Dia de Campo sobre alimentos orgânicos no Rio de Janeiro atrai grande público
Dia de Campo sobre alimentos orgânicos no Rio de Janeiro atrai grande público
Cerca de oitenta produtores rurais compareceram à Fazendinha Agroecológica Km 47 em Seropédica (RJ) no dia 1º de junho para o Dia de Campo sobre Boas Práticas em Colheita e Pós-Colheita de Alimentos Orgânicos, promovido pela Embrapa Agroindústria de Alimentos e Agrobiologia, Pesagro, UFRRJ, CTUR-UFRRJ e ABIO. O evento integra-se à programação da Semana do Alimento Orgânico 2017, atendendo às principais demandas identificadas pelos pesquisadores da Embrapa e parceiros na cadeia de produção orgânica no Estado do Rio de Janeiro.
Nos últimos meses, a equipe técnica da Embrapa realizou visitas técnicas a campo e grupos focais com agricultores orgânicos, visitou plantas agroindustriais e circuitos de comercialização de alimentos orgânicos, a fim de levantar os principais gargalos e fatores na área de colheita, pós-colheita e processamento. Essa pesquisa prospectiva permitiu sistematizar e aprofundar o conhecimento de demandas dos agricultores orgânicos e confirmou o que outros levantamentos de informações apontavam, culminando com a proposta de realização desse evento. “Esse Dia de Campo teve o objetivo de atender a necessidades reais dos agricultores orgânicos no Estado do Rio de Janeiro, quais sejam apresentar, intercambiar e discutir soluções técnicas, organizacionais e de logística com as redes de produtores orgânicos de modo a aprimorar e/ou reorganizar as etapas do processo produtivo e de comercialização, de modo a preservar a qualidade e a segurança desses alimentos. Já há demanda para uma próxima edição no segundo semestre desse ano, já que as vagas para esse evento se esgotaram rapidamente”, diz Mauro Pinto, pesquisador da área de transferência de tecnologia da Embrapa Agroindústria de Alimentos”, afirma Mauro Pinto, pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos. Para ele, também é importante atenção ao esforço laboral dos agricultores tendo em vista a limitada disponibilidade de mão-de-obra e a qualidade ergonômica no ambiente de trabalho. Esses temas devidamente sistematizados devem pautar políticas públicas de fomento que supram as demandas desse perfil de agricultores”, completa.
A Embrapa, em conjunto com parceiros, vem estabelecendo um diálogo próximo também com a Superintendência Federal de Agricultura (SFA-RJ) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Rio de Janeiro, que apoia a iniciativa. “É preciso ampliar a discussão sobre produção orgânica e agroecológica. A legislação da área é ainda muito nova, há muito ainda a avançar. Iniciativas como essa devem ser estimuladas e ampliadas”, afirma Celso Merola, Chefe de Divisão de Política, Produção e Desenvolvimento Agropecuário da SFA-RJ.
O Dia de Campo
Na primeira estação do Dia de Campo sobre Boas Práticas em Colheita e Pós-Colheita de Alimentos Orgânicos,, o pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Marcos Fonseca, ressaltou aos presentes que 10% das perdas de alimentos ocorrem durante a colheita. Ele repassou orientações técnicas sobre os aspectos fisiológicos de hortaliças e os cuidados necessários na colheita, transporte e manipulação dos alimentos, desde o campo. “Aqui apresentamos os principais conceitos para garantia da qualidade e redução de perdas dos alimentos durante a colheita, mas a ideia é que sejam adaptados às condições climáticas, geográficas e estruturais de suas propriedades”, disse o pesquisador.
Os processos de seleção, classificação e embalagem, inclusive as biodegradáveis, para garantia de qualidade de produtos orgânicos foram apresentados na estação seguinte pelo pesquisador da área de pós-colheita da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Antonio Gomes. Também foram destacados aspectos ligados à disposição dos alimentos nas barracas nas feiras de alimentos orgânicos. “Pude perceber o quanto é importante a seleção dos alimentos, por cor e tamanho, para apresentação nas barracas de feira para atrair o consumidor e garantir maior lucratividade. Sempre descartávamos o alimento menor ou mais feio, mas percebi que posso oferecê-lo por um preço mais baixo. Há cliente para tudo”, relatou Daniel Custódio agricultor do município de Pinheiral, no sul fluminense. As boas práticas de manuseio durante o transporte e nos pontos de venda também foram destacadas pelo analista da área de transferência de tecnologia da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Roberto Machado. “É preciso estar atento também às condições do veículo de transporte dos alimentos, às embalagens adotadas e à higiene do manipulador dos alimentos nas feiras de alimentos orgânicos e outros locais de comercialização”, ressaltou.
As feiras do Circuito Carioca de Feiras Orgânicas, que ocorrem em mais de 20 pontos da cidade do Rio de Janeiro, vem promovendo uma aproximação do produtor rural com o consumidor dentro do conceito “farm-to-table” (da fazenda à mesa). Essa cadeia curta de comercialização, permite ao consumidor urbano um conhecimento maior sobre a origem e a qualidade do produto, além de possibilitar redução do custo final. “Atualmente, os principais mercados para os alimentos orgânicos produzidos por pequenos produtores aqui no Rio de Janeiro ainda são as feiras orgânicas, as cestas de alimentos e as políticas públicas como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que atende os municípios do Estado”, conta Lúcia Helena Almeida, mestre em agricultura orgânica e colaboradora do grupo de pesquisa em agricultura orgânica da Fazenda Agroecológica Km 47. Sem dúvida, há um grande potencial para expansão dessa cadeia produtiva, já que somente a cidade do Rio de Janeiro representa o segundo maior mercado consumidor do país.
Por fim, na última estação, foi demonstrado as possibilidades de diversificação de oferta e agregação de valor a alimentos para comercialização nas feiras. Os participantes puderam conhecer algumas técnicas de processamento de alimentos, como secagem, desidratação osmótica e aproveitamento de matérias-primas orgânicas para produção de bolos, geleias e conservas. “O excedente de produção pode gerar produtos de alto valor agregado. Aqui apresentamos algumas ideias para aumentar a renda dos produtores rurais”, disse a pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Virgínia da Matta. O equipamento de desidratação de frutas, hortaliças e temperos demonstrado pela pesquisadora Regina Nogueira atraiu grande atenção do público, e gerou solicitação à equipe da Embrapa para otimização do processo em três propriedades. Também foram demandadas capacitações mais aprofundadas sobre colheita e pós-colheita.
Uma roda de conversa realizou o fechamento da atividade no período da tarde. Todos tiveram oportunidade de esclarecer suas dúvidas, expor seus pontos de vista e realizar uma avaliação do evento. “Foi bom para a gente refletir sobre o nosso dia a dia, e perceber o que podemos fazer para melhorar a qualidade dos nossos produtos”, afirmou João Tomaz Nascimento, presidente da Associação de Produtores Orgânicos de Areal do Estado do Rio de Janeiro. A estrutura e a forma de organização do evento também foram bem avaliados. “Gostei da metodologia adotada, da divisão de temas das estações, do tempo otimizado. O grupo foi bem aberto e participativo. Conseguimos tirar as nossas dúvidas com um corpo técnico altamente capacitado”, afirmou a produtora rural de Seropédica (RJ), Edilene Santos Portilho.
Devido à grande procura, uma nova edição do evento já está prevista para o segundo semestre desse ano, entre os meses de agosto e setembro.
Aline Bastos (MTb 31.779/RJ)
Embrapa Agroindústria de Alimentos
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