Especialistas discutem uso e conservação de água no Cerrado
Especialistas discutem uso e conservação de água no Cerrado
Pesquisadores da Embrapa Cerrados participaram do Fórum das Águas do Cerrado: Uso e Conservação de Água para Agropecuária, realizado em 18 de maio, durante programação da Agrobrasília, encerrada no dia 20 de maio no Parque Tecnológico Ivaldo Cenci, localizado no PAD-DF.
O evento foi realizado pela Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF), com apoio da Associação dos Irrigantes do Estado de Goiás (Irrigo), Associação Brasileira de Produtores de Grãos (Abrasgrãos) e Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
O primeiro painel Regime hídrico e escassez de águas: como continuar produtivo? contou com palestra do pesquisador da Embrapa Cerrados Jorge Werneck Lima, intitulada Regime hídrico e climatologia da região dos Cerrados: qual cenário a agropecuária vai enfrentar nos próximos anos?
Lima apresentou um panorama do uso da terra no Brasil, em que 28% do território são usados para agricultura, 8% para lavouras e 20% são pastagens. A irrigação no país vem crescendo de forma acentuada. Estima-se que 10% da área de lavoura plantada sejam irrigadas. O Distrito Federal acompanha esse crescimento. No período de 2002 a 2013, a área irrigada por pivô-central cresceu 5,2% ao ano no Cerrado e 5,8% ao ano no Distrito Federal.
Ao falar sobre os recursos hídricos no Cerrado, o pesquisador enfatizou a contribuição hídrica desta região para as grandes bacias hidrográficas brasileiras. Das 12 grandes bacias hidrográficas, oito recebem águas vindas do Cerrado. O Pantanal, por exemplo, é totalmente dependente das águas do Cerrado. A dependência também é grande na capacidade de geração de energia: 50% das hidrelétricas dependem das águas deste bioma.
Em virtude dessa dependência, os reservatórios que recebem águas do Cerrado são bons indicadores da situação hídrica da região. O reservatório de Sobradinho (BA), um dos maiores do mundo, encheu apenas 35% de sua capacidade em 2016. O mesmo índice apresentou o reservatório da hidrelétrica de Serra da Mesa (GO). “Esses números demonstram a criticidade de algumas regiões do Cerrado em termos hidrológicos, como também é o caso do Distrito Federal”, afirmou Jorge Werneck.
Bacia experimental – parte dos estudos do pesquisador da Embrapa Cerrados é desenvolvida na bacia experimental do Alto Rio Jardim, que faz parte da bacia hidrográfica do Rio Preto. Com dados obtidos em 60 poços, quatro estações de monitoramento da chuva e três da vazão, é avaliado o comportamento hidrológico da bacia e as relações entre o regime de chuvas, a variação de nível do lençol freático e a vazão dos rios.
Os resultados de quase 15 anos de pesquisa apontaram que modificações no regime de chuvas pode gerar grandes impactos nas vazões, mesmo quando o total anual é similar à média. “O problema é de má distribuição de chuvas e sua forma. Esse chove e para faz com que a água não infiltre suficientemente no solo e não abasteça o lençol freático, o que provoca diminuição da vazão dos rios”, explicou Lima.
A vazão mínima no Alto Rio Jardim diminuiu de 700 L/s (Litros por Segundos), em 2005-2006, para 150 L/s no período de 2015-2016. A variação do nível do lençol freático também tem sido grande. De 2004 até 2017, o nível do lençol freático caiu, em média, cerca de 4,0 metros.
A situação dos recursos hídricos no DF também foi apresentada na 10ª Reunião Extraordinária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Preto, realizada na quarta-feira (17), no estande da Adasa – Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal. No mesmo local, no sábado (20), o pesquisador Jorge Werneck falou sobre o 8º Fòrum Mundial da Água.
Eficiência no uso da água – o segundo painel do Fórum das Águas do Cerrado foi sobre A importância de um manejo correto para o melhor aproveitamento dos recursos hídricos na Agricultura. O pesquisador da Embrapa Cerrados Omar Rocha falou sobre a otimização dos recursos hídricos na agricultura irrigada.
O pesquisador defendeu o uso de práticas conservacionistas que favorecem a infiltração de água no solo. “A irrigação não substitui chuva. Por isso é preciso usar os conhecimentos sobre conservação do solo e fazer um manejo da irrigação. Tão importante quanto irrigar é saber o momento de deixar de irrigar”, afirmou.
Rocha explicou que estabelecer intervalos de irrigação é essencial para o processo de secamento do solo. É necessário que o solo fique seco para que ocorra absorção de nutrientes pelas raízes das culturas. Ele citou alguns resultados obtidos na experiência com cafezal manejado com braquiária nas entrelinhas.
Liliane Castelões (16.613 MTb/RJ)
Embrapa Cerrados
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