Governo e entidades discutem perspectivas da soja em Sergipe
Governo e entidades discutem perspectivas da soja em Sergipe
O governador Jackson Barreto recebeu na tarde desta quarta-feira (7) no Palácio de Despachos, uma equipe de técnicos da Embrapa e representantes dos agricultores e pequenos produtores rurais sergipanos, para debater sobre as possibilidades de produção de soja em Sergipe.
A apresentação foi feita pelo pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), Sérgio Procópio, acompanhado pelo chefe-geral da Unidade, Manoel Moacir Macedo. Ele destacou a boa qualidade do solo e clima na região do Agreste Sergipano para o cultivo da soja. Na visão do pesquisador, a monocultura empobrece o solo, e a produção de soja em alternância com outras culturas como o milho pode diversificar a agricultura e garantir a qualidade do solo.
Jackson Barreto afirmou que o Estado está aberto para colaborar com os agricultores que desejarem investir na produção de soja, e ressaltou a importância da diversificação das culturas, a exemplo do que está ocorrendo em Alagoas, para a manutenção da qualidade do solo e o desenvolvimento no campo.
“Esta é uma discussão oportuna e importante para ampliarmos o leque de culturas agrícolas em nosso Estado. Sergipe é o segundo maior produtor de milho do Nordeste e, a partir desse debate, poderemos iniciar a produção de soja em nosso solo em consórcio com o próprio milho”, ressaltou Jackson Barreto.
Sérgio Procópio informou que a Embrapa tem quatro anos de pesquisas em áreas de experimento de cultivo de soja em Sergipe na região do Agreste, e os resultados são altamente produtivos. Ele disse que o grão sergipano apresenta um tamanho e um potencial proteico maior que em outras regiões do Centro-Sul do país.
"Em outros estados se colhe em média cerca de 50 sacas por hectare. Em Sergipe, tivemos ensaios com até 80 sacas por hectare”, destacou. Segundo ele, 100 grãos de soja pesam cerca de 15 gramas. A mesma quantidade com o grão sergipano pode ter peso de até é de 22 gramas.
Vantagens
Procópio destacou as vantagens para incluir a soja em áreas agrícolas sergipanas: diversificação agrícola com sustentabilidade; cultura que remunera bem o agricultor ao longo dos anos; fácil comercialização; desenvolvimento regional com criação de emprego e renda e aumento da arrecadação; e menor custo de produção com economia de sementes e fertilizantes.
Conforme o pesquisador, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região Centro-Sul do país aumentou depois que a soja foi inserida na produção agrícola, uma vez que toda uma cadeia produtiva é estimulada, refletindo na qualidade de vida da população e no fomento da economia.
Procópio deu o exemplo do próprio milho, quando foi inserido na região do Agreste sergipano, colocando o estado como o segundo maior produtor do Nordeste e com a produtividade entre as mais altas do país. Ele disse que municípios como Carira, Frei Paulo e Simão Dias alavancaram a economia e o desenvolvimento.
Entre as vantagens apresentadas por ele, estão a de que a soja, por fixar nitrogênio no solo com a ajuda de bactérias, não exige adubo nitrogenado, ureia e sulfato de amônia, ficando 50% mais barata que a semente de milho; a adaptação regional; produção em época diferenciada da região Centro-Sul; redução de custo de aquisição de ração para os produtores de leite e aves do estado – por conta dos fretes bem mais baratos; e zoneamento de risco climático com financiamento e seguro safra.
Dificuldades
Entre as dificuldades para a entrada a soja no estado, apontadas por Sérgio Procópio, estão a falta de tradição no cultivo; assistência técnica não capacitada; armazenamento e secagem dos grãos deficitários; ausência de cooperativas que atuem na área de grãos; resistência dos revendedores agrícolas regionais em trabalhar com soja.
Repercussão
O superintendente da Federação da Agricultura de Sergipe, Dênio Augusto Leite, considerou de “fundamental importância” a iniciativa do governador Jackson Barreto em provocar o debate sobre o cultivo de soja no estado. “É uma alternativa para fugir da monocultura. A soja pode vir somar. É uma cultura temporária, o que é vantagem e pode fazer a rotação com as demais culturas, a exemplo da cana-de-açúcar, que vem apresentando defasagem na produtividade, bem como a citricultura. Tem vantagens, benefícios e rentabilidade. É multiplicar”, acentuou.
A representante do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Gislene Reis, considerou positiva a iniciativa do governador de convidar os movimentos sociais para o debate sobre a cultura da soja em Sergipe. Segundo ela, o pequeno agricultor tem uma realidade diferente dos grandes agricultores e a soja no país é cultivada pelas agroindústrias. “Se tiver assistência técnica e financiamento, achamos que é possível a produção. A soja não é um vilão. Ela só não é tratada como soberania alimentar. Defendemos a agroecologia e o que vier para diversificar a cultura e garantir uma alimentação saudável nós apoiamos”, concluiu.
Presenças
Participaram da reunião os secretários de Estado da Agricultura, Esmeraldo Leal, e da Comunicação, José Sales Neto; o presidente da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), Jefferson Feitosa; representantes do MST e da Federação dos Trabalhadores Rurais de Sergipe (Fetase); o presidente da Federação da Agricultura de Sergipe, Ivan Sobral; e os assessores do Governo José Oliveira Júnior, Ricardo Lacerda e Luiz Eduardo Costa.
Texto adaptado da Agência Sergipe de Notícias - ASN
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