Agricultores e Instituições buscam alternativas para agricultura familiar no AM
Agricultores e Instituições buscam alternativas para agricultura familiar no AM
Foto: Siglia Souza
Na abertura do seminário, chefe da Embrapa Amazônia Ocidental,Luiz Marcelo Rossi, destacou integração entre instituições
Mais de 200 pessoas entre agricultores, técnicos e gestores de instituições com atuação na agricultura familiar participaram dos debates do primeiro dia (25/11) do Seminário "Agricultura familiar no Amazonas: desafios para a inovação e sustentabilidade". O evento acontece no auditório Samaúma, da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em Manaus –AM, e prossegue até o dia 27 de novembro, com uma Oficina de trabalho para definir a agenda de prioridades e estratégias para a ação integrada entre as Instituições de ensino, pesquisa, assistência técnica e extensão rural, em parceria com as organizações dos agricultores, visando fortalecer a Agricultura Familiar no Amazonas.
No primeiro dia, instituições como Embrapa Amazônia Ocidental, Secretaria de Produção Rural(Sepror), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (Faea), Organização das Cooperativas do Brasil (OCB-AM), Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apresentaram inciativas desenvolvidas e suas estratégias de atuação para o fortalecimento da agricultura no Estado. O chefe-geral da Embrapa Amazônia Ocidental, Luiz Marcelo Brum Rossi, ressaltou a importância de juntar os esforços das instituições para superar os desafios e trabalhar com a diversidade da agricultura familiar no Amazonas.
Agricultores de municípios como Autazes, Itacoatiara, Presidente Figueiredo, Iranduba, Manacapuru,Urucará,Rio Preto da Eva, entre outros, participam do evento. Trinta dirigentes de cooperativas agrícolas e agroextrativistas estão presentes no seminário.
Para o agricultor João Batista de Oliveira, membro da Associação Comunitária Boa Esperança que agrega 600 familias da área rural do município de Presidente Figueiredo, este seminário tem uma grande importância por reunir no mesmo local os representantes das principais instituições que atuam com agricultura familiar. "É muito importante essa integração entre as instituições para alinhavar as coisas e otimizar as ações para encurtar caminho para as soluções chegarem até nós", disse o agricultor. João destaca que as soluções precisam ser discutidas com os agricultores e "essa é uma oportunidade ímpar". Junto com outros agricultores de sua comunidade, ele relacionou algumas ações que podem amenizar as dificuldades da agricultura familiar. "Precisamos de assistência técnica local que valorize o nosso saber, precisamos de apoio com mecanização mínima para reduzir nosso esforço porque os agricultores que estão no campo estão envelhecendo, e precisamos fortalecer a união com as instituições de pesquisa e capacitação para trazer a tecnologia para dentro da comunidade", afirmou.
O pouco acesso dos agricultores às informações sobre politicas públicas e ao conhecimento gerado pelas instituições de pesquisa e universidades foi um dos problemas destacados por diversos participantes do evento. Um exemplo disso são os instrumentos de apoio para a comercialização de produção da agricultura familiar, como programas de Aquisição de Alimentos, de Merenda Escolar, de Compras Institucionais, e Política de Garantia de Preço Mínimo para Produtos da Sociobiodiversidade. "Esses são instrumentos para gerar renda e segurança alimentar e já existem desde 2003, mas são pouco conhecidos e apenas 10% dos agricultores do Amazonas conseguem acessar essas políticas públicas", informou o assessor da superintendência da Conab, Thomas Silva, que apresentou informações sobre esses programas.
