27/11/14 |   Gestão ambiental e territorial

TerraClass aponta regeneração de áreas desflorestadas

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Entre 2008 e 2012, as áreas inalteradas de vegetação secundária da Amazônia, portanto em regeneração, que perfazem 113 mil Km2 , foram 2,5 vezes maiores do que o total desmatado no mesmo período - 44 mil km2. Os dados são resultantes do terceiro relatório do TerraClass, projeto executado por meio de parceria entre a Embrapa e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que visa mapear o uso das áreas desflorestadas da região. A agricultura ocupou apenas 2% dos desflorestamentos recentes na região, uma vez que a atividade está avançando, prioritariamente, sobre áreas de pastagens.

Esses resultados foram apresentados na quarta-feira, 26 de novembro, pelo presidente da Embrapa, Maurício Lopes, durante entrevista coletiva conduzida pela ministra Izabella Teixeira, do Meio Ambiente (MMA), e pelo ministro Clelio Campolina Diniz, da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O TerraClass é uma iniciativa interministerial que envolve também o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, representado, na coletiva, por Erikson Chandoha, Diretor do Departamento de Cooperativismo e Associativismo. O projeto é coordenado pelo MMA e tem o apoio financeiro do Banco Mundial.

A área mapeada em 2012, que resulta nesse terceiro relatório, é 43,5 mil km2 maior à que deu origem ao relatório de 2008, o primeiro produzido pelo TerraClass.

Perspectiva
"Costumamos olhar a ocupação de áreas na Amazônia sob a perspectiva do desmatamento. Mas os dados mostram a possibilidade de outro olhar: o da recuperação de floresta, em especial nas áreas de pastagens". Sobre a pequena parcela de responsabilidade da agricultura, Lopes ressaltou que o esforço de integrar lavoura-pecuária e de expandir a agricultura em áreas de pastagens e, prioritariamente, nas de pastagens degradadas, está "surtindo efeito". Os dados indicam que 15% de pastagens de 2010 tornaram-se lavouras em 2012, reduzindo a pressão da agricultura sobre novas áreas e diminuindo seu impacto sobre o desflorestamento.

Adriano Venturieri, pesquisador e chefe da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA), e Alexandre Coutinho, pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP), que estão à frente do projeto pela Embrapa, reforçam a observação de Maurício Lopes sobre a questão da perspectiva. "A ideia geral é que tudo que foi desflorestado está sendo utilizado de alguma forma. Mas o que se observa é que parte das áreas que um dia foram desflorestadas encontram-se em processo de regeneração. E ninguém falava sobre essa regeneração mostrada pelo TerraClass. Isso é importante na perspectiva de sequestro de carbono, das questões relacionadas a clima e para quem planeja políticas agrícolas para a região", diz Venturieri 

Coutinho ressalta que o terceiro relatório confirma tendências já mostradas na segunda versão: o crescimento da agricultura anual intensiva sobre as áreas de pastagens, num processo de recuperação via intensificação de uso e integração lavoura-pecuária, e a manutenção da taxa de crescimento da classe vegetação secundária. "Vinte e dois por cento do total de áreas detectadas como desflorestadas encontram- se, atualmente, em regeneração e aparecem na classe vegetação secundária", conclui o pesquisador.

Histórico
O TerraClass qualifica as áreas mapeadas pelo Programa de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes), sistema do INPE que contabiliza anualmente o desmate por corte raso na Amazônia Legal com base em imagens de satélites. O Prodes foi criado em 1988 em atendimento a demandas do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério da Ciência e Tecnologia.

Em 2008, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento na época, Reinhold Stephanes, reuniu pesquisadores e técnicos da Embrapa e do Inpe  e solicitou a qualificação das informações relacionadas às taxas de desflorestamentos observadas na região da Amazônia Legal, calculadas pelo Prodes.  Inpe e Embrapa, então, reuniram esforços para formulação e execução de um projeto que permitisse apresentar, de forma numérica e espacialmente explícita, a qualificação das áreas desflorestadas da Amazônia. O projeto, o TerraClass, recebeu, em 2010, o apoio do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG-7) também coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente.

O TerraClass considera, na descrição do uso e da cobertura da terra, as classes temáticas Agricultura Anual, Pasto Limpo, Pasto Sujo, Pasto com Solo Exposto, Regeneração com Pasto, Vegetação Secundária, Mosaico de Ocupações, Mineração, Área Urbana e Reflorestamento.

Mais dados divulgados pelo Inpe e Embrapa:

  • Dos desflorestamentos ocorridos de 2008 até 2012, 63% tornaram-se pastagem (17.515 km2), 19% vegetação secundária (5.424 km2) e 2% agricultura (513 km2).
  • O percentual de área ocupada pelas classes de pastagem apresentou uma pequena redução, mantendo-se nos três anos mapeados (2008, 2010 e 2012) próximo de 60%.
  • A área ocupada desta classe em 2008 era de 447 mil km2, tornando-se 443 mil km2 em 2012.
  • Os estados do Acre, Rondônia e Tocantins são os que, percentualmente, mais destinam as áreas desflorestadas para pastagem, com mais de 70% convertido para este tipo de uso.
  • A classe de pastagem é a que mais cede área para agricultura ou para vegetação secundária.
  • Também ocorreu um aumento da área de agricultura anual, passando de 35 mil km2 em 2008 para 42 mil km2 em 2012, representando uma taxa média de crescimento da ordem de 4%.
  • Cerca de 70% das áreas agora mapeadas como agricultura já apresentavam este uso em 2008 - 12 mil km2 foram convertidos para agricultura entre 2008 e 2012. Destes, a expansão agrícola ocorreu quase que exclusivamente sobre áreas de pastagem (80%) e de vegetação secundária (9%).
  • As atividades que mais aumentaram a pressão entre 2008 e 2012, apesar da sua participação pequena na área total, são mineração e área urbana – foram observados, nesses casos, crescimentos de 7,5% ao ano e 6,9% ao ano, respectivamente.

Veja também:

Marita Cardillo (com informações técnicas do Inpe e da Embrapa)
Secretaria de Comunicação da Embrapa

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

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