas privadas e governo, estiveram muito bem representados no evento,” destacou ela. Para o coordenador de Tecnologias Aplicadas a Novos Produtos do IBICT Tiago Braga, a realização do Fórum possibilitou que as questões estratégicas fossem partilhadas com os agentes que estão aplicando a ACV na ponta e, por sua vez, trouxe a experiência desses profissionais que lidam com a temática diariamente para as discussões políticas. “Este evento centrou o foco na troca de informações e experiências entre os participantes e está alinhado ao Programa Brasileiro de ACV, que é o local onde as políticas públicas relacionadas ao tema são discutidas em âmbito estratégico,” afirmou Tiago. O Fórum considerou a estrutura organizacional do PBACV, dividindo-se em cinco grupos de trabalho, correspondentes às Comissões Técnicas (CT) deste Programa, quais sejam:, Banco de Dados, Inventários, Avaliação de Impactos, Comunicação e Rotulagem, e Capacitação. Durante o Fórum foram construídas agendas de trabalho, que constituem o braço operacional do Programa Brasileiro de Avaliação do Ciclo de Vida - PBACV e que irão nortear as ações de ACV nos próximos 2 anos. O momento da ACV no Brasil A ACV é uma metodologia que permite a comparação de produtos, do ponto de vista de seus diversos impactos ambientais, e auxilia na tomada de decisão rumo à sustentabilidade. No Brasil há vários ambientes que se propõem a discutir sua aplicação, as barreiras e os incentivos para uma adoção mais generalizada pela sociedade como um todo. Para a secretária executiva da Rede Empresarial Brasileira de Avaliação de Ciclo de Vida - ACV - REBACV, Sonia Chapman, o Fórum se constituiu em um importante ambiente de combinação de distintos atores, necessários para a promoção deste conceito em situações estratégicas e cotidianas. Para Sonia,“o debate formal, o diálogo objetivo e a definição de metas concretas no tempo, contribuirão para o avanço da adoção deste conceito.” Contudo, ela lembra que há desafios que passam pela necessidade de uma constante capacitação no pensamento de Ciclo de Vida, na simplificação da comunicação dos resultados de uma análise e na construção de um banco de dados que reflita a diversidade de segmentos relevantes no Brasil. “Essas ações serão a base para a melhoria contínua no país, na promoção de uma real competitividade de nossos produtos no âmbito do comércio internacional”, disse. Ela ainda lembrou a recente publicação da Norma Internacional ISO 20400, que recomenda ações em Compras Sustentáveis. O pensamento e a Avaliação do Ciclo de Vida são citados como importantes norteadores na tomada de decisão por parte de gestores e compradores, estejam eles em empresas ou nos governos, à frente das licitações. Nesse sentido, ela ressaltou que a Rede Empresarial Brasileira de Avaliação de Ciclo de Vida almeja facilitar a adoção destas recomendações e espera dos atores, que estiveram engajados no Fórum ACV, um esforço conjunto e contínuo na promoção da iniciativa. Eventos paralelos Os últimos dias de evento foram dedicados à realização de workshops e cursos de capacitação para os participantes, atividades complementares para o fortalecimento das ações e dos profissionais envolvidos com a temática. No dia 10 de maio foi realizado o Seminário Rotulagem Ambiental: projeto piloto para carne de frango, promovido pelo Inmetro, Embrapa, IBICT, FEE, Fundação Getúlio Vargas - FGV e EnCiclo, com a participação de especialistas em ACV e representantes do setor produtivo, como ABPA e JBS. O objetivo foi apresentar a Portaria 100/2016 do Inmetro sobre Rotulagem Ambiental e discutir a elaboração de Regras de Categoria de Produto e Declaração Ambiental de Produto para a carne de frango. Já o dia 11 de maio, foi reservado à realização de quatro minicursos. O curso GaBi, SimaPro e o OpenLCA, visaram capacitar os participantes no uso de softwares de apoio à ACV, enquanto o curso de Desenvolvimento de Fatores de Caracterização para Avaliação de Impacto do Ciclo de Vida (AICV) buscou capacitar em AICV, visando compreender a modelagem dos fatores de caracterização e sua adequação para o contexto brasileiro. Os resultados apurados, bem como as contribuições de planejamento e metas formalizadas durante o II Fórum Brasileiro de Avaliação do Ciclo de Vida serão compilados para a confecção de um relatório geral, a ser disponibilizado pelo IBICT em breve.