No painel sobre "Desafios e Horizontes para o Fortalecimento da Agricultura Familiar" foram apontadas várias dificuldades enfrentadas pelos agricultores em relação ao acesso a tecnologias, regularização fundiária, infraestrutura de serviços públicos nas comunidades rurais, assim como foram discutidas diversas potencialidades e sugestões para enfrentar os problemas. No segundo dia, 26, discute-se, pela manhã, as "Políticas de Desenvolvimento, Sustentabilidade Territorial e Agricultura Familiar no Amazonas", e à tarde "Tecnologias, Inovações e Estratégias de Articulação para o Desenvolvimento Agrícola". A síntese dessas discussões vai subsidiar a Oficina de Concertação que será realizada no terceiro dia do evento, quinta-feira, 27. Nessa Oficina, representantes dos agricultores e das instituições vão definir as prioridades das demandas a serem contempladas em uma agenda integrada. O sociólogo da Embrapa Amazônia Ocidental, Lindomar Silva, ressalta que será criado um arranjo institucional que permita ampliar as ações das instituições no interior, nas microrregiões do Amazonas, para dar encaminhamento às prioridades definidas e juntar as forças para efetivar as propostas, por meio de projetos articulados entre as diversas instituições assim como propostas para chamadas públicas para financiamentos de ações pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
O assessor da diretoria da Embrapa, Eliseu Alves, pesquisador e um dos fundadores da Embrapa na década de 70, apresentou, no evento, um panorama das tendências do rural brasileiro, na ultima década. Com base em dados do censo agropecuário, mostrou aspectos como o esvaziamento do campo com a mobilidade rural, a concentração de maior volume de produção e da renda em poucas propriedades. Um aspecto destacado por Eliseu, é a influência da adoção de tecnologia como fundamental no crescimento da agricultura nas últimas décadas. Esse fator - tecnologia como fonte de crescimento- representava um coeficiente de 0,42%, em 1996, e avançou para 68,1% em 2006. Eliseu abordou exemplos bem sucedidos da agricultura familiar no Semi-árido e na região Sul brasileira, destacando como fatores de sucesso a organização, o empoderamento e a participação dos agricultores para mudarem as situações desfavoráveis de seu contexto e mostrou exemplos de como a pequena propriedade familiar, com adoção de tecnologias, se destaca na produção de alimentos e geração de renda.
Para o presidente da OCB-AM, Petrúcio Magalhães Júnior, a agricultura familiar precisa estar conectada com a inovação para ser competitiva e capaz de garantir segurança alimentar com qualidade. "Para nós não há contradição entre produzir e preservar", disse o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (Faea), Muni Lourenço. "Queremos juntos provar que o Amazonas é capaz de desenvolver o setor primário sem um modelo predatório e conciliar sustentabilidade ambiental social e econômica e pra isso precisamos do conhecimento, ciência e tecnologia",disse.
O foco da inovação, segundo destacou o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Amazônia Ocidental, pesquisador Ricardo Lopes, é aumentar a renda e melhorar a condição de vida dos agricultores familiares, com sistemas sustentáveis de produção. Diversas tecnologias geradas pela Embrapa e já disponíveis foram apresentadas pelo chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Celso Azevedo, e incluem desde sistemas de manejo, cultivares mais produtivas e resistentes a doenças, e sistemas de produção adequados às condições do Amazonas.
O secretário de produção do Estado, Valdenor Cardoso, ressalta que "não é simples gerar tecnologia, não é simples levar essas tecnologias para o produtor; se fizermos de forma isolada é mais difícil ainda e estamos buscando atuar deforma compartilhada para tornar a ação de todos mais eficaz".
O professor da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas, Henrique Pereira, destacou que nesse esforço conjunto entre as instituições deve se buscar soluções que contemplem a diversidade da agricultura familiar na Amazônia, que se caracteriza por público diversificado em seus modos de vida, práticas culturais e pela pluriatividade com manejo simultâneo de múltiplos ambientes e de diversos recursos dos ecossistemas, assim como formas de produção e modos de vida baseados em propriedades coletivas, como as florestas e águas de uso coletivo. "É necessário que os agricultores participem da formulação das agendas de pesquisa e eles também sejam produtores de conhecimento para inspirar soluções tecnológicas mais adaptadas", ponderou.
Na área externa ao seminário, uma pequena exposição faz divulgação de serviços e tecnologias das instituições, assim como estandes fazem exposição de venda de produtos da agricultura familiar.
O Seminário "Agricultura familiar no Amazonas: desafios para a inovação e sustentabilidade" é uma realização da Embrapa Amazônia Ocidental e Ministério do Desenvolvimento Agrário, com apoio da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Secretaria de Produção Rural do Amazonas (Sepror), Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (Faea), Organização das Cooperativas do Brasil (OCB-AM).
Síglia Souza (Mtb 066/AM)
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