Cultivar da Embrapa aumenta rentabilidade da cultura do feijão
25/11/14
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Produção vegetal
Cultivar da Embrapa aumenta rentabilidade da cultura do feijão
O feijão BRS Estilo, da Embrapa, apresentou rendimento de 560 quilos a mais por hectare em comparação a outras cultivares. Os dados são de um estudo conduzido durante a safra de inverno, de abril a junho, nos estados para os quais a cultivar é recomendada: Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins. O acréscimo por hectare equivale a R$1.654,87, em valores do produto de 2013.
Cultivar desenvolvida pela Embrapa em parceria com outras instituições de pesquisa, a BRS Estilo foi também alvo de estudos agroeconômicos mais amplos. Um deles avaliou o desempenho da cultura nas cinco regiões brasileiras durante safras das águas e da seca.
Quando a cultivar foi avaliada em Rondônia, Pernambuco, São Paulo e Minas Gerais e nas regiões Centro-Oeste e Sul, o rendimento da variedade foi entre 22% e 28% superior comparando-a a outras disponíveis no mercado. Nesse trabalho, a BRS Estilo alcançou rendimentos médios de 1.993 quilos por hectare, o que representa 393 quilos a mais do produto por hectare em relação às cultivares atualmente utilizadas. Esse incremento médio significa um lucro para o agricultor de R$ 1.245,54 por hectare, considerando-se a remuneração paga pelo produto em 2013. A pesquisa analisou o período das safras das águas, referente ao plantio de agosto a dezembro, e da seca, que engloba o plantio de dezembro a março em três anos sucessivos: 2011, 2012 e 2013.
O levantamento, realizado por pesquisadores da área de Socioeconomia da Embrapa, levou em conta a comparação entre a diferença em produtividade entre cultivares de feijão carioca, o preço pago pelo produto e o custo de produção das lavouras, com a correção de valores feita pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Um dos coordenadores do trabalho, a analista Osmira Fátima da Silva destaca que, na avaliação econômica, a BRS Estilo permitiu aos produtores de feijão um ganho financeiro superior, especialmente, pelo incremento de produtividade e maior racionalização dos fatores de produção, implicando redução de custos para o cultivo na safra das águas, da seca e de inverno. "Isso foi válido para todos os anos desse trabalho, com exceção de 2013, quando houve um aumento geral dos custos de produção isso, porém, foi acompanhado pela valorização do feijão, o que conferiu ganho líquido ao agricultor", afirmou Osmira.
Sustentabilidade e resistência a doenças
Ainda de acordo com a analista, foi realizada a avaliação do impacto ambiental da BRS Estilo. Ela informa que, pelo fato de a cultivar apresentar maior nível de resistência às principais doenças do feijoeiro, a necessidade de utilização de defensivos na lavoura diminuiu, reduzindo, por consequência, os potenciais riscos de contaminação de recursos hídricos e do solo, bem como a exposição dos trabalhadores a agentes químicos como fator de insalubridade.
Outra vantagem importante é o fato de a BRS Estilo suportar melhor o ataque de algumas doenças do que outras cultivares atualmente no mercado. Conforme o coordenador do Programa de Melhoramento de Feijão Comum da Embrapa, Leonardo Melo, esse atributo foi constatado em testes realizados em condições controladas e de campo.
"A cultivar BRS Estilo, sob inoculação artificial, em ambiente controlado, é resistente ao vírus do mosaico comum e a alguns patótipos de Colletotrichum lindemuthianum, agente causal da antracnose. Nos ensaios de campo, mostrou-se suscetível à mancha-angular, ao mosaico dourado e à murcha de fusarium. Já para a ferrugem e para o crestamento bacteriano comum é moderadamente suscetível e, para antracnose, apresentou moderada resistência", disse Leonardo.
O melhor convívio com as doenças de feijão é diagnosticado também por instituições parceiras que trabalham com a BRS Estilo, como é o caso da Empresa Mato-Grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer-MT). O pesquisador da instituição, Valter Martins de Almeida, que assiste a pequenos produtores de feijão no Estado, aponta uma característica para as condições ambientais e de cultivo evidenciadas no Mato Grosso. "A BRS Estilo tem certa tolerância a nossa principal doença que é o crestamento bacteriano comum. Essa característica ajuda bem, pois não há muito a prática de controle via bactericida na lavoura", afirmou Valter.
A despeito dos benefícios, a cultivar não é recomendada para áreas com histórico de murcha de fusarium, um fungo de solo que se encontra disseminado em áreas de cultivo de feijão sob irrigação, via pivô, no Planalto Central.
Características agronômicas
A cultivar BRS Estilo apresenta arquitetura de planta ereta, com resistência ao acamamento, sendo, portanto, adaptada à colheita mecânica direta. Ela possui ciclo normal (85 a 95 dias) da emergência à maturação fisiológica. É recomendada, na safra das águas e da seca, para as regiões Centro-Oeste e Sul e os estados de Minas Gerais, São Paulo, Tocantins, Rondônia, Sergipe e Pernambuco. Na safra de inverno, é indicada para os estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins, São Paulo e Minas Gerais, além do Distrito Federal.
Uma característica atrativa na BRS Estilo, que compõe também um diferencial valorizado pelo mercado de feijão carioca, é a qualidade do grão, que possui listras bege claras, de fundo branco, e com grande uniformidade no formato e tamanho dos grãos. Esse último atributo é uma vantagem, pois o rendimento de peneira ou de beneficiamento é alto, fator muito valorizado pelo produtor e pela indústria. Isso faz com que se descartem menos grãos no processo de empacotamento.
"É a melhor cultivar em qualidade de grãos carioca que a Embrapa tem atualmente, o que gera um adicional no valor pago pelas indústrias em relação à média do mercado", reforçou o pesquisador Leonardo Melo. O consultor técnico Taurino Loyola, que assiste a mais de uma dezena de municípios no Paraná também elogia a cultivar. "A BRS Estilo está bem difundida e é bastante plantada, apresenta excelente qualidade de grão exigido pelo mercado e pelos consumidores", afirmou Taurino.
Rodrigo Peixoto (1.077 MTb/GO)
Embrapa Arroz e Feijão
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